Segundo relatos à Folha de auxiliares diretos, Lula teria dito que, se dependesse da vontade dele, Dantas seria preso
KENNEDY ALENCARDA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O banqueiro Daniel Dantas conseguiu se aproximar de ministros do governo petista e de integrantes da cúpula do PT.Na campanha eleitoral de 2002, Luiz Inácio Lula da Silva foi alertado pelo então coordenador de campanha e futuro ministro Luiz Gushiken de que o empresário fazia jogo pesado no mundo comercial e que tinha interesse em manter a influência sobre os fundos de pensão de estatais federais para vitaminar negócios privados.No governo de Lula, houve uma divisão entre ministros em relação aos interesses de Dantas com os fundos de pensão. José Dirceu, então ministro da Casa Civil, e o diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolatto ficaram a favor do banqueiro. Gushiken contra.No governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), Dantas obteve apoio político do PSDB e do PFL (o atual DEM) para participar da privatização das teles. Há o episódio do jantar dele com FHC em junho de 2002. No dia seguinte, haveria troca do comando da Previ, como desejava o banqueiro.Com Lula no poder, Dantas esbarrou em Gushiken e teria fracassado na busca de contato direto com o presidente. O banqueiro travava disputa com fundos de pensão pelo controle da Brasil Telecom.Para tentar furar o bloqueio, ele contratou dois advogados com pontes no governo. Antonio Carlos de Almeida Castro, amigo de Dirceu, e Roberto Teixeira, compadre de Lula. O banqueiro teve ainda apoio de Pizzolatto e do então tesoureiro do PT, Delúbio Soares.Outro ministro de Lula, Roberto Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), teve histórico de relação de confiança com Dantas. Ele foi "trustee" da Brasil Telecom, ou seja, um representante legal dos interesses da empresa quando ainda era controlada pelo banqueiro, nos Estados Unidos.O próprio Lula vetou o patrocínio da Brasil Telecom à Gamecorp, empresa da qual seu filho Fábio Luiz Lula da Silva é sócio. Auxiliares do presidente tratam como fantasiosos os rumores de que Dantas teria se associado a Fábio Luiz em um negócio agropecuário por meio de testas-de-ferro.Esses auxiliares citam conversas reservadas em que Lula teria xingado Dantas por atribuir ao banqueiro participação no mensalão e na divulgação de um dossiê falso apontando contas no exterior do presidente e de figuras do governo e do PT.Em relação ao mensalão, Lula e os principais auxiliares teriam ciência de que Dantas abasteceu o esquema de Marcos Valério e Delúbio. O escândalo causou a maior crise política do governo Lula.Segundo relatos à Folha de auxiliares diretos, Lula teria dito que, se dependesse da vontade dele, Dantas seria preso. Ontem, a PF o colocou atrás das grades. Um ministro disse à Folha que o governo não teme nenhuma revelação de Dantas que possa prejudicar Lula.O Palácio do Planalto também nega que, no segundo mandato, Dantas tenha conseguido favor do governo para se retirar da sociedade na Brasil Telecom, empresa comprada pela OI. Um ministro disse à Folha que Dantas cedeu a um acerto empresarial porque perdera a guerra política pelo comando da empresa. No entanto, como as partes dependiam de sua saída, Dantas teria tirado proveito de uma oportunidade comercial e política.
KENNEDY ALENCARDA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O banqueiro Daniel Dantas conseguiu se aproximar de ministros do governo petista e de integrantes da cúpula do PT.Na campanha eleitoral de 2002, Luiz Inácio Lula da Silva foi alertado pelo então coordenador de campanha e futuro ministro Luiz Gushiken de que o empresário fazia jogo pesado no mundo comercial e que tinha interesse em manter a influência sobre os fundos de pensão de estatais federais para vitaminar negócios privados.No governo de Lula, houve uma divisão entre ministros em relação aos interesses de Dantas com os fundos de pensão. José Dirceu, então ministro da Casa Civil, e o diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolatto ficaram a favor do banqueiro. Gushiken contra.No governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), Dantas obteve apoio político do PSDB e do PFL (o atual DEM) para participar da privatização das teles. Há o episódio do jantar dele com FHC em junho de 2002. No dia seguinte, haveria troca do comando da Previ, como desejava o banqueiro.Com Lula no poder, Dantas esbarrou em Gushiken e teria fracassado na busca de contato direto com o presidente. O banqueiro travava disputa com fundos de pensão pelo controle da Brasil Telecom.Para tentar furar o bloqueio, ele contratou dois advogados com pontes no governo. Antonio Carlos de Almeida Castro, amigo de Dirceu, e Roberto Teixeira, compadre de Lula. O banqueiro teve ainda apoio de Pizzolatto e do então tesoureiro do PT, Delúbio Soares.Outro ministro de Lula, Roberto Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), teve histórico de relação de confiança com Dantas. Ele foi "trustee" da Brasil Telecom, ou seja, um representante legal dos interesses da empresa quando ainda era controlada pelo banqueiro, nos Estados Unidos.O próprio Lula vetou o patrocínio da Brasil Telecom à Gamecorp, empresa da qual seu filho Fábio Luiz Lula da Silva é sócio. Auxiliares do presidente tratam como fantasiosos os rumores de que Dantas teria se associado a Fábio Luiz em um negócio agropecuário por meio de testas-de-ferro.Esses auxiliares citam conversas reservadas em que Lula teria xingado Dantas por atribuir ao banqueiro participação no mensalão e na divulgação de um dossiê falso apontando contas no exterior do presidente e de figuras do governo e do PT.Em relação ao mensalão, Lula e os principais auxiliares teriam ciência de que Dantas abasteceu o esquema de Marcos Valério e Delúbio. O escândalo causou a maior crise política do governo Lula.Segundo relatos à Folha de auxiliares diretos, Lula teria dito que, se dependesse da vontade dele, Dantas seria preso. Ontem, a PF o colocou atrás das grades. Um ministro disse à Folha que o governo não teme nenhuma revelação de Dantas que possa prejudicar Lula.O Palácio do Planalto também nega que, no segundo mandato, Dantas tenha conseguido favor do governo para se retirar da sociedade na Brasil Telecom, empresa comprada pela OI. Um ministro disse à Folha que Dantas cedeu a um acerto empresarial porque perdera a guerra política pelo comando da empresa. No entanto, como as partes dependiam de sua saída, Dantas teria tirado proveito de uma oportunidade comercial e política.