17 maio 2006

Se no regime diferenciado, RDD, o preso não pode receber, visitas, advogados, familiares, porque Marcola recebeu a advogada e comitiva do governo em menos de 48 Hs de prisão em Presidente Vanceslau?

Respostas:

O governo do PSDB é bonzinho e incompetente?

Marcola é que é diferenciado e merece regalais?

Para o PCC não vale as leis vigentes do RDD?

Foi tudo parte de um grande acordo para não manchar a candidatura Alckmin do PSDB?


GUERRA URBANA /ACORDO
Comitiva foi de avião negociar com o PCC
GILMAR PENTEADODA REPORTAGEM LOCAL CRISTIANO MACHADOCOLABORAÇÃO PARA AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE
Durante a onda de atentados e rebeliões nos presídios, o governo paulista encaminhou, de avião, uma comitiva para negociar com a cúpula do PCC (Primeiro Comando da Capital), presa em Presidente Bernardes (589 km de SP).No último domingo, o corregedor dos presídios da Secretaria da Administração Penitenciária, um delegado representando a Secretaria da Segurança Pública, um coronel da Polícia Militar e uma advogada dos presos participaram de uma conversa de cerca de 40 minutos com o líder máximo do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e outros sete integrantes da cúpula da facção.Em um episódio inédito, um avião da Polícia Militar foi usado para levar, às pressas, na tarde de domingo, três integrantes da comitiva de São Paulo para Presidente Prudente (565 km de SP).De lá, o grupo -que teve ainda a adesão do coronel Aílton Araújo Brandão, comandante da PM na região- rumou para a cidade vizinha de Presidente Bernardes, onde a cúpula da facção está presa desde o último sábado.O governo nega ter negociado com o PCC o fim dos ataques e rebeliões, mas só ontem admitiu ter enviado a comitiva para conversar com Marcola. Anteontem, o comando da facção ordenou o fim da onda de violência.Integrantes da comitiva, no entanto, apresentam versões contraditórias sobre o diálogo com os líderes do PCC. A advogada Iracema Vasciaveo, que representava as famílias dos presos, afirma que os integrantes do governo apenas a acompanharam "em uma demonstração de boa vontade" e não fizeram nenhum pedido à cúpula da facção. Segundo ela, os líderes do PCC foram retirados das celas e os representantes do governo apenas ouviram a conversa.O coronel Brandão faz outro relato: "O que foi pedido a ele [Marcola] era o seguinte: tem de parar [os ataques]. Deixei bem claro: tem de haver a rendição incondicional. Se não houvesse esse ato, a PM e a Polícia Civil iam fechar cada vez mais o cerco em cima dos bandido".Brandão admitiu que Marcola pediu banho de sol para os 765 presos do PCC encaminhados para Presidente Venceslau (620 km de SP), mas o coronel negou acordo. A Folha também apurou que os líderes pediam visita íntima e a entrada de televisores no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) -sistema mais rígido que veta esses dois pedidos.Quebra de normaO secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, afirmou que o encontro foi permitido para que a advogada verificasse o estado de saúde dos líderes do PCC. "Parece que vocês [jornalistas] estão tristes que os ataques tenham acabado. Foi uma ação excepcional numa situação excepcional", afirmou, em resposta a perguntas sobre a legalidade do encontro.Segundo ele, os três representantes do governo foram enviados para garantir que a advogada apenas observasse o estado dos presos e não passasse informações.A visita a Marcola quebrou procedimento padrão da própria Secretaria da Administração Penitenciária, que prevê um regime de observação para os presos que chegam a cada unidade. Nesse regime, banhos de sol e visitas de familiares e de advogados são suspensos por até 30 dias.O governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), afirmou ontem que foi ele quem autorizou a visita a Marcola na cadeia. "Eu autorizei porque a lei permite o contato com o advogado mesmo no RDD e para preservar os direitos humanos", disse Lembo.O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou ontem, em Nova York, que é um erro negociar com facções criminosas e defendeu o enfrentamento. Ele disse não acreditar que o governo paulista tenha negociado com o PCC. "Não sou favorável a negociações. A longo prazo, isso dá mais força aos criminosos."O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse temer a "legislação de pânico", feita em decorrência de momentos de crise. Dizendo acreditar que a situação em São Paulo tenha melhorado e reiterando a oferta de ajuda ao Estado, Thomaz Bastos não crê em acordo. "Recuso a acreditar que o governo de São Paulo ou qualquer autoridade tenha feito acordo com esses criminosos", disse.
Colaboraram ANDRÉ CARAMANTE, FABIO SCHIVARTCHE e ALFREDO FEIERABEND, da Reportagem Local
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1705200614.htm