18 janeiro 2010

Os tucanos e o futuro da economia


Plano de uma nota só

Por José Dirceu

Advogado; ex-ministro da Casa Civil

A bem-sucedida política econômica realizada pelo governo Lula ao longo dos últimos sete anos deixou os tucanos em situação incômoda quando o assunto é economia e o horizonte é de eleições.
Críticos das medidas adotadas por Lula, PT e partidos aliados, os tucanos estão às voltas com um problema de fundo: se apresentarem à sociedade um plano com as mesmas bases do governo Lula, como justificar uma mudança no comando do país? A outra face do dilema é também desconfortável: como defender um programa diferente se a atual condução da economia vem levando o Brasil a colher significativos resultados, com perspectivas de crescimento constante e sustentável de 5% a partir de 2010 e geração de 2 milhões de empregos?
Primeiro Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB, depois Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central no governo FHC, quebraram o silêncio e lançaram as raízes do que quer o PSDB a partir de 2011: um plano econômico de uma nota só.
O que propuseram é composto por duas palavras: cortar gastos. Ou seja, as vítimas do que querem os tucanos serão a reestruturação do funcionalismo e os programas sociais. O que propõem é corte de gastos sociais, investimentos públicos, redução de impostos para ricos e arrocho salarial para trabalhadores e aposentados.
"Pai" do câmbio fixo criado para reeleger FHC, Franco é responsável também pelo aumento da carga tributária em 7% do PIB e pela política de juros reais de 27,5%, que levou à criação da atual dívida interna nos patamares que temos atualmente. Ambas políticas da gestão FHC, que tinha José Serra como ministro do Planejamento.
Para Franco, não há muito a ser feito no câmbio, apenas aumentar a competitividade das empresas. Mas, como o Brasil já viu, Franco e os tucanos não entendem muito de câmbio, nem de crescimento econômico com distribuição de renda.
Pois o governo Lula acha que há soluções para a questão cambial: fazer o PIB crescer para reduzir a relação dívida interna/PIB e a carga tributária. Com a previsão de crescimento de 5% em 2010, o Brasil estará preparado para cortar juros (hoje de 4,5% reais); manter a inflação na meta; tributar, direcionar e controlar a entrada de capitais; e evitar a apreciação cambial. Em paralelo, como já está sendo feito, impulsionar ainda mais a política industrial e de inovação.
Se as dúvidas quanto à melhor condução da economia persistirem, basta comparar o que fizeram PT e PSDB para tirarem o Brasil das crises. Com FHC e os tucanos, houve recessão, desemprego, inflação, dívida externa e pedidos de socorro ao FMI.
No governo Lula, a mais grave crise mundial desde 1929 foi enfrentada com corte de impostos para setores importantes da economia, aumento do crédito, corte de juros e estímulos ao consumo. É por isso que conseguimos crescer em um ano de grave crise internacional e gerar 1 milhão de empregos. E é por isso que vamos crescer 5% e criar 2 milhões de empregos por ano de 2010 em diante.