08/05/2006 - Lula reafirma que preço do gás não mudará
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a garantir hoje (8) que o preço do gás natural não subirá no Brasil por causa da decisão do governo boliviano de nacionalizar as reservas do combustível, anunciada há uma semana. "O fato de a Bolívia nacionalizar o gás não significa que vai faltar gás no Brasil. Nem vai faltar gás no Brasil nem vai aumentar o preço do gás. Ele vai aumentar quando tiver que fazer a renovação de contrato. De cinco em cinco anos, a Petrobras tem que discutir e fazer o reparo no preço porque o preço sempre será uma coisa que tem uma combinação", disse Lula em seu programa semanal de rádio Café com o Presidente. Segundo o presidente, o governo vai negociar com os bolivianos para que o consumidor brasileiro do gás natural não sofra prejuízo. "Quando nós formos negociar o preço do gás com a Bolívia, nós também vamos querer o melhor preço para o nosso consumidor e eles vão querer o melhor preço para a Bolívia e você vai encontrar um denominador comum".Lula lembrou que a Bolívia não é o primeiro país do mundo a nacionalizar seus recursos naturais. De acordo com ele, decisão como essa já foi tomada no Brasil, Chile, Argentina, Chile, Iraque, Irã, Líbia, México. "Todos os países querem ser donos da riqueza que está no seu subsolo e a Bolívia tem no gás a sua única riqueza; portanto, o povo, de forma plebiscitária, escolheu nacionalizar o gás".
Gasoduto
O gasoduto que ligará Venezuela, Brasil, Argentina, Bolívia e Chile é a solução para o fornecimento de gás natural na região, disse Lula. Lula se reuniu na semana passada, na cidade argentina de Puerto Iguazú, com os colegas Néstor Kirchner (Argentina), Evo Morales (Bolívia) e Hugo Chávez (Venezuela) para discutir a obra.
"É um gasoduto muito grande que vai ter praticamente 8 mil quilômetros de extensão e isso pode resolver o problema do fornecimento de gás para o século. Estamos trabalhando nisso e fizemos a reunião para provar que nós precisamos encontrar formas negociadas para desenvolver toda a América Latina", acrescentou.
Vizinhos
Lula disse que o papel do Brasil, maior economia da América do Sul, é ajudar os países vizinhos a crescer. "O Brasil não quer ser uma ilha de desenvolvimento cercada de países pobres. Nós queremos que todos tenham chance de crescer um pouco", afirmou no rádio.Lula destacou também que a melhor forma de resolver os problemas com a Bolívia, que nacionalizou a produção de gás e petróleo, é na mesa de negociação. Ele criticou os defensores da aplicação de medidas punitivas aos bolivianos por parte do governo brasileiro. "Não vamos fazer provocação, não vamos fazer retaliação a um país que é infinitamente mais pobre do que o Brasil, um povo mais faminto do que o povo brasileiro. Eu sei que tem gente que gostaria que o Brasil fosse violento. A nossa política é de paz, é de acordo e é de sensatez e eu acho que é isso que vai contribuir para o Brasil", ressaltou.
Novas fontes
O governo investirá na produção de novas fontes de energia para o país, afirmou o presidente Lula. Ele informou que determinou ao Ministério de Minas e Energia e à Petrobras a busca por fontes de energia alternativa para que o Brasil não dependa dos recursos energéticos de outras nações. "O Brasil não pode ficar dependendo de nenhum país quando se tratar de uma questão energética importante para desenvolvimento. Nós temos condições de trabalhar nisso. Nós estamos investindo muito em energia alternativa, biomassa, agroenergia", acrescentou.O biodiesel, combustível renovável produzido a partir de plantas oleaginosas (mamona, soja, girassol, dendê), é uma das frentes de trabalho do governo federal. "Estamos querendo fazer com que a gente fortaleça outra matriz, com a construção de uma quantidade enorme de usinas para que a gente possa produzir biodiesel, que vai gerar milhões de empregos e vai gerar mais um fator de independência para o Brasil", disse Lula.
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Agência Brasil