15/05/2006 - Segurança: Lula oferece reforço; Lembo rejeita
O governo federal, por meio do Ministério da Justiça, reiterou a oferta de auxílio para ajudar a debelar uma das maiores ondas de ataques criminosos que já ocorreram no Estado de São Paulo. O governador Cláudio Lembo (PFL), substituto de Geraldo Alckmin (PSDB) há menos de dois meses, rejeitou a ajuda, afirmando que confia na polícia do Estado e que a situação está “sob controle”.
Apesar da afirmação do governador, a polícia de São Paulo não está conseguindo controlar a onda de ataques, que começaram na sexta-feira (12) e seguem aterrorizando a população da capital. Os ataques, atribuídos ao PCC (Primeiro Comando da Capital), deixaram até agora pelo menos 77 mortos.
Entre as vítimas estão 37 policiais, 2 civis, 23 criminosos e 15 presos. Cerca de 85 ônibus foram queimados e houve ao menos 115 ataques a prédios públicos e postos das polícias Civil e Militar em todo o Estado. Nesta madrugada, pelo menos dez agências bancárias foram atacadas.
Nos presídios, a situação se agravou: detentos se amotinaram em 71 das 105 unidades do Estado, a maior rebelião da história do país. Mais de 4 mil ônibus deixaram de circular em São Paulo nesta segunda-feira (15).
Os ataques se espalham pelo interior do Estado e por outras regiões. Mato Grosso e Paraná já registram rebeliões em seus presídios. Em nota, o governo do Paraná negou que as rebeliões no Estado tivessem relação com São Paulo.
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse que conversou duas vezes, hoje, com o governador Cláudio Lembro, e deve vir a São Paulo para encontrá-lo pessoalmente às 18h. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também conversou por telefone com Lembo e insistiu para que ele aceitasse a ajuda federal.
Bastos afirmou que estão à disposição do governo de São Paulo 4.000 homens da Força Nacional, além de tropas do Exército.
“Queremos reiterar essa oferta de usar todas as forças do governo federal se isso se mostrar necessário para dispersar a onda de violência”, afirmou Bastos. Ele reiterou, no entanto, que o governo respeita o princípio federativo e descartou a hipótese de intervenção. “Queremos ajudar em um esquema de parceria, de cooperação com a polícia de São Paulo”, afirmou o ministro.
Questionado em entrevista coletiva sobre as ações necessárias para reduzir a violência, Bastos afirmou que não existem planos mirabolantes. Segundo ele, é preciso haver um aperfeiçoamento das instituições, como vem ocorrendo com a Polícia Federal no governo Lula. “Olhem para a Polícia Federal e os resultados que vem apresentando”, disse (leia mais sobre o reaparelhamento da PF em caderno especial, clicando aqui).
15/05/2006 - Petistas vão pedir ao governador de SP que aceite ajuda federal
Deputados estaduais do PT e lideranças de outros partidos se reúnem nesta tarde com o governador de São Paulo, Claudio Lembo, para pressionar em favor do reforço da segurança que está sendo oferecido pelo governo federal. Lembo se recusa a aceitar as tropas da Força Nacional e do Exército sob a alegação de que a crise está "sob controle".
15/05/2006 - Berzoini defende ajuda federal em São Paulo
O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, considera que a situação criada pela onda de ataques violentos em São Paulo causa extrema preocupação, mas não deve ser utilizada política ou eleitoralmente. “Não é hora de entrarmos em disputa política. O importante é controlar esta situação. Por isso mesmo, achamos que o governo estadual deveria aceitar a ajuda que o governo federal está oferecendo”, afirmou o presidente.
Berzoini afirma que os fatos que vêm ocorrendo desde sexta-feira em São Paulo deixam claro que o foco da crise atribuída ao crime organizado está no Estado. “Essa situação é fruto da falência da política penitenciária em São Paulo”, disse. Segundo ele, o PT entende que é preciso haver unidade entre o governo federal e estadual neste momento.