26 novembro 2008


Leia a íntegra da nota de Greenhalgh sobre caso Araguaia
SÃO PAULO - O ex-deputado e advogado Luiz Eduardo Greenhalgh disse nesta quarta-feira, 26, por nota, que o pedido que encaminhou à 1ª Vara Federal de Brasília "não é de busca e apreensão na casa de repórter, simplesmente". "Trata-se de requerimento para que se tomem providências judiciais necessárias à execução de decisão que condena a União a abrir os arquivos da ditadura referentes ao episódio denominado Guerrilha do Araguaia."

"O pedido é para que sejam ouvidos todos os que nos últimos anos revelaram-se portadores de informações que possam colaborar para a reconstrução dos acontecimentos", diz o texto, acrescentando que o jornalista do Estado Leonencio Nossa deve ser ouvido "por ser autor de reportagens sobre o tema".
Leia a íntegra:

Sr. editor,

Entro em contato para contestar a publicação nesta quarta-feira (26/11/08) pelo O Estado de S.Paulo, página A7, do texto cujo título é "Greenhalgh pede busca e apreensão na casa de repórter".

Inicialmente, porque o pedido judicial protocolizado à 1ª Vara Federal de Brasília (DF) "não é de busca e apreensão na casa de repórter", simplesmente. Por si só, esse fato já enseja correção do referido texto. Trata-se de requerimento para que se tomem providências judiciais necessárias à execução de decisão que condena a União a abrir os arquivos da ditadura referentes ao episódio denominado "Guerrilha do Araguaia".

Nesse sentido, o pedido é para que sejam ouvidos todos os que nos últimos anos revelaram-se portadores de informações que possam colaborar para a reconstrução dos acontecimentos que resultaram na morte e no desaparecimento de guerrilheiros no Araguaia. Assim, pediu-se que o repórter Leonêncio Nossa seja ouvido, por ser autor de reportagens sobre o tema. O objetivo do pedido é que o repórter preste esclarecimentos e auxílio aos autores da ação. O repórter tem condições de contribuir decisivamente com a história do país, ao colaborar com a localização e fornecimento ao Estado de documentos repassados por Sebastião Curió, autor de inúmeros delitos cometidos na "Guerrilha do Araguaia". A mencionada "busca e apreensão" só ocorreria no caso de o repórter recusar-se a prestar informações à Justiça.

Cumpre esclarecer aos leitores que qualquer pessoa que tenha conhecimento do mais ínfimo pormenor sobre o assunto tem a obrigação moral de relatá-lo às autoridades judiciais, porque se trata do processo de reconstrução da verdade histórica de nosso país, compromisso com o qual todos os cidadãos brasileiros têm. Esse é o meu compromisso desde antes de 1982, data de início da ação que pede a abertura dos arquivos. O próprio procurador da República manifesta-se na ação pelo entendimento de que pode incorrer em delito quem possui documentos públicos, como os da "Guerrilha do Araguaia", e não os informa.

Ademais, O Estado de S.Paulo contrariou o que preconiza como veículo de comunicação ao publicar um texto sem ouvir todas as personagens envolvidas. Tal procedimento configurava condição sine qua non para a publicação do texto, já que o jornal se baseou em "fontes do Judiciário". Note-se que fui procurado no telefone do local onde não está mais meu escritório. Ressalto também que nos últimos meses fui acionado por vários jornalistas de O Estado de S.Paulo, entre eles Marcelo Godoy e Fausto Macedo, o que revela novamente falta de interesse em aprofundar a apuração. Macedo, inclusive, conversou comigo na quinta-feira passada.

Outro ponto a ser refutado é o paralelo que se tenta traçar entre a petição e a investida do delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz contra jornalistas no deflagrar da Operação Satiagraha. Não há qualquer relação entre os fatos, entre os pedidos e entre os objetivos dos pedidos.

Por fim, o jornal peca ainda ao tentar sustentar que eu "repassei a jornalistas documentos militares que supostamente constrangeriam" José Genoino com o intuito de roubar-lhe votos para a Câmara dos Deputados nas eleições de 2006. Isso é uma ignomínia. Genoino é meu amigo, com quem convivo há 30 anos e para quem advoguei. Falo com ele quase que semanalmente. Vi com grande felicidade sua eleição para novo mandato como deputado. Somente quem não me conhece imaginaria que poderia fazer algo contra Genoino como o que a publicação relata. O Estado de S.Paulo poderia ter buscado saber de Genoino o que ele pensa sobre tais afirmações.

Certo de que minhas considerações serão publicadas, coloco-me à disposição para eventuais dúvidas.

Sem mais,

LUIZ EDUARDO GREENHALGH
http://www.estadao.com.br/nacional/not_nac284149,0.htm