Alckmin perde mais votos no Sul e no Sudeste, diz diretor do Datafollha
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Da redação
Céu de brigadeiro para o presidente Lula.
Pesquisa Datafolha revela que o presidente abriu 23 pontos de vantagem sobre o candidato do PSDB, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin. Se as eleições fossem hoje, Lula teria 47% das intenções de voto, contra 24% de Alckmin e 12% de Heloísa Helena, o que daria a vitória ao petista ainda no primeiro turno. No segundo turno, Lula bateria Alckmin por 54% contra 37% das intenções de voto. O Datafolha também fez pela primeira vez uma simulação de segundo turno com a candidata Heloísa Helena. Ainda assim Lula venceria com 54% dos votos contra 35% da senadora.Para falar sobre o resultado da pesquisa, o UOL News conversou com o diretor do Datafolha, Mauro Paulino.Da pesquisa anterior, realizada entre os dias 17 e 18 de julho, para essa, Lula subiu de 44% para 47% e Alckmin caiu de 28% para 24%. Essa vantagem de sete pontos de Lula sobre Alckmin era esperada? Qual a principal explicação para o aumento da diferença entre os principais candidatos?
Mauro Paulino - Percentuais de pesquisa nunca são previsíveis, não dá para dizer que a gente espera que um candidato ganhe ou perca pontos. O que verificamos é que entre a pesquisa anterior e essa, o que aconteceu foi uma apresentação maior dos candidatos junto ao eleitorado. Nos veículos de comunicação - principalmente entrevistas -, o eleitor vai tomando conhecimento de que a eleição se aproxima e passa a se definir com mais nitidez.Onde é que o ex-governador paulista perdeu e Lula ganhou?
Mauro Paulino - Os contrastes principais em relação à pesquisa anterior foram verificados na região Sul do país, onde Alckmin perdeu oito pontos, caiu de 31% para 23%, e Lula subiu seis pontos: de 31% para 37%. Na região Sudeste também houve uma variação significativa, Alckmin perdeu seis pontos, de 35% para 29%, enquanto Lula ganhou quatro pontos e foi de 38% para 42%. Nas demais regiões a situação ficou praticamente sem mudanças.E com relação à questão da escolaridade dos eleitores também mudou um pouco, não?
Mauro Paulino - A diferença agora é que Lula volta a conquistar eleitores em segmentos de nível superior. Ele teve uma oscilação positiva, de 31% para 33%, mas Alckmin perdeu quatro pontos, e é o segmento onde ele tinha um melhor desempenho.Ao que se deve isso? A exposição maior dos candidatos, maior conhecimento do eleitor?
Mauro Paulino - Acredito que é em decorrência da exposição, da forma como o candidato vem se comunicando nesses últimos dias. Um indício disso é que os eleitores têm se definido também por Heloísa Helena. Ela mostrou nessa pesquisa que manteve uma linha ascendente, continuou ganhando votos.A senadora Heloísa Helena subiu dentro da margem de erro, não, foi de 10% para 12% das intenções de voto?
Mauro Paulino - Dentro da margem, mas confirmou a tendência de subida que já tínhamos detectado na pesquisa anterior.Ela, inclusive, está superando Alckmin como alternativa a Lula em todo o país - com 26% contra 23% do ex-governador paulista...
Mauro Paulino - Ela é hoje a segunda opção de voto preferencial daqueles que não pretendem votar em Lula.Isso é uma surpresa?
Mauro Paulino - É um reflexo do desempenho da Heloísa Helena nesses primeiros dias de campanha.A gente pode chegar a conclusão de que ela e o presidente Lula estão se saindo melhor, então, ao contrário de Geraldo Alckmin...
Mauro Paulino - Pode. Pelo menos nesses primeiros dias, quando os candidatos começaram a se apresentar de forma mais explícita, é nítida a vantagem, a preferência do eleitorado por Lula e Heloísa Helena. O único candidato que vem caindo é Geraldo Alckmin.O Datafolha também constatou que o interesse do eleitor pelo horário eleitoral gratuito diminuiu, ainda que tenha registrado praticamente o mesmo percentual de eleitores que dizem que devem assistir à propaganda na TV. Isso é bom ou ruim?
Mauro Paulino - Isso reflete um estado de espírito do eleitor nesse momento. A eleição hoje não é um problema que esteja entre as prioridades do eleitor - ele começa a se interessar pela eleição -, e esse interesse pelo horário eleitoral certamente deve aumentar a partir do momento que os programas começarem a ser transmitidos. Mas em relação às pesquisas anteriores, por exemplo, em 2002, a taxa dos que não têm nenhum interesse pelo horário eleitoral subiu de 38% para 43%.Os analistas dizem que quem começa a campanha na TV já em vantagem, acaba levando as eleições. É isso o que as pesquisas dizem também?
Mauro Paulino - Não gosto de estabelecer padrões, principalmente em relação à eleição presidencial, porque a gente não tem histórico muito longo no Brasil - voltamos a ter eleição direta para presidente em 1989. E, desde então, as campanhas, os processos eleitorais tiveram suas características próprias. Não creio que dê para desenhar ainda um padrão de comportamento do eleitor brasileiro em relação ao voto para presidente.O presidente Lula está com uma vantagem ainda maior em relação a Alckmin do que Fernando Henrique Cardoso tinha com ele, em 1998. Isso pode dar ainda tranqüilidade ao candidato petista?
Mauro Paulino - Ele tem hoje uma posição realmente muito tranqüila, o presidente Lula é o franco favorito para vencer a eleição e com boa chance de vencer no primeiro turno. Isso considerando a hipótese que a gente apresenta ao eleitor, se a eleição fosse hoje. É claro que tem ainda boa parte da campanha para se desenvolver e isso certamente pode sofrer mudanças, como em todas as eleições passadas se verificou mudanças durante o processo, principalmente depois do início do horário eleitoral gratuito.