Enquanto um busca eventos públicos para aparecer na mídia e crescer na preferência popular, o outro procura fugir dos eventos e encurtar a campanha. Separados nas estratégias, o ex-governador Geraldo Alckmin e o ex-prefeito José Serra se unem numa dificuldade: a falta de recursos para a campanha eleitoral.
Alckmin, com aproximadamente metade dos porcentuais de preferência do seu adversário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é obrigado a "correr atrás" e buscar ampla exposição pública para conquistar votos. Serra, ao contrário, favorito ao governo estadual, segundo todas as pesquisas de opinião, não tem necessidade de se expor muito e até aproveitou a semana com feriados para fazer uma cirurgia e aproveitar a fase de recuperação para organizar a sua campanha.
As dificuldades dos dois são as mesmas dos candidatos que não concorrem à reeleição: têm de descobrir um ritmo e uma estruturação de campanha adaptados aos novos tempos, que reservam poucos recursos para a fase de busca do voto.
Alckmin tem aproveitado as viagens a Brasília para, com o suporte natural do PSDB, conseguir criar fatos políticos para aparecer na mídia sem maiores gastos. Mas ainda está viajando pouco, improvisando roteiros, já que sua estrutura de campanha não está pronta e não há recursos para grandes eventos, enquanto seu adversário, Lula, tem contínua cobertura de mídia em suas atividades usuais. Ontem, Alckmin foi a Pernambuco num roteiro improvisado pelo coordenador de campanha, senador Sérgio Guerra.
Já Serra vive uma realidade diferente, embora com problemas semelhantes. No dia 10, quando se internou no Hospital Sírio e Libanês para refazer uma cirurgia de hérnia, seus médicos previram a alta para o dia seguinte, mas Serra só saiu na noite de quinta-feira, dia 13. Não houve problemas na cirurgia: a alta foi adiada porque ex-prefeito preferiu continuar internado para descansar, antes da maratona da campanha.
Ele explicou a assessores que optou por ficar no hospital mais dois dias para evitar a procissão de visitas que fatalmente ocorreria se voltasse logo para casa. Agora, já em casa, Serra vai aproveitar o descanso para estruturar a sua campanha. O principal desafio é o mesmo que tem feito Alckmin penar: a falta de um padrão de campanha.O ex-prefeito tem dito a assessores que, a seu ver, a campanha será extremamente curta e terá poucos eventos públicos.