14 maio 2006

GOVERNO PAULISTA É INCAPAZ
Maior ataque do PCC faz 32 mortos em SP

Segundo diretor da Associação dos Oficiais da PM, "presos mandam dentro e fora das penitenciárias"; sindicalistas pedem saída de secretários
Para policiais, governo paulista é "incapaz"

CLÁUDIA COLLUCCIDA REPORTAGEM LOCAL
Dirigentes de entidades representativas dos policiais civis e militares atribuem os ataques à fragilidade da Lei de Execuções Penais e à suposta incapacidade do governo do Estado de São Paulo de gerir os sistemas de segurança pública e penitenciário."Os presos mandam de fato dentro e fora das penitenciárias", afirmou o major Sergio Olímpio Gomes, diretor da Associação dos Oficiais da Polícia Militar.Segundo ele, todas as promessas feitas pelo governo estadual, como a instalação de bloqueadores de celulares nas cadeias e a colocação de vidros blindados nas bases comunitárias e nos carros policiais, não foram cumpridas."Os investimentos feitos são de fachada. Entregam carros em praça pública, fazem formatura de policial em praça pública. Mas, se não houver corte da comunicação e da logística dos criminosos, eles vão continuar promovendo esse derramamento de sangue."O presidente da Associação dos Cabos e Soldados da PM, Wilson Moraes, classificou os ataques contra os policiais civis e militares de "chacina". "A Secretaria de Segurança Pública sabia das conseqüências após a transferência dos líderes do PCC. Por que não reforçou o policiamento nas delegacias e nas bases?", questiona. A secretaria alega que houve reforço.Moraes afirma que os policiais estão hoje "mal pagos, mal armados e mal equipados". "Quando saem do serviço, têm que repassar o colete a prova de balas para o outro colega. Também é um absurdo deixar um policial trabalhando sozinho na viatura."Wilson Moraes defende que o governo substitua os secretários da Segurança e da Administração Penitenciária. "O da Segurança é arrogante, prepotente, não entende nada de segurança pública. O da Administração Penitenciária ninguém respeita."O delegado André Di Rissio, presidente da associação dos delegados, endossa as declarações de Moraes. "Temos um amador na Segurança e outro incompetente na Administração Penitenciária." As assessorias de imprensa das secretarias da Segurança e da Administração Penitenciária informaram que os secretários Saulo de Castro e Nagashi Furukawa não se pronunciariam.Para Rissio, o Estado perdeu o controle do sistema prisional, e a Justiça e o Ministério Público também não estão cumprindo seu papel. "Cadê os promotores que deveriam fiscalizar as cadeias? Por que a Justiça concede tantos indultos aos presos?"Di Rissio diz que os detentos saem da cadeia já orientados pelos líderes. "Se ele não matar, é morto." Ele afirma que a polícia não vai se acovardar. "Vamos dar a resposta necessária, na proporção cabível."Texto Anterior: