População enfrenta PM em ato contra cheias
Moradores da Cidade Dutra, na zona sul, fizeram 2 protestos depois que suas casas foram invadidas por dejetos e esgoto
Manifestantes atiram pedras em policiais, que respondem com balas de borracha e gás lacrimogêneo; depois, ateiam fogo em ônibus
MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Com as casas invadidas por dejetos e esgoto após uma chuva, moradores fizeram dois protestos em menos de 24 horas zona sul de São Paulo. Houve confronto com a polícia.
A primeira ação começou por volta das 20h40 de anteontem, em área próxima à avenida Senador Teotônio Vilela (Cidade Dutra). Os cerca de 300 manifestantes, moradores da comunidade Dezenove, atiravam pedras e gritavam. A Polícia Militar respondeu com balas de borracha e gás lacrimogêneo. O protesto acabou na manhã de ontem, segundo a polícia.
Ontem à tarde, moradores roubaram e atearam fogo em um ônibus na rua Dona Belmira Marin, que ficou interditada nos dois sentidos. A área fica no Grajaú, na mesma região.
Foi a chuva no final da tarde de anteontem que levou o esgoto às casas de 500 moradores da comunidade Dezenove. A água, imunda, chegou a três metros. O alagamento foi o terceiro do ano na mesma região.
Segundo a prefeitura, boa parte da comunidade foi construída irregularmente sobre o córrego Rio Bonito, o que fez a vazão cair e o sobrecarregou com esgoto e lixo.
Os próprios moradores admitem o problema. Funcionário de limpeza da prefeitura, Manoel Francisco de Souza Lopes, 31, mostrou à reportagem as tubulações repletas de lixo; apenas um terço do espaço estava livre para a água passar.
Em razão do problema, Lucimeire Ferreira Luz, 31, e seu filho Udeglan, 12, planejavam passar a noite passada na parte de cima do beliche da casa onde moram. Foi o único local que se manteve seco após a cheia.
"Encheu de cocô aqui dentro", diz Lucimeire, abrindo o armário onde guarda as roupinhas da filha Raylane, 1, que iria passar a noite de ontem na casa de vizinhos. "Quando a água entrou, pus minha filha em cima da mesa. Mas a mesa começou a boiar", conta Lucimeire, que entrou em desespero quando viu a filha cair na água suja.
A menina foi salva pelo irmão, que conseguiu subir em uma cadeira e colocá-la em cima da geladeira, que também boiava.
Os moradores não tinham nem sequer água para limpar suas casas. Por conta de uma obra na Estação de Tratamento de Água Alto da Boa Vista, a Sabesp já havia notificado que cortaria a água da região entre anteontem e ontem, afetando 3,7 milhões de pessoas.
Assim, tiveram de suportar o cheiro forte do esgoto intensificado pelo calor da tarde de ontem. Várias casas tiveram as paredes rachadas pela força da água. Um barraco desabou.
Segundo a subprefeitura da Capela do Socorro, já existe um plano para remover as famílias da região até o final do ano. Como solução de emergência, ontem foram oferecidos colchões, cestas básicas e a possibilidade de passar a noite em abrigos municipais. Nos próximos dias, a subprefeitura iniciará o cadastramento das famílias para discutir a melhor solução caso a caso. Serão oferecidos auxílio de aluguel e transferência para apartamentos da CDHU.
Moradores da Cidade Dutra, na zona sul, fizeram 2 protestos depois que suas casas foram invadidas por dejetos e esgoto
Manifestantes atiram pedras em policiais, que respondem com balas de borracha e gás lacrimogêneo; depois, ateiam fogo em ônibus
MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Com as casas invadidas por dejetos e esgoto após uma chuva, moradores fizeram dois protestos em menos de 24 horas zona sul de São Paulo. Houve confronto com a polícia.
A primeira ação começou por volta das 20h40 de anteontem, em área próxima à avenida Senador Teotônio Vilela (Cidade Dutra). Os cerca de 300 manifestantes, moradores da comunidade Dezenove, atiravam pedras e gritavam. A Polícia Militar respondeu com balas de borracha e gás lacrimogêneo. O protesto acabou na manhã de ontem, segundo a polícia.
Ontem à tarde, moradores roubaram e atearam fogo em um ônibus na rua Dona Belmira Marin, que ficou interditada nos dois sentidos. A área fica no Grajaú, na mesma região.
Foi a chuva no final da tarde de anteontem que levou o esgoto às casas de 500 moradores da comunidade Dezenove. A água, imunda, chegou a três metros. O alagamento foi o terceiro do ano na mesma região.
Segundo a prefeitura, boa parte da comunidade foi construída irregularmente sobre o córrego Rio Bonito, o que fez a vazão cair e o sobrecarregou com esgoto e lixo.
Os próprios moradores admitem o problema. Funcionário de limpeza da prefeitura, Manoel Francisco de Souza Lopes, 31, mostrou à reportagem as tubulações repletas de lixo; apenas um terço do espaço estava livre para a água passar.
Em razão do problema, Lucimeire Ferreira Luz, 31, e seu filho Udeglan, 12, planejavam passar a noite passada na parte de cima do beliche da casa onde moram. Foi o único local que se manteve seco após a cheia.
"Encheu de cocô aqui dentro", diz Lucimeire, abrindo o armário onde guarda as roupinhas da filha Raylane, 1, que iria passar a noite de ontem na casa de vizinhos. "Quando a água entrou, pus minha filha em cima da mesa. Mas a mesa começou a boiar", conta Lucimeire, que entrou em desespero quando viu a filha cair na água suja.
A menina foi salva pelo irmão, que conseguiu subir em uma cadeira e colocá-la em cima da geladeira, que também boiava.
Os moradores não tinham nem sequer água para limpar suas casas. Por conta de uma obra na Estação de Tratamento de Água Alto da Boa Vista, a Sabesp já havia notificado que cortaria a água da região entre anteontem e ontem, afetando 3,7 milhões de pessoas.
Assim, tiveram de suportar o cheiro forte do esgoto intensificado pelo calor da tarde de ontem. Várias casas tiveram as paredes rachadas pela força da água. Um barraco desabou.
Segundo a subprefeitura da Capela do Socorro, já existe um plano para remover as famílias da região até o final do ano. Como solução de emergência, ontem foram oferecidos colchões, cestas básicas e a possibilidade de passar a noite em abrigos municipais. Nos próximos dias, a subprefeitura iniciará o cadastramento das famílias para discutir a melhor solução caso a caso. Serão oferecidos auxílio de aluguel e transferência para apartamentos da CDHU.