17 outubro 2006

JOSÉ DIRCEU
Lula, no "Roda Viva", esteve seguro e foi bem

Reproduzido do Blog do Zé Dirceu

O presidente Lula, na entrevista no “Roda Viva”, esteve seguro e tranqüilo. Falou como presidente, citou números e deu exemplos.

Sobre privatização, disse que não está falando nada mais do que a mídia já havia constatado, que FHC e Alckmin privatizaram. Há precedentes, então, para supor como seria um eventual governo Alckmin, que, aliás, acabou de privatizar a CTEEP. “Ele que diga que não vai privatizar e fica o dito pelo não dito. Mas a prática não tem sido essa”.

Noutro momento, Lula lembrou que quando se fala em cortar gastos correntes estão comentando corte de salários e na política social. Segundo ele, não é possível outra palavra de ordem no país que não seja “desenvolvimento, crescimento econômico e distribuição de renda”. Lula lembrou que há uma mania, em determinados setores, de se desfazer do patrimônio público. Na verdade, disse, é preciso criar as condições para o Estado investir – e isso só acontece com crescimento econômico.

Citou a Petrobras, que tem boa gestão, dá lucro. Falando sobre as teles, disse que a privatização da Telebrás é um debate superado. Na telefonia houve mais investimento, mas nas ferrovias não deu certo. O governo teve de retomar agora os investimentos nas ferrovias, em parceria com a iniciativa privada. “Vamos fazer PPPs para o sistema de transporte intermodal e acabar com esse problema de infra-estrutura no Brasil”, comentou.

Sobre reforma da Previdência, não há mágica. “Temos que fazer um pacto com todos os atores sociais envolvidos”. Pode haver nova reforma, segundo Lula, mas não por proposta do governo e sim por um acordo com todos os segmentos da sociedade. “Vamos discutir a reforma sem penalizar os trabalhadores que têm a Previdência descontada no holerite. E vamos ter que, a cada 15 ou 20 anos, voltar a discutir a Previdência, conforme a expectativa de vida das pessoas aumenta”. Citou a quadrilha do auxílio-doença, que está sendo desmontada, assim como várias quadrilhas estão sendo desmontadas.

Retomando a questão dos investimentos, reiterou que é preciso fazer a economia crescer e também reduzir os juros básicos, a taxa Selic, de forma continuada. A TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), que é usada nos empréstimos do BNDES a empresas, já está em 6,85%, o mais baixo nível da história. “Temos que fazer PPPs e atrair capital nacional e internacional para investir. Há grandes projetos em andamento para garantir o crescimento”, afirmou.

Ele disse que quer investir mais em educação, citou vários números do governo e falou da meta de uma escola técnica e extensão universitária em todas as cidades-pólo do país. Disse que revogou lei que tirava do governo federal a responsabilidade pelo ensino médio, o que permitiu reincentivar as escolas técnicas. Também lembrou que até o fim do ano vai haver um laboratório de informática em cada escola de ensino médio.

Lula disse duvidar que haja margem para cortar R$ 40 bilhões ou R$ 60 bilhões dos gastos públicos, como propôs (e foi desautorizado) um dos assessores de Alckmin, o ex-secretário da Fazenda de São Paulo Yoshiaki Nakano. Lula lembrou que foi o governo dele que elevou a meta de superávit primário de 3,75% do PIB para 4,25%. “Não tem onde cortar gastos, na Previdência não se pode cortar”, afirmou Lula, lembrando que outras medidas, como o censo previdenciário, reduziram os gastos da Previdência em R$ 1 bilhão.

Falou da necessidade de aprovar a Lei Geral da Pequena e Média Empresa, que já passou em primeiro turno na Câmara e que não está mais sendo discutida no Congresso por causa do recesso branco devido à eleição. Citou também o projeto da pré-empresa, para incorporar ao mercado formal pessoas como camelôs e vendedores de cachorro-quente. Também anunciou que vai fazer desonerações tributárias R$ 23 bilhões até o fim do ano.

Ainda comentado as propostas que estão no Congresso, disse que o Orçamento não pode ser impositivo, que é preciso deixar espaço para a atuação do Executivo. Ele se declarou favorável à manutenção das emendas parlamentares e individuais. Também disse que acha necessária uma modificação da Lei de Licitações (a famosa “8.666”), para que a legislação sobre as compras governamentais fique mais rígida, mais transparente e mais ágil.

Sobre a reforma política, o presidente declarou-se favorável à votação por listas e simpático ao voto distrital, assim como ao financiamento público de campanha. Disse que vai chamar todos os partidos, depois da eleição, para discutir qual reforma se pode fazer de verdade.

No caso do dossiê, disse que decidiu pelo afastamento de Ricardo Berzoini do comando da campanha porque não teria recebido uma explicação. “Não cabe ao presidente prender, mas sim deixar as instituições funcionarem. É uma questão policial e não do presidente da República”. Reiterou que não ganhou nada com a história. “Qual era meu interesse, com a eleição tranqüila, em um dossiê que já está na internet?”

Também falou sobre o filho Fábio, conhecido como Lulinha. Disse que ele tem que cumprir a lei, como todos os 190 milhões de brasileiros. Sobre os negócios da empresa de Fábio com a Telemar, foi direto: “Se houver algo errado, investiguem. Já investigaram e não acharam”. Também foi objetivo ao afirmar que “o povo vê dinheiro no bolso, não vê manchete de jornal, vê que paga mais barato na farmácia no depósito de construção”.

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