19 maio 2006

A HORA E VEZ DO BOCA DE CAÇAPA

Autorizada CPI dos Grampos na Bahia

Quinta, 18 de maio de 2006, 16h54
Terra Magazine
O Tribunal de Justiça da Bahia concedeu liminar que autoriza uma CPI dos grampos. O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL) é suspeito de ser o mandante da operação que, em dezembro do ano passado, grampeou a conversa de um irmão do desembargador Carlos Cintra, atual presidente do TRE, com um empresário da Bahia, Fernando Frank.
A CPI investigará também casos anteriores de grampo, acontecidos durante quase um ano, entre 2001 e 2002, no final do mandato de César Borges como governador da Bahia. Na época, 466 linhas telefônicas, 1300 ligações e 126 pessoas foram grampeadas. Nestes casos, o senador do PFL baiano também é apontado como mandante.

No caso que motivou o pedido da liminar concedida hoje, o senador tornou-se suspeito - no entender de alguns dos próprios desembargadores - porque um CD com as conversas circulou no tribunal no dia da eleição para presidente do Tribunal de Justiça, e ACM tinha um candidato, que foi derotado.
Na gravação, o empresário Fernando Frank dizia para Luciano Cintra que arranjou três votos para Benito Figueiredo, desembargador que venceria as eleições.
Benito Figueiredo, apoiado por Carlos Cintra, recebeu 20 dos 30 votos possíveis, enquanto o irmão de ACM, Eduardo Jorge Magalhães, recebeu seis.
Poucos dias depois o teor das conversas foi manchete no jornal Correio da Bahia, de propriedade da família de ACM. "Fraude no dia da eleição".
Acusado por ACM de "dono do Judiciário prostituído", Carlos Cintra tornou-se alvo do senador ao interromper, há duas eleições, o domínio absoluto do pefelista dentro do Tribunal de Justiça da Bahia.
No começo deste ano Carlos Cintra e o diretor geral do TRE, Raimundo Vieira, perceberam sinais de grampos em seus telefones.
Publicada a notícia, os desembargadores, à frente Carlos Cintra, encaminharam o caso à Polícia Federal, que está apurando. Ao mesmo tempo os desembargadores, em maioria, entraram com uma interpelação contra Antonio Carlos Magalhães no Supremo Tribunal Federal.
A ministra Ellen Gracie, à época presidente interina, acolheu a interpelação e deu um prazo para ACM se manifestar. Ele não se pronunciou oficialmente.
O ministro Nelson Jobim, de volta ao posto, arquivou a interpelação. Enquanto isso, na Assembléia Legislativa, a oposição recolheu as assinaturas necessárias e pediu uma CPI para apurar esse e outros grampos, quase todos em telefones de adversários do carlismo.
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