CARA DE UM FUÇA DO OUTRO
Deve ter sido interessante o encontro comemorativo de 31 de março no Clube Militar. A maioria dos indivíduos lá presentes participou ativamente da ditadura. Devem ter recordado de quem eles torturaram, de quem mataram, de qual método de tortura era usado em qual caso, de qual era o método que surtia mais efeito, de qual era o seu preferido. Devem ter lastimado não terem concluído outras atrocidades e assassinatos, pois muitos militantes da esquerda que eram contra a ditadura militar estão vivos e hoje são governo. Mas vou relatar para vocês uma passagem interessante na minha vida profissional, que mostra claramente que não há a mínima diferença entre os assassinos e torturadores da ditadura e os criminosos comuns tão repudiados pela sociedade. Ainda como estudante de enfermagem, prestei assistência a presos internados em unidades de retaguarda do HC. A maioria deles vinha do ex-Carandiru. Eram assaltantes, assassinos, estupradores, que se envolviam em brigas no presídio e eram feridos, esfaqueados. Como ficavam em enfermaria de 4 e 6 leitos, conversavam entre si e também com os profissionais de enfermagem. Eles também diziam não estar arrependidos dos crimes praticados, eram extremamente dissimulados, e para nos impressionar e se vangloriar perante os seus colegas, contavam com requintes de detalhes os crimes e as barbáries cometidas. Lastimavam terem sido presos antes de terminar o serviço, antes de terem matados seus desafetos, ou executado as encomendas. Não há diferença entre os criminosos, estupradores e assassinos do ex-Carandiru e os torturadores, estupradores e assassinos cruéis da ditadura, o DNA é o mesmo. Só que os torturadores e assassinos da ditadura tinham carta branca do governo para praticar as atrocidades, as barbáries, enquanto os outros praticavam na clandestinidade, sem licença do governo.
Deve ter sido interessante o encontro comemorativo de 31 de março no Clube Militar. A maioria dos indivíduos lá presentes participou ativamente da ditadura. Devem ter recordado de quem eles torturaram, de quem mataram, de qual método de tortura era usado em qual caso, de qual era o método que surtia mais efeito, de qual era o seu preferido. Devem ter lastimado não terem concluído outras atrocidades e assassinatos, pois muitos militantes da esquerda que eram contra a ditadura militar estão vivos e hoje são governo. Mas vou relatar para vocês uma passagem interessante na minha vida profissional, que mostra claramente que não há a mínima diferença entre os assassinos e torturadores da ditadura e os criminosos comuns tão repudiados pela sociedade. Ainda como estudante de enfermagem, prestei assistência a presos internados em unidades de retaguarda do HC. A maioria deles vinha do ex-Carandiru. Eram assaltantes, assassinos, estupradores, que se envolviam em brigas no presídio e eram feridos, esfaqueados. Como ficavam em enfermaria de 4 e 6 leitos, conversavam entre si e também com os profissionais de enfermagem. Eles também diziam não estar arrependidos dos crimes praticados, eram extremamente dissimulados, e para nos impressionar e se vangloriar perante os seus colegas, contavam com requintes de detalhes os crimes e as barbáries cometidas. Lastimavam terem sido presos antes de terminar o serviço, antes de terem matados seus desafetos, ou executado as encomendas. Não há diferença entre os criminosos, estupradores e assassinos do ex-Carandiru e os torturadores, estupradores e assassinos cruéis da ditadura, o DNA é o mesmo. Só que os torturadores e assassinos da ditadura tinham carta branca do governo para praticar as atrocidades, as barbáries, enquanto os outros praticavam na clandestinidade, sem licença do governo.
Jussara Seixas