CALA A BOCA FHC!
05/04/2006 - FHC critica Lula, mas demorou 200 dias para demitir ministro denunciado
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou em artigo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por ter demorado onze dias para demitir o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci. Entretanto, esqueceu que ele próprio demorou sete meses para demitir o seu ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, envolvido em várias denúncias, entre elas remessas ilegais de divisas para o exterior.
A constatação foi feita em levantamento publicado nesta terça-feira (4) pelo Jornal do Brasil. “O calendário não mente na comparação do tempo que permeou a derrocada de Palocci com o desgaste de alguns dos principais assessores de FH: o ex-ministro peemedebista Eliseu Padilha (Transportes), por exemplo, passou longos sete meses sendo fritado desde a primeira denúncia que o envolveu com remessas ilegais de recursos para o exterior”, diz o jornal.
A acusação contra Padilha surgiu em março de 2001, mas Padilha só foi afastado por FHC em outubro. Segundo recordou o JB, o ex-ministro teria informações sobre o pagamento de dívidas judiciais do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) pelo menos desde 1997.
“As fraudes no extinto DNER levaram o Ministério Público Federal a denunciar Padilha, o ex-secretário-geral da Presidência da República Eduardo Jorge Caldas Pereira e outros 14 suspeitos, entre funcionários públicos, empresas e lobistas.”
Ao fazer a crítica a Lula, o ex-presidente ignorou o telhado de vidro tucano. Em seu artigo, o ex-presidente tucano disse que teria demitido, “por muito menos”, muitos ministros que não tinham culpa no cartório e se disse indignado com a demora na demissão de Palocci.
Abaixo, a lista de alguns ministros que caíram durante o governo FHC, depois de permanecerem longo tempo no cargo, mesmo com várias denúncias contra eles. A lista foi publicada pelo JB:
Eliseu Padilha
Denúncia: 8 de março de 2001. O ex-ministro de Fernando Henrique só caiu em 24 de outubro, mais de sete meses depois. Padilha foi acusado de envolvimento com esquema de remessas de recursos ilegais ao exterior. À época, as investigações assinalavam que o ex-ministro dos Transportes tinha informações sobre o pagamento de dívidas judiciais do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) pelo menos desde 1997.
Élcio Álvares
Denúncia:
em 12 outubro de 1999 apareceram indícios de envolvimento com o crime organizado. Élcio deixou o governo em 19 de janeiro de 2000. O ex-ministro da Defesa foi acusado de encobrir traficantes no Espírito Santo.
Mauro Gandra
Denúncia:
Mauro Gandra
Denúncia:
As transcrições dos grampos teriam sido descobertas por FH em 9 de novembro de 1995 e o ministro da Aeronáutica se demitiu no dia 19 de novembro. O ex-presidente do Incra Francisco Graziano teria ordenado grampo telefônico, que acabou flagrando o então embaixador Júlio César dos Santos ao arquitetar a escolha da empresa que forneceria os equipamentos do projeto Sivam. Na gravação ele cita o nome de Gandra. O embaixador também foi afastado.
Mendonça de Barros
Denúncia:
Mendonça de Barros
Denúncia:
Os grampos teriam sido feitos no dia 28 de julho de 1998, mas a crise só foi deflagrada em 8 de novembro. Mendonça pediu demissão no dia 21, 13 dias depois do início da crise. Durante a privatização da Telebrás, grampos no BNDES flagraram conversas de Mendonça de Barros, então ministro das Comunicações, e o ex-presidente do BNDES André Lara Resende. Na gravação eles articulavam o apoio da Previ para beneficiar o consórcio do banco Opportunity, que tinha como um dos donos o economista Pérsio Arida, amigo de Mendonça de Barros e de Lara Resende. Até FH entrou na história. À época, especulou-se que o ex-presidente teria autorizado o uso de seu nome para pressionar o fundo de pensão.”
Agência Informes (www.informes.org.br)
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