26 maio 2008

Lula reclama a empresários que, sem CPMF, preços não caíram
Presidente diz que, ao invés de reduzir os preços, extinção da cobrança aumentou os ganhos de empresários
Reuters
RIO - Em meio a discussões sobre a recriação da
CPMF, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou nesta segunda-feira, 26, dos empresários que não alteraram os preços de seus produtos com o fim do chamado imposto do cheque no final do ano passado.


"É engraçado, não vimos os produtos reduzirem de preço com o fim da CMPF. Parece que apenas aumentou o ganho daqueles que pagavam CPMF", disse o presidente na abertura do 20º Fórum Nacional, na sede do BNDES. Lula lembrou que, com o fim da CPMF, o governo deixou de arrecadar R$ 40 bilhões anuais e que "quem perdeu com isso foi o PAC da saúde". "Ao falar de CPMF aqui, certamente arrumei algum adversário", acrescentou Lula ao se dirigir a empresários presentes na platéia. O presidente também cobrou do Congresso a reforma tributária para este ano e voltou a afirmar que o combate à inflação no Brasil não é de responsabilidade somente do governo federal. "A inflação não é apenas uma coisa do governo, jamais pedirei para alguém ser fiscal da inflação, mas todos temos responsabilidades, sabemos onde está e de onde ela vem. Quem perde com a inflação são os pobres", afirmou Lula. Apesar dessa preocupação, o presidente afirmou que a economia brasileira está trilhando o caminho certo e ruma ao crescimento sustentável. "O Brasil fez o que deve ser feito, crescendo 5,4% em 2007 e neste momento crescemos num ritmo de 5% ao ano." Ele destacou que a economia brasileira está mais forte para enfrentar um eventual impacto da crise originada no mercado imobiliário norte-americano. "A crise que não cede nos Estados Unidos ainda pode nos afetar, mas estamos mais bem preparados para enfrentá-la, porque estamos mais sólidos e sabemos que o crescimento é necessário para inclusão social e distribuição de renda", disse. "A crise atual mostra que nos países ricos há muita coisa para ser consertada", afirmou Lula, ao citar mais uma vez as barreira aos subsídios agrícolas.