ANÁLISE/POLÍTICA E CINEMA
OS FILHOS DAS “MÃES’:LULA E OBAMA
*Aparecida Torneros
A brincadeira feita pelo presidente americano Barak Obama, na do reunião do G20, na Inglaterra, quando ele apontou o presidente brasileiro Lula da Silva dizendo: - “esse é o cara, o político mais popular do mundo!”, na verdade, deixa transparecer que os interesses mundiais se voltam para um gigante que acorda e põe de sobreaviso todos que ouvem seus barulhos espreguiçando-se no horizonte da Terra.
Tanto o gigante chamado Brasil, em cujo berço explêndido, deitam-se riquezas naturais ainda inexploradas, como o outro gigante que tenta se recuperar da violenta crise existencial por que passa o seu way of life capitalista,os Estados Unidos da América, ambos, ostentam em suas histórias as eleições presidenciais de figuras carismáticas, que ascenderam aos postos máximos das duas maiores democracias do continente, trazendo um passado pessoal que os liga a figuras maternas fortes e decisivas em suas trajetórias.
Dona Lindu, a pernambucana que fugiu da seca num pau de arara sozinha com seus oito filhos e morreu em 1980, sem ver Luiz Inácio botar a faixa de presidente do Brasil, constantemente reverenciade pelo filho presidente, agora é personagem de filme, interpretada pela atriz brasileira Gloria Pirez.
O jornalista belga, Christian Dutilleux, autor de uma briografia de Lula, foi atraído por esta história fascinante, e pesquisou profundamente as origens do presidente brasileiro, indo ao sertão, ao lugar do seu nascimento. Grande parte da biografia escrita por Dutilleux se concentra em Dona Lindu, espécie de «mãe coragem» forte e digna. «Lula considera sua mãe como um modelo, na mesma proporção que considera o pai, Aristides, um anti-modelo», observa Dutilleux. Seu pai, tirânico, bígamo e no fim da vida alcoólatra, foi praticamente ausente de sua vida, desde o nascimento.
Vejamos Obama, sua formação junto à mãe e aos avós maternos, em contraponto à ausência praticamente total do pai nigeriano, que ele viu poucas vezes na vida e em quem faz questão de não se espelhar. Sua referência masculina divulgada é mundialmente conhecida através de uma foto em que aparece com o pai da sua mãe, numa praia, num abraço feliz entre um carinhoso avô branco e um neto mestiço, alheios à segregação racial da época, demonstrando que seu caminho de glória deve ter começado ali, nas praias do Hawai,quando sua mãe também corajosa, o entregara aos cuidados de pessoas fortes emocioalmente que o iniciaram na vida.
A avó materna, que Obama chamava afetivamente de “Toot” - termo originado de “tutu”, a palavra havaiana para avó - foi frequentemente mencionada por ele durante sua campanha.
Conta-se que a mãe de Obama também deu-lhe muitos exemplos de dignidade e solidariedade por ter sido ela própria uma defensora e ativista de causas humanitárias às quais se dedicou viajando por muitos países em trabalho abnegado, com isenção de preconceitos, com altivez de comportamentos.
“Eu creio que se eu soubesse que a minha mãe não iria sobreviver à doença, eu escreveria um livro diferente – menos meditação sobre o pai ausente, mais celebração da mãe que era a única coisa constante em minha vida”, escreveu no prefácio de suas memórias, “Sonhos De Meu Pai”.
E acrescentou “Eu sei que ela era a mais gentil, o espírito mais generoso que já conheci e o que existe de melhor em mim eu devo a ela”. Para essa Ann, mulher estranha para os valores dominantes, delicada e rebelde, na campanha eleitoral Obama chamava de a sua “mãe solteira”.
Assim, quando os dois chefes de governo, brincam, e Obama, que é na verdade o mais popular político vivo da Terra, confere o segundo lugar no ranking dessa corrida de popularidade ao seu colega brasileiro, percebe-se que eles tem um ponto em comum extremamente catalizador: suas mães deram-lhes a passagem necessária para a auto-confiança e a busca de realização de ideais em defesa do que acreditam e do que podem construir em seus caminhos.
Se buscássemos Freud, quem sabe o pensador da psicanálise não os classificaria como figuras edipianas sólidas, homens cuja liderança e masculinidade se dá de forma mais feminina, mais aconchegante, sorridente, conciliadora e amiga. Características herdadas das figuras maternas inegavelmente mais presentes em suas vidas do que as dos seus pais biológicos, ausentes, fracos, esmaecidos e até esquecidos.
Para Lula e Obama, esposas presentes e atentas, D. Marisa e Michele, refletindo suas culturas e costumes.
Com Lula e Obama, a condução de um processo árduo de costurar crise e interesses vários, buscando liderar G8 e G20, encontrar atalhos possíveis, criar expectativas positivas em torno do comércio internacional, e dar de comer a filhos desconhecidos que habitam o mundo moderno em busca de verdadeiras “mães” de gravata e paletó, que os dois começam a encarnar nestes novos tempos em que é preciso dar colo aos que lamentam e castigo aos que exorbitam, atitudes de genitoras atentas, ou de pais presentes. Talvez seja este o lugar dos dois homens políticos mais populares do mundo: paternidade consciente!
*Aparecida Torneros , jornalista e escritora, vive no Rio de Janeiro
E-mail:cidatorneros@yahoo.com.br
OS FILHOS DAS “MÃES’:LULA E OBAMA
*Aparecida Torneros
A brincadeira feita pelo presidente americano Barak Obama, na do reunião do G20, na Inglaterra, quando ele apontou o presidente brasileiro Lula da Silva dizendo: - “esse é o cara, o político mais popular do mundo!”, na verdade, deixa transparecer que os interesses mundiais se voltam para um gigante que acorda e põe de sobreaviso todos que ouvem seus barulhos espreguiçando-se no horizonte da Terra.
Tanto o gigante chamado Brasil, em cujo berço explêndido, deitam-se riquezas naturais ainda inexploradas, como o outro gigante que tenta se recuperar da violenta crise existencial por que passa o seu way of life capitalista,os Estados Unidos da América, ambos, ostentam em suas histórias as eleições presidenciais de figuras carismáticas, que ascenderam aos postos máximos das duas maiores democracias do continente, trazendo um passado pessoal que os liga a figuras maternas fortes e decisivas em suas trajetórias.
Dona Lindu, a pernambucana que fugiu da seca num pau de arara sozinha com seus oito filhos e morreu em 1980, sem ver Luiz Inácio botar a faixa de presidente do Brasil, constantemente reverenciade pelo filho presidente, agora é personagem de filme, interpretada pela atriz brasileira Gloria Pirez.
O jornalista belga, Christian Dutilleux, autor de uma briografia de Lula, foi atraído por esta história fascinante, e pesquisou profundamente as origens do presidente brasileiro, indo ao sertão, ao lugar do seu nascimento. Grande parte da biografia escrita por Dutilleux se concentra em Dona Lindu, espécie de «mãe coragem» forte e digna. «Lula considera sua mãe como um modelo, na mesma proporção que considera o pai, Aristides, um anti-modelo», observa Dutilleux. Seu pai, tirânico, bígamo e no fim da vida alcoólatra, foi praticamente ausente de sua vida, desde o nascimento.
Vejamos Obama, sua formação junto à mãe e aos avós maternos, em contraponto à ausência praticamente total do pai nigeriano, que ele viu poucas vezes na vida e em quem faz questão de não se espelhar. Sua referência masculina divulgada é mundialmente conhecida através de uma foto em que aparece com o pai da sua mãe, numa praia, num abraço feliz entre um carinhoso avô branco e um neto mestiço, alheios à segregação racial da época, demonstrando que seu caminho de glória deve ter começado ali, nas praias do Hawai,quando sua mãe também corajosa, o entregara aos cuidados de pessoas fortes emocioalmente que o iniciaram na vida.
A avó materna, que Obama chamava afetivamente de “Toot” - termo originado de “tutu”, a palavra havaiana para avó - foi frequentemente mencionada por ele durante sua campanha.
Conta-se que a mãe de Obama também deu-lhe muitos exemplos de dignidade e solidariedade por ter sido ela própria uma defensora e ativista de causas humanitárias às quais se dedicou viajando por muitos países em trabalho abnegado, com isenção de preconceitos, com altivez de comportamentos.
“Eu creio que se eu soubesse que a minha mãe não iria sobreviver à doença, eu escreveria um livro diferente – menos meditação sobre o pai ausente, mais celebração da mãe que era a única coisa constante em minha vida”, escreveu no prefácio de suas memórias, “Sonhos De Meu Pai”.
E acrescentou “Eu sei que ela era a mais gentil, o espírito mais generoso que já conheci e o que existe de melhor em mim eu devo a ela”. Para essa Ann, mulher estranha para os valores dominantes, delicada e rebelde, na campanha eleitoral Obama chamava de a sua “mãe solteira”.
Assim, quando os dois chefes de governo, brincam, e Obama, que é na verdade o mais popular político vivo da Terra, confere o segundo lugar no ranking dessa corrida de popularidade ao seu colega brasileiro, percebe-se que eles tem um ponto em comum extremamente catalizador: suas mães deram-lhes a passagem necessária para a auto-confiança e a busca de realização de ideais em defesa do que acreditam e do que podem construir em seus caminhos.
Se buscássemos Freud, quem sabe o pensador da psicanálise não os classificaria como figuras edipianas sólidas, homens cuja liderança e masculinidade se dá de forma mais feminina, mais aconchegante, sorridente, conciliadora e amiga. Características herdadas das figuras maternas inegavelmente mais presentes em suas vidas do que as dos seus pais biológicos, ausentes, fracos, esmaecidos e até esquecidos.
Para Lula e Obama, esposas presentes e atentas, D. Marisa e Michele, refletindo suas culturas e costumes.
Com Lula e Obama, a condução de um processo árduo de costurar crise e interesses vários, buscando liderar G8 e G20, encontrar atalhos possíveis, criar expectativas positivas em torno do comércio internacional, e dar de comer a filhos desconhecidos que habitam o mundo moderno em busca de verdadeiras “mães” de gravata e paletó, que os dois começam a encarnar nestes novos tempos em que é preciso dar colo aos que lamentam e castigo aos que exorbitam, atitudes de genitoras atentas, ou de pais presentes. Talvez seja este o lugar dos dois homens políticos mais populares do mundo: paternidade consciente!
*Aparecida Torneros , jornalista e escritora, vive no Rio de Janeiro