Após denúncia, Câmara do DF adia eleição de presidenteCAROL PIRES - Agencia EstadoBRASÍLIA - O presidente interino da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Cabo Patrício (PT), remarcou a eleição do novo presidente da Casa para terça-feira, dia 2 de fevereiro. A sessão plenária agendada para realizar a eleição já estava em curso, nesta tarde, quando Patrício anunciou o adiamento.Pouco antes de informar a nova data, o deputado leu, em plenário, a notícia publicada no "Blog do Noblat", hospedado no site do jornal "O Globo", de que os deputados distritais pedem R$ 4 milhões ao governador José Roberto Arruda para votar contra os pedidos de impeachment dele. Segundo Patrício, não pode haver nova eleição enquanto a Casa estiver sob suspeição."O que corre no meio político de Brasília e que jamais será confirmado oficialmente: o esquema disposto a bancar a manutenção no cargo do governador José Roberto Arruda oferece R$ 4 milhões a cada deputado distrital que vote contra o impeachment dele. Deputados tentados pela oferta exigem o pagamento em dinheiro vivo. E aí mora o principal problema: como entregar várias vezes R$ 4 milhões em espécie? De resto, os envolvidos no esquema do mensalão do DEM se sentem vigiados pela Polícia Federal - e por toda sorte de bisbilhoteiros", diz a nota publicada por Ricardo Noblat, por volta das 21h de ontem, no blog dele.Os deputados petistas avaliam que a nota é "muito grave" e "denigre" ainda mais a imagem da Casa. Dez dos 24 deputados distritais, além de dois suplentes fora do exercício, são acusados, em inquérito da Operação Caixa de Pandora, de serem beneficiários do suposto esquema de arrecadação de propina, do qual Arruda seria chefe.O deputado Chico Leite (PT) sugeriu que, diante da notícia, a eleição do novo presidente da Câmara legislativa, marcada para hoje, deveria ser adiada. "É gravíssima a denúncia, Ela coloca em xeque essa própria eleição. Dados como esses denigrem ainda mais a imagem desta casa legislativa. A direção desta casa precisa tomar providências", disse o deputado, que recebeu o apoio de Paulo Tadeu (PT), e da líder Érika Kokay (PT).O deputado Geraldo Naves, do DEM, criticou o fato de Patrício ter lido a notícia em plenário e sugeriu que Cabo Patrício estava agindo em favor do jornalista Ricardo Noblat, de quem seria amigo. "Encaro a leitura desta nota como uma provocação. Sabemos que o senhor é amigo do Ricardo Noblat, frequenta a casa de Ricardo Noblat", disse. "Nós não fomos convocados para isto, para ser lida notícia de blog", continuou o deputado, que também é jornalista e ganhou fama na cidade quando apresentava o programa policial "Barra Pesada".A base aliada está reunida esta tarde, no cafezinho localizado atrás do plenário, discutindo os últimos acontecimentos. Os deputados governistas tinham fechado acordo para eleger, hoje, Wilson Lima (PR) o novo presidente da Casa.