11 abril 2006

Personagens (no sentido horário): José Serra, Wigberto Tartuce, Jorge Bornhausen, Valéria Monteiro, Ricardo Sérgio Oliveira, delegado José Francisco Castilho Neto, perito Renato Barbosa, Sérgio Motta e o procurador Luiz Francisco







O CASO BANESTADO é o que eles ( PFL e PSDB ) mais querem que caia no esquecimento,
porque envolve, além do Serra, variados figurões do governo FHC.

Em junho de 2002, por exemplo, a revista Isto É denunciou: "Na investigação sobre remessa ilegal de dinheiro, Polícia Federal acha boleto bancário em nome de Bornhausen". A matéria descrevia em detalhes um megaesquema de corrupção no envio irregular de bilhões de dólares do Brasil ao exterior."Na papelada encontrada por investigadores americanos na agência do Banestado em Nova York havia um boleto bancário no valor de R$ 185 mil em nome de Jorge Konder Bornhausen". Esse montante teria saído da agência do Banco Araucária em Foz do Iguaçu. Em seguida, passou por um offshore num paraíso fiscal e desembarcou nos EUA. Com 35 mil páginas, o relatório da PF revelava a movimentação de 137 contas suspeitas feita através da CC-5. Entre 1992 e 1997, pessoas e empresas utilizaram este recurso para enviar ilegalmente ao exterior R$ 124 bilhões. Deste montante, a PF identificou quase R$ 12 bilhões que provinham de dinheiro sujo, "procedente de corrupção, tráfico de drogas e de armas e outros ilícitos" [2].Estranhamente, FHC arquivou o dossiê da PF e ainda afastou o delegado José Castilho Neto, responsável pela investigação. "O estopim foi a divulgação do nome do presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen, entre os envolvidos no esquema de lavagem de dinheiro". A investigação ainda incriminou vários tucanos de alta plumagem, como o próprio FHC, José Serra e o falecido Sérgio Mota [4]. Revelou que o Banespa, sob controle do PSDB, usou este mesmo esquema de lavagem para enviar US$ 50 bilhões ao exterior em 1997. O Banestado quebrou em 1998, num escândalo que causou prejuízos de US$ 200 milhões para seus quatro mil clientes. Essa lavanderia mundial foi uma das fontes de recursos do condomínio PSDB-PFL.Jorge Bornhausen também aparece em outros casos sinistros. Segundo o deputado Eduardo Valverde (PT-RO), ele esteve diretamente envolvido no escândalo da Pasta Rosa, que relacionou 49 parlamentares que receberam dinheiro para suas campanhas da Febraban e do Banco Econômico que nunca foi contabilizado - o famoso caixa-2. Luiz Carlos Bresser Pereira, tesoureiro da campanha de FHC em 1994, reconheceu publicamente que cerca de R$ 10 milhões destes recursos não foram contabilizados. O senador ainda é citado no caso da Feira de Hannover, "em que sua filha, sócia de uma empresa, ganhou sem licitação um contrato de quase R$ 17 milhões para a organização da feira. Jorge Bornhausen foi o principal defensor do governo FHC porque obtinha vantagens, não era por ideologia", ironiza o deputado petista.Em junho de 2003, os procuradores Luiz Francisco de Souza, Raquel Branquinho e Valquíria Quixadá entregaram à Receita Federal cerca de seis mil documentos sobre 52 mil pessoas que lavaram US$ 30 bilhões nos EUA a partir do Banestado de Foz do Iguaçu. O maior foco de investigações recaiu sobre "a família do sr. Jorge Bornhausen, do PFL, cujo banco familiar, o Araucária, lavou ao menos US$ 5 bilhões nesse esquema, que envolvia dinheiro de traficantes, de doleiros, mas sobretudo das sobras de campanhas eleitorais" [5]. Todos estas graves denúncias, infelizmente, não fluíram no conciliador governo Lula. Elas bem que poderiam desmascarar muitos dos que hoje pousam de políticos honestos e esbanjam arrogância.Notas1- Marco Aurélio Weissheimer. "Escolha o seu lado e as suas causas". Agência Carta Maior, 04/11/05.
Leia, em:
http://agenciacartamaior.uol.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=2270
2- Andrei Meireles e Expedito Filho. "Surpresa para todos". Revista Isto É, 17/06/2002. Leia, em:http://www.sinal.org.br/lavagem_de_dinheiro/comentarios/show_materias.asp?codigo=22
3- Amaury Ribeiro e Sônia Filgueiras. "Operação maluco". Revista Isto É, 21/06/2002. Leia, em:
http://www.terra.com.br/istoe/1708/brasil/1708_operacao_maluco.htm
4- Leonardo Attuch e Hugo Studart. "Os nomes e as provas do dossiê da PF". Isto É Dinheiro, 07/07/02.
Leia,em: http://www.terra.com.br/istoedinheiro/305/economia/305_nomes_provas.htm5-
"MP acusa Bornhausen de lavar US$ 5 bilhões no exterior". Revista Consultor Jurídico, 15/06/03
Leia, em:
http://www.tognolli.com/html/mid_lavado.htm
Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do livro "Encruzilhadas do sindicalismo" (Editora Anita Garibaldi, junho de 2005).