Nota rápida de conjuntura
Ministro Tarso Genro
1. O bloqueio político continua firme. Os dados econômicos absolutamente favoráveis ao atual Governo (da recuperação do emprego, por exemplo, 126 mil com carteira assinada em fevereiro) –o melhor da história do país para este mês- continuam subsumidos num mar de denúncias de todos os tipos. A maior parte da mídia sempre apresenta as denúncias como verdades absolutas, que só “confirmam” as denúncias anteriores.
2. A recente apresentação da peça acusatória da procuradoria Geral da República contra diversos ex-dirigentes, ex-deputados e deputados -peça que é apresentada ao Poder Judiciário para INICIAR um processo que pode (ou não) proporcionar as condenações- foi amplamente festejada como uma vitória da ética e da Justiça. Todos já foram julgados em “grupo” -pelos meios de comunicação- e expostos à execração pública sem nenhuma condenação judicial.
3. A apreciação, aqui apresentada, não deve ser entendida como convicção de inocência dos denunciados, mas pretende ser uma proposta de aprendizado, para que tomemos uma posição ética e democrática, quando “avaliarmos” qualquer partido ou liderança em situação análoga. Certamente muitos dos denunciados serão absolvidos, outros serão condenados, mas todos já tem a sua vida marcada, em definitivo, face à força desigual com que as versões transitaram pela mídia.
4. Um outro exemplo desta desigualdade: atualmente é veiculada de forma sistemática, por parte da imprensa, a opinião de um “jurista”, Miguel Reale Júnior, que defende que estão implementadas as condições para o “impedimento” do Presidente Lula. Omite-se que Miguel Reale Junior é quadro político do PSDB, foi ou é suplente de Senador do referido Partido e é ex-Min. da Justiça de FHC. Uma pessoa que, evidentemente, não tem qualquer isenção para emitir uma opinião “neutra” e técnica sobre o assunto, e que está fazendo apenas o jogo político do seu Partido .
5. Necessário ressaltar, também, que o atual massacre informativo contra o PT e o Governo, não deve nos levar a uma posição conciliatória ou contemplativa com as ilegalidades cometidas ou com métodos de direção “informais” que ocorreram no PT. Precisamos é, ao mesmo que nos defendemos, defender Governo do Presidente Lula, reconstruir (prefiro o termo “refundar”) nossa cultura política, nossos métodos de direção e também evoluir, programaticamente, para fazer um segundo Governo melhor do que o primeiro, em todos os níveis.
6. A pauta política do Governo -garantida a estabilidade econômica e as bases mínimas da sanidade fiscal- passa mudar lentamente. A ênfase no crescimento e na distribuição de renda, no aumento do emprego e na qualificação das políticas que combatem a desigualdade social vergonhosa no país, começa a ficar clara nos discursos públicos do Presidente e nas orientações construídas internamente, comandadas pelo próprio Presidente. O Presidente Lula não abre mão da sanidade fiscal, já conquistada, mas entende que as bases para um ciclo longo de desenvolvimento sustentável estão dadas: essa vai ser a linguagem do governo, ora em diante, que deve vertebrar um sistema de alianças mais sólido, se ele for candidato, como todos esperamos.
7. Elevar o nível do debate político e programático, abrigando a oposição a expressar os seus verdadeiros pontos-de-vista sobre o futuro, impor a pauta do desenvolvimento e do crescimento, do combate às desigualdades e da denúncia das privatizações selvagens, apresentar o que estamos fazendo para combater a exclusão social e educacional, comparar a nossa política externa soberana com a política de “alinhamento automático” de FHC, mostrar os dados concretos da economia e da situação financeira do país, comparativamente ao governo anterior; dialogar sempre em alto nível com a oposição mesmo que eles baixem o nível: este é o comportamento adequado para sairmos da defensiva.
8. Nosso Governo não é perfeito, não existe Governo perfeito. Só a ilusão romântica de um certo bolchevismo tardio -muitos diferente aliás do bolchevismo histórico que foi superado pela vida e pela experiência- é que acreditaria que um partido novo como PT, no interior da crise mundial de perspectivas da esquerda, estaria totalmente livre dos vícios históricos da política tradicional. Lamentá-los para superá-los.Não para abandonar o barco quando a travessia mal iniciou.
1. O bloqueio político continua firme. Os dados econômicos absolutamente favoráveis ao atual Governo (da recuperação do emprego, por exemplo, 126 mil com carteira assinada em fevereiro) –o melhor da história do país para este mês- continuam subsumidos num mar de denúncias de todos os tipos. A maior parte da mídia sempre apresenta as denúncias como verdades absolutas, que só “confirmam” as denúncias anteriores.
2. A recente apresentação da peça acusatória da procuradoria Geral da República contra diversos ex-dirigentes, ex-deputados e deputados -peça que é apresentada ao Poder Judiciário para INICIAR um processo que pode (ou não) proporcionar as condenações- foi amplamente festejada como uma vitória da ética e da Justiça. Todos já foram julgados em “grupo” -pelos meios de comunicação- e expostos à execração pública sem nenhuma condenação judicial.
3. A apreciação, aqui apresentada, não deve ser entendida como convicção de inocência dos denunciados, mas pretende ser uma proposta de aprendizado, para que tomemos uma posição ética e democrática, quando “avaliarmos” qualquer partido ou liderança em situação análoga. Certamente muitos dos denunciados serão absolvidos, outros serão condenados, mas todos já tem a sua vida marcada, em definitivo, face à força desigual com que as versões transitaram pela mídia.
4. Um outro exemplo desta desigualdade: atualmente é veiculada de forma sistemática, por parte da imprensa, a opinião de um “jurista”, Miguel Reale Júnior, que defende que estão implementadas as condições para o “impedimento” do Presidente Lula. Omite-se que Miguel Reale Junior é quadro político do PSDB, foi ou é suplente de Senador do referido Partido e é ex-Min. da Justiça de FHC. Uma pessoa que, evidentemente, não tem qualquer isenção para emitir uma opinião “neutra” e técnica sobre o assunto, e que está fazendo apenas o jogo político do seu Partido .
5. Necessário ressaltar, também, que o atual massacre informativo contra o PT e o Governo, não deve nos levar a uma posição conciliatória ou contemplativa com as ilegalidades cometidas ou com métodos de direção “informais” que ocorreram no PT. Precisamos é, ao mesmo que nos defendemos, defender Governo do Presidente Lula, reconstruir (prefiro o termo “refundar”) nossa cultura política, nossos métodos de direção e também evoluir, programaticamente, para fazer um segundo Governo melhor do que o primeiro, em todos os níveis.
6. A pauta política do Governo -garantida a estabilidade econômica e as bases mínimas da sanidade fiscal- passa mudar lentamente. A ênfase no crescimento e na distribuição de renda, no aumento do emprego e na qualificação das políticas que combatem a desigualdade social vergonhosa no país, começa a ficar clara nos discursos públicos do Presidente e nas orientações construídas internamente, comandadas pelo próprio Presidente. O Presidente Lula não abre mão da sanidade fiscal, já conquistada, mas entende que as bases para um ciclo longo de desenvolvimento sustentável estão dadas: essa vai ser a linguagem do governo, ora em diante, que deve vertebrar um sistema de alianças mais sólido, se ele for candidato, como todos esperamos.
7. Elevar o nível do debate político e programático, abrigando a oposição a expressar os seus verdadeiros pontos-de-vista sobre o futuro, impor a pauta do desenvolvimento e do crescimento, do combate às desigualdades e da denúncia das privatizações selvagens, apresentar o que estamos fazendo para combater a exclusão social e educacional, comparar a nossa política externa soberana com a política de “alinhamento automático” de FHC, mostrar os dados concretos da economia e da situação financeira do país, comparativamente ao governo anterior; dialogar sempre em alto nível com a oposição mesmo que eles baixem o nível: este é o comportamento adequado para sairmos da defensiva.
8. Nosso Governo não é perfeito, não existe Governo perfeito. Só a ilusão romântica de um certo bolchevismo tardio -muitos diferente aliás do bolchevismo histórico que foi superado pela vida e pela experiência- é que acreditaria que um partido novo como PT, no interior da crise mundial de perspectivas da esquerda, estaria totalmente livre dos vícios históricos da política tradicional. Lamentá-los para superá-los.Não para abandonar o barco quando a travessia mal iniciou.