Apoio a João Paulo vira manifestação pró-Lula
RICARDO MELO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ato convocado pelo PT em defesa do mandato do deputado João Paulo Cunha (SP) se transformou numa manifestação contra a direita e pela reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ontem, em São Paulo. Mesmo cassado, o ex-deputado José Dirceu foi a grande estrela do evento.
Tratado como uma espécie de herói do partido, Dirceu foi ovacionado ao chegar, provocou choro em militantes e recebeu beijos e abraços durante todo o trajeto da porta do local até o palco onde ficou a mesa da manifestação, no centro Trasmontano (centro da capital). Mesa que Dirceu e João Paulo compartilharam com lideranças como a ex-prefeita Marta Suplicy, o senador Aloizio Mercadante (SP), João Felicio (presidente da CUT), além de deputados, prefeitos e vereadores.
João Paulo é um dos deputados petistas que estão no "corredor da morte" do Congresso. A mulher dele é acusada de ter sacado R$ 50 mil reais da conta de Marcos Valério no Banco Rural.
O primeiro a falar foi Paulo Frateschi, presidente estadual do partido. Seu discurso apontou o tom que predominaria em praticamente todas as demais intervenções. "A direita quer nos derrotar, quer nos humilhar. Temos um enorme combate político pela frente", afirmou, ao se referir à cassação de Dirceu. "Precisamos nos preparar para resistir com luta, fazendo mais manifestações, enviando moções de apoio e telegramas para os deputados."
Felício, da CUT, abriu o discurso homenageando Dirceu. "Ninguém vai cassar sua alma guerreira", disse, chamando o movimento sindical a ficar ao lado dos deputados ameaçados de cassação.
Marta Suplicy foi uma das mais aplaudidas. Disse que Dirceu deu um exemplo para todos os militantes do partido. "Sua luta deixou uma vontade de passar um trator nessa direita oportunista", afirmou, para delírio da platéia de cerca de 800 pessoas. Marta fez um apelo pela união do partido e disse que agora não era momento de petistas ficarem se acusando. "Querem tentar impedir a reeleição do presidente Lula, mas nós não vamos deixar."
O senador Aloizio Mercadante falou em seguida. "Foi duro votar pela expulsão de Delúbio [Soares, ex-tesoureiro], mas o partido tem que reconhecer seus erros políticos", afirmou, sem provocar nenhum entusiasmo na platéia. Só recebeu aplausos quando disse que o PT estava sendo alvo de um "ataque político e ideológico".
Foi então que tomou a palavra José Dirceu. Foi tão aplaudido que mais parecia um ato de desagravo a ele do que de apoio a João Paulo. Começou em tom apoteótico: "O que está em jogo é o futuro do Brasil, de quem vai governar o Brasil". Disse que a acusação de corrupção serviu em outras épocas para derrubar governos, citando como exemplo o golpe militar de 64 e, agora, o que estariam tentando fazer com o governo Lula. "Não é o caixa dois que está em discussão. Se fosse isso, estariam investigando as contas da eleição do Fernando Henrique em 98, a campanha do José Serra em 2002", declarou. "É uma luta para desestabilizar o governo e inviabilizar a reeleição de Lula em 2006."
Dirceu sustentou que não há provas para cassar João Paulo, assim como não havia provas para cassá-lo. João Paulo falou em seguida para encerrar a noite. Disse que o partido deve se mobilizar para defender a Justiça na Câmara e evitar a cassação dos petistas.
RICARDO MELO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ato convocado pelo PT em defesa do mandato do deputado João Paulo Cunha (SP) se transformou numa manifestação contra a direita e pela reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ontem, em São Paulo. Mesmo cassado, o ex-deputado José Dirceu foi a grande estrela do evento.
Tratado como uma espécie de herói do partido, Dirceu foi ovacionado ao chegar, provocou choro em militantes e recebeu beijos e abraços durante todo o trajeto da porta do local até o palco onde ficou a mesa da manifestação, no centro Trasmontano (centro da capital). Mesa que Dirceu e João Paulo compartilharam com lideranças como a ex-prefeita Marta Suplicy, o senador Aloizio Mercadante (SP), João Felicio (presidente da CUT), além de deputados, prefeitos e vereadores.
João Paulo é um dos deputados petistas que estão no "corredor da morte" do Congresso. A mulher dele é acusada de ter sacado R$ 50 mil reais da conta de Marcos Valério no Banco Rural.
O primeiro a falar foi Paulo Frateschi, presidente estadual do partido. Seu discurso apontou o tom que predominaria em praticamente todas as demais intervenções. "A direita quer nos derrotar, quer nos humilhar. Temos um enorme combate político pela frente", afirmou, ao se referir à cassação de Dirceu. "Precisamos nos preparar para resistir com luta, fazendo mais manifestações, enviando moções de apoio e telegramas para os deputados."
Felício, da CUT, abriu o discurso homenageando Dirceu. "Ninguém vai cassar sua alma guerreira", disse, chamando o movimento sindical a ficar ao lado dos deputados ameaçados de cassação.
Marta Suplicy foi uma das mais aplaudidas. Disse que Dirceu deu um exemplo para todos os militantes do partido. "Sua luta deixou uma vontade de passar um trator nessa direita oportunista", afirmou, para delírio da platéia de cerca de 800 pessoas. Marta fez um apelo pela união do partido e disse que agora não era momento de petistas ficarem se acusando. "Querem tentar impedir a reeleição do presidente Lula, mas nós não vamos deixar."
O senador Aloizio Mercadante falou em seguida. "Foi duro votar pela expulsão de Delúbio [Soares, ex-tesoureiro], mas o partido tem que reconhecer seus erros políticos", afirmou, sem provocar nenhum entusiasmo na platéia. Só recebeu aplausos quando disse que o PT estava sendo alvo de um "ataque político e ideológico".
Foi então que tomou a palavra José Dirceu. Foi tão aplaudido que mais parecia um ato de desagravo a ele do que de apoio a João Paulo. Começou em tom apoteótico: "O que está em jogo é o futuro do Brasil, de quem vai governar o Brasil". Disse que a acusação de corrupção serviu em outras épocas para derrubar governos, citando como exemplo o golpe militar de 64 e, agora, o que estariam tentando fazer com o governo Lula. "Não é o caixa dois que está em discussão. Se fosse isso, estariam investigando as contas da eleição do Fernando Henrique em 98, a campanha do José Serra em 2002", declarou. "É uma luta para desestabilizar o governo e inviabilizar a reeleição de Lula em 2006."
Dirceu sustentou que não há provas para cassar João Paulo, assim como não havia provas para cassá-lo. João Paulo falou em seguida para encerrar a noite. Disse que o partido deve se mobilizar para defender a Justiça na Câmara e evitar a cassação dos petistas.