20 novembro 2008

O anticomunismo das cavernas de um jornalista da Folha
O conhecido e mal-afamado jornalista da Folha de S. Paulo, Josias de Souza - aquele que usou carro do Incra no Paraná, no governo FHC, para “denunciar” as cooperativas de assentados ligadas ao MST - publicou em seu blog mais uma série de diatribes ao comentar o 10º Encontro Internacional dos Partidos Comunistas e Operários, que começa dia 21 e vai até o dia 23.
Por Osvaldo Bertolino, em seu blog
“Num instante em que o G20 busca saídas para a crise do capitalismo, o Brasil vai sediar um encontro dos sobreviventes do comunismo no mundo”, escreve ele já no início do texto.
“O número de participantes revela algo insuspeitado: são muitos os sobreviventes dos escombros do Muro de Berlim. Por ora, confirmaram presença 73 (!) legendas comunistas de 59 países. O leque é variado. Vai da Albânia aos EUA”, acrescenta, com seu estilo que combina provocação com desinformação.
“José Reinaldo Carvalho, secretário de Relações Internacionais do PCdoB, diz que a reunião terá, neste ano, um ‘significado especial’. Afinal, escreve ele no sítio do partido, dezenas de partidos irão debater a conjuntura mundial com um olhar especial para a crise do capitalismo”, diz ele mais adiante.
“Otimista, José Reinaldo acha que as conclusões do encontro ‘certamente são aguardadas tanto pelos que apóiam quanto pelos que se opõem aos comunistas’. Afirma que ‘que não se pode ignorar a influência que os partidos comunistas têm’. Quem ouve José Reinaldo fica com a impressão de que perdeu alguma coisa ao não tomar conhecimento dos nove encontros que precederam a reunião do Brasil”, atesta, como se José Reinaldo não tivesse o direito de manifestar a sua opinião.
Às tantas, ele descamba para o anticomunismo das cavernas.
“As estrelas de São Paulo são os partidos comunistas que, no dizer do PCdoB, ‘conduzem experiências de construção do socialismo em seus países’. A lista inclui três tipos de comunismo: o moribundo de Cuba, o carniceiro da Coréia do Norte, e os neocapitalistas do Vietnã e da China”, escreve.
O jornalista termina com seu habitual trololó medíocre e oco.
“É improvável que o encontro altere os rumos do planeta. Mas é preciso louvar a pertinácia dos remanescentes do comunismo. Certa vez, intimado por um jovem a revelar sua posição política, o poeta Carlos Drummond de Andrade aconselhou:
“Menino, se você não é comunista, vá sendo logo, que é para deixar de ser depressa. Eu já fui e larguei’. A reunião do próximo final de semana demonstra que muitos ainda não largaram. Ainda nem se deram conta de que idéias, mesmo as não usadas, também enferrujam”, escreve, sem mostrar quando, onde e como Drummond de Andrade teria dito isso.
Em se tratando de Josias de Souza, é possível deduzir que este diálogo é mais uma de suas ficções.
O seu estilo de jornalismo ficou bem demonstrado em uma entrevista realizada por ele com Fernando Gabeira na edição da Folha de S. Paulo do dia 4 de setembro de 2005.
A linhas tantas, ele pergunta:
“Se (José) Dirceu fosse preso hoje o senhor seqüestraria um embaixador americano para libertá-lo?”.
Essa formulação pode ser definida como a síntese da mentalidade idiota que prevalece na maioria das redações da imprensa oficial — inapropriadamente chamada de “grande”.