10 fevereiro 2010

GILBERTO CARVALHO FALA DO PT, DO LULA EM ENTREVISTA PARA O GLOBO

SÃO PAULO - Considerado a voz mais frequente do presidente Lula no PT, Gilberto Carvalho, chefe de Gabinete da Presidência, fez nesta terça-feira uma avaliação dos 30 anos do partido, e disse ao GLOBO que a maior perda do PT no período foi ter "adquirido o vício da corrupção". Como ganho principal, ele citou o fato de o partido ter conseguido transformar agricultores e operários em atores políticos. Carvalho disse ainda que a vaga de candidato da base ao governo de São Paulo continua reservada para o deputado Ciro Gomes (PSB).
O Globo
Quais foram as principais perdas e os ganhos nestes 30 anos do PT?
GILBERTO CARVALHO: O ganho: o PT é um dos principais responsáveis pelo fato de que milhares de brasileiros se tornaram sujeitos políticos. Não é pouco, nestes anos, o PT ter colocado agricultores, operários, nos legislativos e até na Presidência. E trouxe uma nova cultura política, com a distribuição de renda e o resgate da dignidade de milhares de brasileiros.
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O PT nasceu questionando as instituições tradicionais, mas foi adquirindo vícios. Até o vício da corrupção, que infelizmente entrou em nosso partido
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.E a grande perda?
CARVALHO: O PT nasceu questionando as instituições tradicionais, mas foi adquirindo vícios. Até o vício da corrupção, que infelizmente entrou em nosso partido. Então, de certa forma, houve um assemelhamento, neste sentido, com os outros partidos.

Como o PT deve trabalhar com o lulismo?
CARVALHO: Não há uma real separação entre lulismo e petismo. O Lula se confunde com o PT. Não vai haver um PT sem Lula. Então, são fenômenos que se construíram dialeticamente, numa síntese progressiva. Agora, nas eleições, teremos um teste com Dilma. Agora mesmo o presidente disse: "Dilma, sua eleição será a realização final do meu governo". Claro que não teremos o carisma e a habilidade de negociação do Lula, que foi forjado na negociação.
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O Lula se confunde com o PT. Não vai haver um PT sem Lula
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.Carisma e lulismo...
CARVALHO: Não é o carisma do Lula que atrai os mais pobres. É o saco de cimento a mais para colocar na laje. É o filho que vai poder ir para a faculdade. E o PT foi o motor disso.

E com relação aos planos do presidente para o deputado Ciro Gomes (PSB) e a disputa em São Paulo, como está a situação?
CARVALHO: Nós seguimos serenamente na perspectiva de reforçar a aliança mantida com o PSB desde 1989. Há a possibilidade ainda, e vamos insistir, até quando acharmos que vale a pena com Ciro, para que seja o candidato em São Paulo. Por isso, não respondemos às provocações. Gostamos dele ao ponto de aceitá-lo como é, com falas às vezes exageradas. Sabemos que ele é assim, e tentamos manter uma postura zen. A vaga de São Paulo continua reservada ao Ciro. Se não, Mercadante (senador Aloizio Mercadante) é uma possibilidade, assim como Fernando Haddad (ministro da Educação).