GOVERNO LULA
Representantes do TRC oferecem apoio crítico ao Ministério dos Transportes
Fonte: Redação NTC Notícias 6/2/2006
Vianna discursa durante almoço da comitiva da vistoria à BR-116
SÃO PAULO - Os representantes do setor de transporte rodoviário de cargas (TRC) reclamam de muitas coisas: da não aplicação integral dos recursos da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), da situação precária de algumas estradas brasileiras, da falta de fiscalização de peso, entre outros. Mas uma coisa os dirigentes reconhecem, nenhum governo deu tenta atenção ao setor como o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Essa conclusão foi expressa, durante a vistoria ao trecho paulista da BR – 116, rodovia Régis Bittencourt, nessa sexta-feira, 03/02, pelo presidente da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística), Geraldo Vianna, e pelo presidente da Unicam (União Nacional dos Caminhoneiros), José Araújo da Silva, conhecido como China.
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Na parada para o almoço, na propriedade de outro representante do setor, Antonio Herculano Filho, vice-presidente do Sindicam – SP (Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Estado de São Paulo), em Miracatu, Geraldo Vianna falou em nome do setor. Segundo ele, como principais usuários das estradas, os transportadores têm obrigação de demonstrar insatisfação. O último grande investimento na malha viário foi feito entre 1985 e 1990, durante o governo Sarney. “Dessa época para cá não houve mais nada significativo, a não ser os investimentos provenientes das concessões”, reclamou.
Falta de investimentos incompatível com o quanto o setor gera de receita. Os caminhões representam 66% da receita da concessionária NovaDutra; e quando a BR -116 , principal ligação entre o Brasil e o Mercosul, for privatizada, a concessionária vencedora receberá ainda mais. "Além disso, somos grandes contribuintes da CIDE". Não é possível ter um imposto para isso (estradas) e esse imposto não retornar”, disse Vianna.
Por mais que o governo federal tenha liberado recursos da Cide, muita coisa foi represada ou destinada para outros fins desde a criação da taxa, ainda no governo Fernando Henrique. Em 2005, 87% da Cide será investida, mas o que foi recolhido nos três anos anteriores esteve longe de ser gasto adequadamente.
Apesar da indignação o presidente da NTC&Logística disse que em 35 anos de trabalho dedicado ao TRC, nunca um governo foi tão acolhedor com o setor. “Ao fazer isso, não assumo nenhum envolvimento eleitoral”, esclareceu Vianna.
As lideranças foram recebidas pelo próprio presidente da República, pelo menos quatro vezes. Mesmo com esse atendimento, as lideranças formaram a Frente Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas, e fizeram uma manifestação pacífica chamada Grito das Estradas, mas que bloqueou com 120 bitrens a região da Esplanada dos Ministérios, durante a tarde de 17 de outubro do ano passado.
Muitas das reivindicações do movimento têm sido atendidas. “Aquela pregação teve resultados”, comemora o presidente da NTC&Logística. Por isso, “ao cobrar, eu não posso cobrar igual de quem faz e de quem não faz”, completou.
Vianna lembra que o setor de infra-estrutura viária já recebeu quase 2% do PIB em tempos de crescimento econômico. Mas no primeiro ano do governo Lula, este índice baixou para 0,1% do PIB. Por isso mesmo, no seminário anual realizado como apoio da NTC&Logística, no Congresso Nacional, em 2004 foi cunhada a expressão “apagão logístico”, em comparação com o termo apagão destinado ao setor de energia elétrica.
Carnaval
Em 2005 foram gastos 3,5 bilhões, em recuperação de rodovias e outra obras viárias, não é o suficiente, mas não é pouco. Apesar disso, o governo “faz um carnaval da operação tapa-buraco”. O Programa Emergencial de Trafegabilidade e Segurança nas Estradas (PETSE) foi apelidado pelo próprio Lula de operação Tapa-buraco, nome que representou uma “bofetada na cara do setor”, dise Vianna. “Nós queremos tapa buraco, mas não só tapa buraco”, explicou.
Para o presidente da Unicam, China, os 440 milhões de reais destinados à operação é um “pingo d’água no oceano”. Fomos a dezenas de reuniões no Ministério dos Transportes, eles têm um compromisso com a restauração das rodovias”, lembrou.
Quanto ao plano de investimentos na malha federal para 2006, e com o próximo lote de concessões que barateará o preço do pedágio em rodovias federais, Vianna diz que os líderes do setor estão começando a “enxergar uma luz no fim do túnel,”. “Mas não podemos nos desmobilizar”, terminou.
LEIA MATÉRIA SOBRE A VISTORIA DO TRECHO PAULISTA DA BR-116