03 janeiro 2006

AONDE TIVER FRAUDE, CORRUPÇÃO, FANTASMAS E LARANJAS TEM PSDB.


Denúncia

Suspeita de fraude na AL de Goiânia

Delegado investiga existência de dez ‘laranjas’ que repassariam salários a sobrinho do presidente
03/01/2006
Pedro Palazzo Luccas
Da editoria de Política
A Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (Derccap) instaurou ontem inquérito policial para apurar a existência de cerca de dez funcionários fantasmas na Assembléia Legislativa, cujos salários seriam repassados para Wendel Carlos de Almeida, sobrinho do presidente da Casa, deputado estadual Samuel Almeida (PSDB). Os fantasmas teriam sido escolhidos entre os fiéis da Igreja Assembléia de Deus Ministério Fama. O delegado Luziano Carvalho recebeu a denúncia anônima com detalhes do esquema, que conferem com depoimentos de quatro testemunhas. Samuel se pronuncia sobre o caso em coletiva, às 10 horas de hoje, na Presidência da Assembléia.Os salários dos funcionários fantasmas variavam entre R$ 3,5 mil e R$ 7,5 mil e eram pagos, por meio de ordem de pagamento, em agências do Banco Itaú, na Assembléia, no Setor Fama e no Setor Urias Magalhães, entre outros. O esquema teria durado oito meses – de março a novembro. As quantias, em espécie, eram entregues nas mãos de Alcidinei Costa Rocha, o Nei, motorista da família Almeida, e repassadas por ele a Wendel. Uma das testemunhas confirmou, anonimamente, o conteúdo da denúncia à TV Anhangüera. A testemunha depôs ontem.“Em depoimentos tem que se confiar de forma limitada, mas, por ser espontâneo, natural, com riqueza de detalhes e se tratar de pessoas cristãs, achei por bem abrir o inquérito.” O delegado pretende ouvir Wendel às 9 horas de amanhã. “Ele é a chave do esquema.” Luziano diz que não pode afirmar se a origem do dinheiro é a Assembléia, mas sabe que o pai de Wendel e irmão de Samuel, pastor Abigail Carlos de Almeida Filho, foi diretor financeiro da Casa.Uma das depoentes, Julilene Pires Farias, foi empregada na casa da família Almeida (Wendel mora com o pai). Segundo ela, Wendel pediu-lhe dados pessoais para que depositasse R$ 200, que ela pensou ser acerto pelos serviços prestados. No nome dela foi adquirida ambulância, a serviço da Secretaria de Saúde, que tem entre o quadro de funcionários do Departamento de Transportes Weuler Carlos de Almeida, irmão de Wendel. “Ela não teria condições de comprar ambulância”, diz o delegado.A Polícia Civil apurou que um dos membros da família movimentou a conta bancária de Julilene, cuja numeração é 10818-4 na agência 4423. Constava em 11 de novembro um depósito no valor de R$ 3.636,56, referente ao pagamento pela quilometragem da ambulância. A quantia teria sido repassada para Wendel, assim como o pagamento dos funcionários fantasmas da Assembléia Legislativa.O(s) denunciante(s) denomina(m) a operação de Sodoma e Gomorra, em referência a duas cidades citadas na Bíblia e onde a promiscuidade reinava. No relato bíblico, consta que Deus mandou chover enxofre para destruir as cidades. Luziano diz que o texto da denúncia tem influência bíblica, e pode se tratar de laranjas insatisfeitos com o suposto esquema. Luziano ouviu depoimentos de Nei, Julilene, Sérgio de Jesus Rodrigues e Rachel do Carmo Silva – esta diz que trabalhou na Assembléia.Outras pessoas que, segundo Nei, teriam movimentado dinheiro: Jonatas Reis e a mulher dele, Cristina; Jessé, parente de Jonatas; Leidiane; e José da Paixão. Ele diz que o dinheiro foi repassado em mãos a Abigail Filho também. Nei afirma que laranjas receberiam de R$ 150 a R$ 300 pelo serviço, mas Rachel nega ter recebido qualquer quantia.