24 março 2006

PSDB e PFL querem impedir investigações sobre Furnas

Belo Horizonte, 23 de março de 2006.

Em relação às bravatas e ameaças feitas ontem, quarta-feira, dia 22, pelos senadores Arthur Virgílio e José Agripino Maia, na tentativa de sufocar as apurações referentes ao caixa dois do PSDB e PFL em 1998, através do senhor Eduardo Azeredo, e em 2002, através de Furnas, esclareço que:
1 - De posse de cópias da lista de Furnas, entreguei-as ao Ministério Público Estadual e a Polícia Federal para apuração;
2 - Ressalto que minha postura, desde o início das investigações, foi de corroborar com o andamento das mesmas, cumprindo uma das funções do Legislativo: a de fiscalizar. Informo, ainda, que o Sr. Carceroni, de posse das mesmas cópias, protocolou representações na PF, MP, Controladoria Geral da União, Senado e Câmara Federal para que fossem averiguadas. Dessa forma, faz-se necessário impedir que fatos isolados sejam usados para manipular a informação;
3 - O PSDB e o PFL, através dos líderes Arthur Virgílio e José Agripino Maia, querem "sufocar" as investigações sobre Furnas e proteger seus correligionários denunciados por formação de caixa 2, utilizando- se de ameaças e ações intimidatórias, em especial em relação ao professor Carceroni. Se desejam realmente averiguar a verdade, que me convoquem para depor na CPI, onde mostrarei tudo o que já apurei em relação ao valerioduto e ao dimasduto dos tucanos;
4 - O conteúdo das denúncias apontam a necessidade de continuar as investigações e não ações diversionistas, que tentam tirar o foco das graves irregularidades já comprovadas em Furnas. Exemplos destas irregularidades são a realização, sem licitação, de inúmeros contratos e aditamentos realizados entre Furnas Centrais Elétricas e diversas empresas citadas pela referida lista. Muitos desses contratos já vêm sendo investigados, entre eles os realizados com as empresas Bauruense Ltda - que conta com participação acionária da filha de Dimas Toledo e, segundo a imprensa, com fortes laços com o senador Álvaro Dias - e Toshiba, ambos os casos já noticiados. A primeira chegou a faturar R$ 800 milhões em apenas três anos com seu contrato com Furnas. Já a Toshiba teve seu envolvimento confirmado pelo ex-executivo da empresa José Antônio Talavera. Ele afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que teriam sido cobrados da empresa US$ 5 milhões de propina para que ela pudesse construir duas usinas termoelétricas - em Campos dos Goytacazes e São Gonçalo, ambas cidades no Estado do Rio de Janeiro - para Furnas;
5 - Estes fatos, somados à confissão do ex-deputado Roberto Jefferson de ter recebido R$ 75 mil de Furnas e à afirmativa do jornalista Ricardo Noblat (em seu blog, no dia 21/01) de que ouviu de um deputado paulista, sob a condição de não revelar seu nome, que ele também recebeu R$ 75 mil de Toledo, reiteram a necessidade de se realizar uma profunda investigação sobre as denúncias envolvendo Furnas Centrais Elétricas, independentemente da autoria da Lista de Furnas. As investigações sobre a autoria da lista devem existir e o Sr. Nilton deve apresentar os originais. Porém, esse fato não pode servir de estratégia para desviar a atenção, evitando-se assim a averiguação e punição dos responsáveis pelo desvio de milhões de reais de recursos públicos;
6 - Um exemplo visível dessa estratégia é falta de interesse da CPI em investigar um outro documento entregue à PF pelo Sr. Nilton. Esse documento inclui provas do caixa 2 realizado pelos tucanos durante a campanha de reeleição do então governador do Estado de Minas Gerais, Sr. Eduardo Azeredo. O documento periciado pela Polícia Federal confirmou que a assinatura do então coordenador financeiro da campanha, Sr. Cláudio Mourão, é verdadeira e não há montagem. Esses documentos atestam o custo de R$ 100 milhões na campanha, R$ 91 milhões de caixa 2, sendo que R$ 53 milhões foram repassados pela SMP&B e DNA, empresas de Marcos Valério e que foram utilizados, inclusive, recursos advindos de estatais como Cemig (R$ 1.673.981,90), Comig (R$ 3.000.000,00 - 2x R$ 1.500.000,00), Copasa (R$ 1.500.000,00), Bemge (R$ 1.000.000,00), Crédito Real (R$ 1.000.000,00), Loteria Mineira (R$ 500.000,00) e R$ 2.000.000,00 da administração direta, totalizando R$ 10.673.981,90 de dinheiro público;
7- Se os senhores Virgílio e Agripino desejarem tomar ciência ao menos do mínimo da verdade, sugiro que requeiram à Polícia Federal os dois laudos: o primeiro assinado por Cláudio Mourão, feito a partir do original; e o relativo à Furnas, não conclusivo pois realizado a partir de uma cópia autenticada. Este último diz que existem convergências entre a assinatura do ex-diretor geral da estatal Dimas Toledo e aquela do documento que registra beneficiários e contribuintes do caixa 2 de R$ 40 milhões arrecadado pela empresa nas eleições de 2002. Em tempo, o documento foi autenticado pelo 15º Ofício de Notas e também pelo 4º Ofício de Notas, ambos do Rio de Janeiro.
Atenciosamente,
ROGÉRIO CORREIA
Deputado Estadual PT-MG
II Vice-Presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais