17 outubro 2007

Em novo relatório, FMI corrige dado sobre Brasil
Daniel Bramatti

Relatório do FMI de abril deste ano, que continha erro sobre o Brasil

O FMI corrigiu os dados relativos à renda dos brasileiros em seu último relatório "Panorama Econômico Mundial", divulgado nesta quarta-feira. No relatório anterior, de abril, a renda havia sido puxada para baixo por conta de um erro metodológico, apontado por Terra Magazine e reconhecido pela instituição.
Em abril, as contas do FMI indicavam que a renda anual per capita dos brasileiros, com base na Paridade de Poder de Compra (PPC), era de US$ 8.657 em 2005. Cálculos feitos por Terra Magazine e publicados na época indicavam, porém, que esse valor deveria ter "superado US$ 9.500"
(leia aqui). Agora, as contas corrigidas do FMI indicaram o valor exato de US$ 9.547,98 para 2005.
O Fundo também revisou para cima a estimativa da renda per capita PPC de 2007, para US$ 10.637. Ou seja, a projeção é de crescimento de 11,4% na renda em apenas dois anos.
O erro de abril envolveu a revisão do PIB brasileiro, anunciada em março pelo IBGE, que revelou um país 10,9% mais rico do que o previamente estimado.
O FMI atualizou com o "novo PIB" apenas parte de base de dados, e continuou usando o "velho PIB" na estimativa da renda per capita com base na Paridade de Poder de Compra (PPC) - indicador que é usado, por exemplo, no cálculo do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).
Quando o IDH for calculado pela ONU com base nesses novos números, o Brasil entrará oficialmente no grupo de países de "alto desenvolvimento humano" - espécie de primeiro mundo da área social. Na prática, isso já ocorreu, conforme Terra Magazine antecipou (leia
aqui).
O Panorama Econômico Mundial é lançado semestralmente, mas algumas estatísticas só são atualizadas uma vez por ano - caso do chamado PIB PPC, segundo explicou o Fundo em abril.
Ao detectar a disparidade entre seus cálculos e a estatística do FMI, Terra Magazine pediu, na época, esclarecimentos ao órgão. A resposta por e-mail, foi dada por Bennet Sutton, um dos economistas que trabalharam na elaboração do relatório.
Ele informou que o cálculo do item em questão havia sido feito "com base no PIB em moeda local, atualizado pelo IBGE, e no PIB PPC, não atualizado". Ou seja, o Fundo havia misturado dois PIBs diferentes no mesmo cálculo.
A renda per capita com base na Paridade de Poder de Compra leva em conta não apenas a riqueza de cada cidadão, em média, mas o custo de vida de cada país. Por exemplo, uma pessoa que ganha US$ 100 na Bolívia compra, com essa renda, o mesmo que alguém com salário de cerca de US$ 300 nos Estados Unidos. O PIB PPC em dólares da Bolívia é, portanto, o triplo do PIB "real".
Terra Magazine