Investimento da União chega a R$ 9,4 bi e é o maior dos últimos sete anos
Os investimentos da União chegaram a R$ 9,4 bilhões no primeiro semestre de 2008, valor recorde se comparado aos últimos sete anos. Os órgãos públicos federais ligados aos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) desembolsaram com a realização de obras e compra de equipamentos uma quantia 33% superior à registrada nos primeiros seis meses do ano passado, quando o montante chegou a R$ 7 bilhões.
Entre janeiro e junho desse ano, o pagamento do montante de investimentos inscrito como "restos a pagar" também foi o maior desde pelo menos 2001. O governo desembolsou R$ 8,5 bilhões para quitar dívidas de anos anteriores (restos a pagar). Outro recorde é o número de empenhos realizados (reservas orçamentárias). Até junho, a União garantiu R$ 11,4 bilhões em recursos para obras ou aquisição de materiais no futuro.
O orçamento autorizado para este ano em investimentos também é um dos maiores desde 2001, ficando atrás apenas da dotação do ano passado, fixada em R$ 46,4 bilhões. Para 2008, cerca de R$ 40,2 bilhões estão previstos para a realização de obras e compra de equipamentos. Para o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o aumento sucessivo dos investimentos está relacionado, em grande parte, ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), cujas obras integram os investimentos da União. "Em função dele, o governo reformulou sua estratégia de monitoramento de projetos, passando a acompanhar com mais rigor a execução de cada um", afirma.O economista Paulo Brasil, conselheiro do Conselho Regional de Economia de São Paulo (CORECON-SP), acredita que quando há um programa de governo com atenção especial e prioridade, como o PAC, há agilidade das ações a ele relacionadas. Para o economista, o aumento dos investimentos também está intimamente ligado ao PAC. Porém, ressalta ainda os sucessivos recordes de arrecadação do governo e o resultado, mesmo tímido, do controle de gastos operacionais. "Sem falar também do viés político que representa este programa de governo em termos de sucessão, o que não pode ser esquecido", frisa.No entanto, a situação não é tão favorável quanto parece. Apesar da série de recordes registrados esse ano, se o ritmo de investimentos continuar como está, ou seja, cerca de R$ 9,4 bilhões aplicados em seis meses, a execução orçamentária vai fechar o ano longe do que seria considerado ideal, já que estão previstos mais de R$ 40 bilhões. No atual compasso de investimentos, ao final do ano, seriam aplicados apenas R$ 18,7 bilhões, ou seja, 47% do total. É importante ressaltar, porém, que tradicionalmente a União acelera seus investimentos a partir do segundo semestre do ano.
Paulo Brasil lembra que historicamente o país manteve planos estratégicos em situações especiais, caso do II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento). "A partir da implantação de fato dos Planos Plurianuais (PPA) é que recomeçaram os investimentos", destaca. "O momento econômico colabora com essa situação [acréscimo dos investimentos], assim como a real necessidade desses investimentos para que seja atingida a meta de crescimento proposta pela atual gestão e esperada pela sociedade", acrescenta.
Apesar do recorde de investimentos, o economista afirma ainda que é preciso aplicar mais no setor. "São anos de sucateamento da infra-estrutura necessária para o desenvolvimento, e totalmente precária, como se nota, em grande parte deste Brasil de dimensões continentais", argumenta. "É preciso entender que o país precisa crescer, cm sustentabilidade, pois tem potencial para isso", conclui.Ministério dos Transportes lidera rankingO Ministério dos Transportes continua liderando o ranking dos órgãos federais que mais investem no país. No primeiro semestre, a pasta foi responsável por quase 25% de todos os investimentos da União. Foram desembolsados R$ 2,3 bilhões pelo ministério. O programa mais bem contemplado foi o de "manutenção da malha rodoviária federal", que recebeu R$ 728 milhões entre janeiro e junho.
O Ministério das Cidades aparece em segundo lugar na lista dos que mais investiram nos primeiros seis meses do ano. A pasta aplicou R$ 1,6 bilhão com a realização de obras e a compra de equipamentos. O programa de "urbanização, regularização e integração de assentamentos precários" foi beneficiado com R$ 621,7 milhões, quase tudo pago pelo órgão (já que outros ministérios também gastam com o programa).Já o Ministério da Educação é o terceiro colocado no ranking. A pasta aplicou R$ 1,2 bilhão em investimentos nos primeiros seis meses do ano. O programa "universidade do século XXI" foi o mais bem contemplado, com R$ 475,4 milhões recebidos. Para os próximos anos, os investimentos da pasta ainda podem ser ampliados. Durante audiência pública na Câmara dos Deputados, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que os recursos da exploração de novos poços de petróleo recentemente descobertos pela Petrobras na camada pré-sal (grande profundidade) devem ser utilizados em educação. "O presidente Lula tem dito que gostaria de usar [as reservas de petróleo] em educação, para preencher uma lacuna que existiu nos últimos 40 anos", disse o ministro.
O Ministério da Agricultura, por sua vez, que ocupa o oitavo lugar no ranking de investimentos dos órgãos federais, com R$ 248 milhões desembolsados no primeiro semestre, também poderá aumentar o montante investido. Como o ministro Reinhold Stephanes conta com o Plano Agrícola e Pecuário 2008-2009 para conter a alta no preço dos alimentos, anunciado nesta quarta-feira (02) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os programas de investimentos da pasta terão R$ 10 bilhões nesta safra. Além disso, haverá um outro programa para a recuperação de áreas degradas de pastagem e adoção de práticas sustentáveis de produção.
Um dia antes do anúncio, a Organização das Nações Unidas (ONU) já havia defendido o aumento dos investimentos públicos no setor agrícola. Segundo relatório Mundial Econômico e Social 2008, a desregulamentação dos mercados compromete a segurança da economia mundial. No Brasil, segundo delegados de uma conferência sobre investimentos em agricultura realizada esta semana em Londres, há cerca de 100 milhões de hectares de terras agrícolas não utilizadas.
Contas Abertas
Os investimentos da União chegaram a R$ 9,4 bilhões no primeiro semestre de 2008, valor recorde se comparado aos últimos sete anos. Os órgãos públicos federais ligados aos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) desembolsaram com a realização de obras e compra de equipamentos uma quantia 33% superior à registrada nos primeiros seis meses do ano passado, quando o montante chegou a R$ 7 bilhões.
Entre janeiro e junho desse ano, o pagamento do montante de investimentos inscrito como "restos a pagar" também foi o maior desde pelo menos 2001. O governo desembolsou R$ 8,5 bilhões para quitar dívidas de anos anteriores (restos a pagar). Outro recorde é o número de empenhos realizados (reservas orçamentárias). Até junho, a União garantiu R$ 11,4 bilhões em recursos para obras ou aquisição de materiais no futuro.
O orçamento autorizado para este ano em investimentos também é um dos maiores desde 2001, ficando atrás apenas da dotação do ano passado, fixada em R$ 46,4 bilhões. Para 2008, cerca de R$ 40,2 bilhões estão previstos para a realização de obras e compra de equipamentos. Para o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o aumento sucessivo dos investimentos está relacionado, em grande parte, ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), cujas obras integram os investimentos da União. "Em função dele, o governo reformulou sua estratégia de monitoramento de projetos, passando a acompanhar com mais rigor a execução de cada um", afirma.O economista Paulo Brasil, conselheiro do Conselho Regional de Economia de São Paulo (CORECON-SP), acredita que quando há um programa de governo com atenção especial e prioridade, como o PAC, há agilidade das ações a ele relacionadas. Para o economista, o aumento dos investimentos também está intimamente ligado ao PAC. Porém, ressalta ainda os sucessivos recordes de arrecadação do governo e o resultado, mesmo tímido, do controle de gastos operacionais. "Sem falar também do viés político que representa este programa de governo em termos de sucessão, o que não pode ser esquecido", frisa.No entanto, a situação não é tão favorável quanto parece. Apesar da série de recordes registrados esse ano, se o ritmo de investimentos continuar como está, ou seja, cerca de R$ 9,4 bilhões aplicados em seis meses, a execução orçamentária vai fechar o ano longe do que seria considerado ideal, já que estão previstos mais de R$ 40 bilhões. No atual compasso de investimentos, ao final do ano, seriam aplicados apenas R$ 18,7 bilhões, ou seja, 47% do total. É importante ressaltar, porém, que tradicionalmente a União acelera seus investimentos a partir do segundo semestre do ano.
Paulo Brasil lembra que historicamente o país manteve planos estratégicos em situações especiais, caso do II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento). "A partir da implantação de fato dos Planos Plurianuais (PPA) é que recomeçaram os investimentos", destaca. "O momento econômico colabora com essa situação [acréscimo dos investimentos], assim como a real necessidade desses investimentos para que seja atingida a meta de crescimento proposta pela atual gestão e esperada pela sociedade", acrescenta.
Apesar do recorde de investimentos, o economista afirma ainda que é preciso aplicar mais no setor. "São anos de sucateamento da infra-estrutura necessária para o desenvolvimento, e totalmente precária, como se nota, em grande parte deste Brasil de dimensões continentais", argumenta. "É preciso entender que o país precisa crescer, cm sustentabilidade, pois tem potencial para isso", conclui.Ministério dos Transportes lidera rankingO Ministério dos Transportes continua liderando o ranking dos órgãos federais que mais investem no país. No primeiro semestre, a pasta foi responsável por quase 25% de todos os investimentos da União. Foram desembolsados R$ 2,3 bilhões pelo ministério. O programa mais bem contemplado foi o de "manutenção da malha rodoviária federal", que recebeu R$ 728 milhões entre janeiro e junho.
O Ministério das Cidades aparece em segundo lugar na lista dos que mais investiram nos primeiros seis meses do ano. A pasta aplicou R$ 1,6 bilhão com a realização de obras e a compra de equipamentos. O programa de "urbanização, regularização e integração de assentamentos precários" foi beneficiado com R$ 621,7 milhões, quase tudo pago pelo órgão (já que outros ministérios também gastam com o programa).Já o Ministério da Educação é o terceiro colocado no ranking. A pasta aplicou R$ 1,2 bilhão em investimentos nos primeiros seis meses do ano. O programa "universidade do século XXI" foi o mais bem contemplado, com R$ 475,4 milhões recebidos. Para os próximos anos, os investimentos da pasta ainda podem ser ampliados. Durante audiência pública na Câmara dos Deputados, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que os recursos da exploração de novos poços de petróleo recentemente descobertos pela Petrobras na camada pré-sal (grande profundidade) devem ser utilizados em educação. "O presidente Lula tem dito que gostaria de usar [as reservas de petróleo] em educação, para preencher uma lacuna que existiu nos últimos 40 anos", disse o ministro.
O Ministério da Agricultura, por sua vez, que ocupa o oitavo lugar no ranking de investimentos dos órgãos federais, com R$ 248 milhões desembolsados no primeiro semestre, também poderá aumentar o montante investido. Como o ministro Reinhold Stephanes conta com o Plano Agrícola e Pecuário 2008-2009 para conter a alta no preço dos alimentos, anunciado nesta quarta-feira (02) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os programas de investimentos da pasta terão R$ 10 bilhões nesta safra. Além disso, haverá um outro programa para a recuperação de áreas degradas de pastagem e adoção de práticas sustentáveis de produção.
Um dia antes do anúncio, a Organização das Nações Unidas (ONU) já havia defendido o aumento dos investimentos públicos no setor agrícola. Segundo relatório Mundial Econômico e Social 2008, a desregulamentação dos mercados compromete a segurança da economia mundial. No Brasil, segundo delegados de uma conferência sobre investimentos em agricultura realizada esta semana em Londres, há cerca de 100 milhões de hectares de terras agrícolas não utilizadas.
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