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Protestos marcam chegada de George W. Bush ao Peru, em sua última visita oficial à América Latina como presidente do Estados Unidos
Paola UgazDireto de Lima, Peru
O Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, chegou a Lima para participar do Fórum Econômico Ásia Pacífico (APEC), sua última viagem para a América Latina na condição de Presidente, conforme comentários. Porém, em Lima, nem todos estão felizes com a sua chegada.
Bush terá uma agenda lotada porque além de participar do Fórum, que reúne 21 países de Ásia, Oceania e América Latina, manterá reuniões bilaterais com os Presidentes da China, Hu Jin Tao, e da Rússia, Dmitri Medvédev, com os quais teve várias divergências no último ano.
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Com a China, o governo dos Estados de Unidos discordou sobre a violação dos direitos humanos no Tibete e tornou públicos os seus desejos de propiciar o diálogo entre o Presidente chinês, e o líder espiritual do Tibet, Dalai Lama. Também tenta que o gigante asiático o apóie no desarmamento nuclear da Coréia do Norte.
Com a Rússia, sua antiga inimiga na época da guerra fria, Bush conversará sobre o estado da Geórgia, invadido pelos russos e que teve desde o início o apoio americano; e também sobre o uso dos escudos antimísseis nas suas políticas de defesa.
Porém, na APEC Bush quer - ao invés de continuar a discussão iniciada na Austrália no ano passado sobre a mudança climática - obter o apoio dos líderes para as propostas do grupo dos 20, cujo encontro ocorreu há uma semana em busca de soluções para a crise financeira mundial.
Os analistas dizem que a visita de Medvédev e Hu Jin Tao à América Latina é uma mensagem que Barack Obama, o próximo Presidente de Estados Unidos, deverá considerar, principalmente porque estes países serão os seus principais fornecedores de metais, alimentos e água potável no futuro próximo.
No país andino, um dos mais contentes com a chegada de Bush é o Presidente peruano Alan García, que espera afinar a implantação do Tratado de Livre Comércio assinado entre ambos os países, antes que o americano deixe o governo no próximo dia 20 de janeiro.
Nem todos estão felizes
A Confederação Geral de Trabalhadores do Peru realizou na sexta-feira uma jornada de protestos na Praça 2 de Maio, em Lima, contra George W. Bush, que foi qualificado como "genocida, criminoso, causador da crise econômica".
A praça estava cercada por policiais com escudos e a cavalo que cuidavam para que os manifestantes não saíssem do lugar, já que não tinham autorização para caminharem até a avenida principal que os levaria ao Palácio de governo.
"Denunciamos que a reunião da APEC é um novo imperialismo, a política continua, por isso a luta é conseguir a defesa dos direitos dos trabalhadores. Devemos denunciar a presença de Bush por ser o representante do livre mercado e o maior violador dos direitos humanos em nível mundial", disse a Terra Magazine Rosa Ferrero, uma dirigente da central sindical.
"Temos que levantar nossa voz contra Bush antes que o seu mandato termine. É uma jornada pacífica contra o livre mercado que traz o desemprego", disse Inés Rodríguez da Coordenadoria Político Social.
"Fora do Peru, Bush", "Fora do Peru, americanos", diziam as faixas na praça de Lima, abarrotada por cerca de três mil jovens universitários de dezenas de grupos juvenis dos pequenos partidos peruanos de esquerda como Patria Roja, Movimiento Nueva Izquierda, Partido Nacionalista, entre outros, que gritavam palavras de ordem junto com revistas anti-imperialistas, vídeos da guerra do Iraque e vendedores locais de comida.
O protesto era "lúdico-cultural", conforme disse a Terra Magazine Paul Maquet, que acrescentou que será "um grande ato multicultural de protesto contra George Bush assim como a leitura da sentença dos tribunais contra atos repudiáveis do seu governo de 8 anos, como as guerras no Iraque e no Afeganistão".
"Amanhã, as organizações juvenis protestaremos diante da casa do embaixador dos Estados Unidos em Lima, mesmo que sejamos reprimidos pela polícia, como ocorreu em 2002. Não faremos nenhum ato de provocação, mas queremos manifestar nossa discordância com a visita de Bush ao Peru", acrescentou.
O presidente do Partido Socialista peruano, Javier Diez Canseco, disse a Terra Magazine que "o balanço do governo de Bush é lamentável, é o Presidente mais repudiado dos Estados Unidos e levou o país a um isolamento sem precedentes".
"É a expressão de uma política de hegemonia como nunca ocorreu na história mundial, provavelmente semelhante apenas à de Hitler na Alemanha e seus sonhos da II Guerra Mundial. Com Barack Obama eu não sou tão otimista, são esperadas mudanças com o fechamento de Guantánamo e a abertura do diálogo, mas sei que não dá para tirar leite de pedra", concluiu.
Bush visitou o Peru pela primeira vez em 2002, durante o governo de Alejandro Toledo (2001-2006). A sua chegada aconteceu em meio a muita turbulência e causou a explosão de uma bomba pelo grupo terrorista Sendero Luminoso na frente da embaixada americana em Lima, na qual morreram 9 pessoas.
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