05 junho 2006


MAILSON: BRASIL DEIXA DE SER DEVEDOR E PASSA A CREDOR DO MUNDO
05/06/2006 15:27h

Pela primeira vez na Historia, o Brasil deixará ser devedor para se tornar credor do mundo. Isso vai acontecer até o fim deste ano, com a política do Tesouro Nacional de comprar titulos da divida externa. Quem fez essa observação foi Maílson da Nóbrega, em entrevista a Paulo Henrique Amorim (aguarde o áudio com a integra da entrevista). Maílson da Nóbrega foi Ministro da Fazenda e é sócio da Tendências Consultoria.
Nesta segunda, dia 5, o Tesouro Nacional anunciou que vai comprar US$ 4 bilhões em títulos da dívida externa. Por isso, o risco-país do Brasil caiu 5% (para 261 pontos) e o dólar caiu 0,8% (para R$ 2,25).

Nóbrega calcula que, com essa política do Tesouro Nacional, no fim do ano o Brasil terá em caixa US$ 60 bilhões de reservas, contra uma dívida de US$ 50 bilhões.

"Isso é uma completa novidade. O Brasil nunca foi credor do mundo. Sempre foi devedor", disse Nóbrega. No fim do ano, a divida externa brasileira deverá não ser mais do que 15% do PIB – ou seja, a divida externa, que levou à quebra do Brasil nos anos 80, não é mais problema.

É tanta novidade que, lembra Nóbrega, “o Brasil já nasceu endividado - uma das condições para Portugal reconhecer a nossa Independência foi assumirmos uma dívida de 2 milhões de libras", disse o economista.

A recompra faz parte de um programa cujo valor total alcançará US$ 20 bilhões. "Somos um país que está reduzindo dramaticamente a vulnerabilidade externa", afirmou o ex-ministro. Não foi à toa que os mercados financeiros internacionais "responderam rapidamente", como demonstram a queda do risco-país e do dólar.
Para Mailson, a redução progressiva da divida mostra que o Tesouro adquiriu capacidade de operar “com muita competência; mostrou que o Brasil é um país sério”. E a recompra não poderia ter vindo numa hora mais apropriada: numa hora de turbulência nos mercados internacionais, a medida, segundo Nóbrega, reduz a volatilidade dos títulos brasileiros mais negociados.
Luiz Claudio R. Santos