Ivy Farias Repórter da Agência Brasil
São Paulo - No auge da ditadura militar (1964-1985), o prédio do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) na cidade de São Paulo era o centro de interrogatórios e torturas contra os opositores do governo. Hoje, o local abriga o Memorial da Resistência, que guarda as lembranças do período por meio de fotos, vídeos e documentos . Durante a tarde de um sábado de fevereiro deste ano, a convite da Agência Brasil, ex-presos políticos foram à Estação Pinacoteca, onde está instalada a exposição que reconstitui as celas do Dops e os horrores de uma época.
“O destino do brasileiro é rir da nossa desgraça ”, afirmou Alípio Freire. O jornalista foi um dos ex-presos políticos que colaboraram com depoimentos para a exposição. De volta ao prédio onde apanhou, ele diz que não vê problemas em retornar ao local. “Mas sei que isso depende do 'metabolismo' de cada um.”
Apesar de não ter sido presa, a tradutora Celeste Marcondes foi ao Memorial acompanhar os amigos. Lá, surpreendeu-se ao encontrar a ficha de seu marido. “Anotei o número, vou jogar na loto”, brincou.
Conhecedora das celas, Ieda Reis ficou surpresa com a interatividade e o conteúdo da exposição. Ela, que é professora de história, viu que sua experiência pessoal, assim como a dos demais companheiros, tinha se tornado uma verdadeira aula. “Vou trazer meus alunos aqui. Os painéis estão excelentes, completos e muito bem redigidos”, comentou.
Nos computadores que estão no local, cada um pode acessar os arquivos do Dops. Ivan Seixas, presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo (Condepe), reconheceu antigos companheiros de cela. “Eu estava aqui quando mataram o Hirata [Luís Hirata, outro preso político que foi assassinado no local]. Não pude fazer nada.”
Nas paredes, estão os nomes daqueles que um dia ali passaram. “Se acontecesse alguma coisa com a gente, ali estava o registro de que estivemos aqui”, explicou Seixas. Grafados no cimento recentemente, “as paredes que deveriam gemer” têm nomes de figuras públicas atuais, mas que um dia foram presas no Dops, como a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos.
Passados 45 anos do golpe militar de 31 de março de 1964 e do início de uma era de torturas e mortes, os resistentes rejeitam o título de vítimas. “Fomos personagens da história”, disse o presidente do Condepe. Para Alípio Freire, eles têm uma vocação para ser feliz. “Lembrar é resistir”, acrescenta.
São Paulo - No auge da ditadura militar (1964-1985), o prédio do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) na cidade de São Paulo era o centro de interrogatórios e torturas contra os opositores do governo. Hoje, o local abriga o Memorial da Resistência, que guarda as lembranças do período por meio de fotos, vídeos e documentos . Durante a tarde de um sábado de fevereiro deste ano, a convite da Agência Brasil, ex-presos políticos foram à Estação Pinacoteca, onde está instalada a exposição que reconstitui as celas do Dops e os horrores de uma época.
“O destino do brasileiro é rir da nossa desgraça ”, afirmou Alípio Freire. O jornalista foi um dos ex-presos políticos que colaboraram com depoimentos para a exposição. De volta ao prédio onde apanhou, ele diz que não vê problemas em retornar ao local. “Mas sei que isso depende do 'metabolismo' de cada um.”
Apesar de não ter sido presa, a tradutora Celeste Marcondes foi ao Memorial acompanhar os amigos. Lá, surpreendeu-se ao encontrar a ficha de seu marido. “Anotei o número, vou jogar na loto”, brincou.
Conhecedora das celas, Ieda Reis ficou surpresa com a interatividade e o conteúdo da exposição. Ela, que é professora de história, viu que sua experiência pessoal, assim como a dos demais companheiros, tinha se tornado uma verdadeira aula. “Vou trazer meus alunos aqui. Os painéis estão excelentes, completos e muito bem redigidos”, comentou.
Nos computadores que estão no local, cada um pode acessar os arquivos do Dops. Ivan Seixas, presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo (Condepe), reconheceu antigos companheiros de cela. “Eu estava aqui quando mataram o Hirata [Luís Hirata, outro preso político que foi assassinado no local]. Não pude fazer nada.”
Nas paredes, estão os nomes daqueles que um dia ali passaram. “Se acontecesse alguma coisa com a gente, ali estava o registro de que estivemos aqui”, explicou Seixas. Grafados no cimento recentemente, “as paredes que deveriam gemer” têm nomes de figuras públicas atuais, mas que um dia foram presas no Dops, como a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos.
Passados 45 anos do golpe militar de 31 de março de 1964 e do início de uma era de torturas e mortes, os resistentes rejeitam o título de vítimas. “Fomos personagens da história”, disse o presidente do Condepe. Para Alípio Freire, eles têm uma vocação para ser feliz. “Lembrar é resistir”, acrescenta.