16 dezembro 2008

Ministro Gilmar Mendes, o que tem a dizer sobre o prefeito eleito de sua cidade natal, Diamantino, que afirma que seu irmão o ameaçou de morte?
É uma boa pergunta para o Roda Viva de hoje. Mas, será feita? A denúncia foi publicada na Carta Capital, mas só consegui achá-la
aqui. Está no meio de uma entrevista com o prefeito eleito de Diamantino, Erival Capistrano (PDT), que derrotou o candidato da família Mendes por pouco mais de 400 votos, nas últimas eleições. Nela, além da denúncia de que um dos irmãos de Gilmar, Moacir, o ameaçou de morte (o que ele registrou em boletim na delegacia), há suspeitas de desvios de verbas da prefeitura da cidade, nos últimos anos. Detalhe: o atual prefeito (no poder há oito anos) é outro irmão de Gilmar Mendes, Francisco Mendes, conhecido como Chico Mendes. Eis a entrevista:
Depois de vencer, por 418 votos, uma eleição improvável contra o candidato da família do ministro Gilmar Mendes, o futuro prefeito de Diamantino (MT), Erival Capistrano (PDT), ainda não pode afirmar, com todas as letras, que vai mesmo assumir o cargo em 1º de janeiro de 2009. Isso porque Moacir Ferreira Mendes, irmão do presidente do STF, mandou avisar a Capistrano que vai matá-lo, até o dia da posse, segundo o prefeito eleito. Aos 52 anos, 40 dos quais dedicado a trabalhar no cartório de notas da família, Capistrano não perde a calma e entende a reação do clã dos Mendes, derrotado depois de duas décadas à frente do poder local. O desespero da família do ministro vem de uma promessa de campanha do prefeito eleito: fazer uma auditoria nas contas da prefeitura. “Quero descobrir para onde foi o dinheiro de Diamantino nos últimos 20 anos”, anuncia Capistrano.
CartaCapital: O senhor venceu o candidato Juviano Lincoln, do PPS, por uma margem muito pequena de votos. Por que foi tão difícil vencer o candidato da família do ministro Gilmar Mendes?
Erival Capistrano: As eleições sempre foram difíceis em Diamantino, mas o povo estava querendo mudança. E mesmo com toda a dificuldade, o eleitor teve a coragem de enfrentar o grupo de Gilmar Mendes.
CC: O presidente do STF teve influência direta na campanha?
EC: Gilmar Mendes é mais político do que ministro. Ele deveria estar além da política de Diamantino, que é uma coisa muito pequena. Ele usa de influência aqui desde a época em que era advogado-geral da União. Sempre usou a máquina administrativa do governo federal e vinha usando. Isso nos preocupou, mas não foi barreira.
CC: De que maneira Gilmar Mendes usava de influência nas campanhas?EC: Ele foi ativo nas duas campanhas do irmão, Chico Mendes (Francisco Ferreira Mendes Júnior, atual prefeito de Diamantino), e também nesta última, do Juviano Lincoln, o candidato da família. Na primeira campanha, ele usou jatinhos da FAB. Quando era da AGU, usava de influência nos ministérios, pressionava políticos do estado, pressionava o governador (Blairo Maggi, do PR). Isso intimidava muitos agricultores endividados, que precisavam negociar com o Banco do Brasil, e eram levados a apoiar o grupo de Chico Mendes.
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