Oito meses depois de apontar José Serra como o grande favorito para a eleição de 2010, em entrevista exclusiva ao Balaio (29 de abril de 2009), Carlos Augusto Montenegro, o presidente do Ibope, não mudou de opinião, mesmo depois da divulgação das últimas pesquisas do Vox Populi e do Sensus, que apontaram um empate técnico com forte crescimento de Dilma Roussef, mas já admite: “Se Dilma ganhar, eu não me surpreenderia”.
Numa conversa por telefone na tarde desta quarta-feira, Montenegro me disse o Ibope só irá a campo no começo de março para fazer uma nova pesquisa presidencial encomendada pela CNI (Confederação Nacional das Indústrias).
“Por enquanto, continuo achando tudo igual, mas vi algumas coisas esquisitas nestas pesquisas. Por exemplo? Quando o Ciro não aparece na lista como candidato, quase todos os votos dele vão para o Serra. É complicado entender isso”.
Nas novas previsões de Montenegro, Dilma pode chegar logo aos 30%. Na entrevista anterior, ele afirmara que a transferência de votos do presidente Lula para sua candidata chegaria a um patamar de 15%. “A partir daí, será difícil conquistar cada ponto a mais”.
Agora, se Dilma chegar aos 30%, o presidente do Ibope acredita que 28% seriam de Lula e só 2% dela. “O PT não ganha”, continua afirmando Montenegro, para quem a eleição pode ser decidida pelo PSDB já no primeiro turno, se Ciro não for candidato, “seja o candidato o Serra ou o Aécio”.
Para ele, o quadro só ficará mais definido depois da Copa do Mundo, quando a população passa a se interessar pela campanha política e as propostas dos candidatos. “Agora, as pesquisas servem apenas como cacife no jogo de formação das alianças eleitorais”.
Nesta fase pós-Copa e com a campanha na TV, ele entende que se fará a comparação entre currículos dos candidatos e experiências administrativas anteriores, embora o PT já tenha deixado claro que o que pretende fazer é uma comparação entre os governos FHC e Lula.
“Se este for o caminho escolhido pela candidata do governo, a oposição também poderá perguntar se os eleitores querem mais quatro anos de PT no governo”, argumenta Montenegro.
“Lula entrou com o PT no governo em 2003, mas o PT saiu em 2005, com o mensalão. Ali quebrou o cristal petista. Os militantes não sentem o mesmo orgulho de empunhar a bandeira vermelha. O PT não é mais o mesmo de quando Lula foi eleito. Prova disso é que só tem candidatos viáveis a governador em 4 dos 27 estados. Das suas antigas lideranças, José Dirceu está cassado, e Genoino, Palocci e Gushiken sumiram de cena”.
O presidente do Ibope lembra que esta será a primeira eleição sem Lula na urna eletrônica desde a redemocratização do país. “Independentemente do resultado, ele passará para a história como o maior presidente que o Brasil já teve, junto com Getúlio e Juscelino, um líder mundial. Mas, agora, ele não está mais em jogo”. Já no final da nossa conversa, Montenegro admitiu que, se houver segundo turno, “vai ser pau a pau, uma disputa muito radicalizada e polarizada. Se a Dilma ganhar, eu não me supreenderia”.
Ricardo Kotscho
http://colunistas.ig.com.br/ricardokotscho/
Numa conversa por telefone na tarde desta quarta-feira, Montenegro me disse o Ibope só irá a campo no começo de março para fazer uma nova pesquisa presidencial encomendada pela CNI (Confederação Nacional das Indústrias).
“Por enquanto, continuo achando tudo igual, mas vi algumas coisas esquisitas nestas pesquisas. Por exemplo? Quando o Ciro não aparece na lista como candidato, quase todos os votos dele vão para o Serra. É complicado entender isso”.
Nas novas previsões de Montenegro, Dilma pode chegar logo aos 30%. Na entrevista anterior, ele afirmara que a transferência de votos do presidente Lula para sua candidata chegaria a um patamar de 15%. “A partir daí, será difícil conquistar cada ponto a mais”.
Agora, se Dilma chegar aos 30%, o presidente do Ibope acredita que 28% seriam de Lula e só 2% dela. “O PT não ganha”, continua afirmando Montenegro, para quem a eleição pode ser decidida pelo PSDB já no primeiro turno, se Ciro não for candidato, “seja o candidato o Serra ou o Aécio”.
Para ele, o quadro só ficará mais definido depois da Copa do Mundo, quando a população passa a se interessar pela campanha política e as propostas dos candidatos. “Agora, as pesquisas servem apenas como cacife no jogo de formação das alianças eleitorais”.
Nesta fase pós-Copa e com a campanha na TV, ele entende que se fará a comparação entre currículos dos candidatos e experiências administrativas anteriores, embora o PT já tenha deixado claro que o que pretende fazer é uma comparação entre os governos FHC e Lula.
“Se este for o caminho escolhido pela candidata do governo, a oposição também poderá perguntar se os eleitores querem mais quatro anos de PT no governo”, argumenta Montenegro.
“Lula entrou com o PT no governo em 2003, mas o PT saiu em 2005, com o mensalão. Ali quebrou o cristal petista. Os militantes não sentem o mesmo orgulho de empunhar a bandeira vermelha. O PT não é mais o mesmo de quando Lula foi eleito. Prova disso é que só tem candidatos viáveis a governador em 4 dos 27 estados. Das suas antigas lideranças, José Dirceu está cassado, e Genoino, Palocci e Gushiken sumiram de cena”.
O presidente do Ibope lembra que esta será a primeira eleição sem Lula na urna eletrônica desde a redemocratização do país. “Independentemente do resultado, ele passará para a história como o maior presidente que o Brasil já teve, junto com Getúlio e Juscelino, um líder mundial. Mas, agora, ele não está mais em jogo”. Já no final da nossa conversa, Montenegro admitiu que, se houver segundo turno, “vai ser pau a pau, uma disputa muito radicalizada e polarizada. Se a Dilma ganhar, eu não me supreenderia”.
Ricardo Kotscho
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