28 setembro 2005

Conselho de Ética

José Dirceu reafirma que é inocente e pede análise dos fatos


O deputado José Dirceu (PT-SP) reafirmou ontem, ao Conselho de Ética da Câmara, que é inocente das acusações de ser o responsável por um suposto esquema de compra de votos em troca de apoio parlamentar e que é vítima de processo político. Ele reiterou que não participou nem tinha conhecimento do suposto esquema de corrupção. “Eu me declaro inocente. Quero repelir essa tese de que tenha sido organizado no governo federal esse sistema de corrupção", afirmou. Segundo ele, se cometeu erros no PT foram erros políticos, de alianças políticas ou de programa. “E isso tem de ser julgado pelos filiados e eleitores”, destacou.
Dirceu sugeriu ainda que, ao analisarem o pedido de cassação de seu mandato, os parlamentares do conselho avaliem sua biografia pessoal e os fatos. “Para cassar o mandato de um deputado, para cassar o meu mandato, quero pedir a cada integrante do Conselho de Ética que o faça levando em consideração não só a minha vida e minha história, mas os fatos. Que leiam a minha defesa e que vejam que todos os que vieram depor nesse Conselho negaram minha participação nos empréstimos (feitos pelo PT) e qualquer atividade com relação ao suposto mensalão”, disse.
O deputado afirmou ainda que não aceitará ser cassado apenas porque “tem de ser cassado”. “Ou para saciar uma dita opinião pública, ou para provar que alguém é culpado, ou para saciar setores da mídia que, muitas vezes, se comportam como partidos políticos e disputam o poder no país. Não vou aceitar ser condenado politicamente, porque mesmo a condenação política precisa ter provas que o decoro parlamentar foi quebrado. Eu não quebrei o decoro, nunca fiz nada que desonrasse essa Casa ou o mandato de cada um que está aqui. Nem aqui e nem no governo”, afirmou.
Ele lembrou ainda que parlamentares que já o conhecem sabem que ele sempre fez um mandato político e alertou para a possibilidade de incorrer no erro de não separar os problemas políticos dos avanços já conquistados pelo país.
“Entendo que, talvez, estejamos incorrendo no gravíssimo erro de não separar os problemas que estamos vivendo, de denúncia, de corrupção e trabalhos das CPIs, dos avanços reais que são da sociedade brasileira: da criação de emprego, do controle da inflação, da estabilidade, dos avanços dos programas sociais, da agricultura familiar, da volta dos investimentos em infra-estrutura, em política industrial e em inovação tecnológica. Eu não vou me calar nunca, porque o Brasil já viveu muitas fases que, por erros políticos, jogamos fora os avanços sociais políticos e democráticos. Golpes, contragolpes. Juscelino Kubitscheck (ex-presidente) terminou seu governo acusado de ter sido o político mais corrupto do Brasil e morreu em dificuldades.
Recurso - No depoimento, Dirceu destacou ainda que vai “sempre se defender” e que vai recorrer à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) para saber se o processo contra ele no Conselho de Ética pode continuar mesmo após o PTB ter retirado a representação contra ele. Segundo ele, a retirada do processo “é um fato político extraordinário” e deve ser considerado.
Fonte: Informes - Informes é uma publicação da Liderança do PT na Câmara dos Deputados "As opiniões expressas nos artigos publicados no 'Informes' são de responsabilidade dos autores" :
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