Auditora fiscal do Trabalho Ingrid Berger sugeriu,
no último domingo (7), durante a divulgação do resultado das eleições,
que fosse jogada uma bomba atômica no Nordeste "como Nagasaki, para
nunca mais nascer uma flor nos próximos 70 anos”; a esdrúxula declaração
foi denunciada na Ouvidoria do Ministério Público do Trabalho (MTE); a
denúncia foi feita na esfera administrativa, pois a denunciada é
auditora aprovada em um concurso de 2013, está em estágio probatório, e
por isso, ainda não tem o direito à estabilidade funcional dada aos
servidores públicos
247 - A auditora fiscal do Trabalho Ingrid Berger
sugeriu, no último domingo (7), durante a divulgação do resultado das
eleições, que fosse jogada uma bomba atômica no Nordeste "como Nagasaki,
para nunca mais nascer uma flor nos próximos 70 anos”. A esdrúxula
declaração foi denunciada na Ouvidoria do Ministério Público do Trabalho
(MTE).
A denúncia foi feita na esfera administrativa, pois a denunciada é
auditora fiscal do Trabalho, aprovada em um concurso de 2013, está em
estágio probatório, e por isso, ainda não tem o direito à estabilidade
funcional dada aos servidores públicos.
Atualmente, a servidora, que é formada em direito, está lotada
Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Cuiabá, no Mato
Grosso.
A denúncia foi protocolada pelo advogado baiano Durval Saback. Ao
site Bahia Notícias, ele afirmou que recebeu a mensagem através de um
colega pelo Whatsapp e checou a veracidade da informação, e, através de
um colega, que também é auditor fiscal, confirmou que ela foi aprovada
no concurso público.
“A denúncia foi feita na ouvidoria do Ministério do Trabalho para
apurar se ela cometeu infração que possa ferir o Código de Ética do
Servidor, para instaurar um processo administrativo disciplinar. Somente
depois é que se saberá se ela cometeu a infração, para ser demitida do
serviço público ou não”, explica. Tempo depois, segundo o advogado, a
conta de Ingrid Berger foi deletada, assim como a postagem. Mas o print
da tela foi salvo.
Mensagens de incitação ao ódio, discriminação e racismo postados em
rede sociais ainda podem ser investigadas pelo MPF. A denunciada ainda
pode ser investigada na esfera cível e penal. Denúncias parecidas podem
ser feitas no site da Polícia Federal e da ONG Safernet.
Diante do caso, o internauta Tarciano Tarto publicou uma carta para a auditora:
Carta aberta à auditora fiscal do trabalho Ingrid Berger
Caríssima auditora,
Antes de tudo, preciso confessar-lhe que, apesar de nordestino, não
foi a ofensa ao meu povo e o vigor sanguinário da senhora que me
causaram mais indignação.
Logo de cara, julguei ser mais um caso entre tantos com o qual seria infrutífero “perder” tempo.
Mas quando vi que se tratava de uma ocupante de carreira exclusiva de
Estado, não tive dúvida acerca da necessidade de dirigir à senhora
algumas palavras, com o objetivo de tentar demovê-la de algumas ideias a
partir de fatos bem objetivos.
Por favor, apenas peço que continue lendo até o fim.
Na verdade, o que mais me indignou no comentário postado em rede
social foi saber que a senhora, apesar de auditora fiscal do trabalho,
respaldou quem acredita e faz outras pessoas acreditarem que o governo
que aí está há 12 anos apenas beneficiou pessoas “desqualificadas” e com
“pouca instrução” como os nordestinos, que recebem Bolsa Família, que
estão com os filhos na escola, que hoje cursam uma universidade, que têm
energia elétrica em casa, que estão livres da mazela da fome, que podem
(pasme!) viajar de avião pela primeira vez etc.
Imagino que a senhora desconheça que, além de governar para todo esse
povo nordestino, Lula e Dilma governaram para a senhora. E não foi de
forma indireta.
Vejamos: quando FHC, do PSDB (o mesmo partido de Aécio), entregou o
governo para Lula (aquele do PT tão odiado de Dilma), um auditor fiscal
do trabalho recém-nomeado, como a senhora foi recentemente, ganhava, em
janeiro de 2003, R$ 4.544,53 (classe A, padrão I da carreira).
Em 1º de janeiro de 2015, quando a presidenta Dilma Rousseff deverá
pela vontade do povo assumir seu segundo mandato, esse valor será nada
mais nada menos que R$ 15.743,64 (classe A, padrão I), segundo a Lei
12.808, sancionada por essa mesma presidenta em 8 de maio de 2013.
É bem provável que haja o desconhecimento de outro fato: se hoje a
senhora integra uma carreira típica de Estado e ganha esse valor mensal
pelo seu trabalho como servidora não foi simplesmente pelo seu grande
esforço pessoal de estudar e passar num dos concursos mais concorridos
do país.
Durante o governo FHC, cuja cartilha será seguida por Aécio, a ideia
era a do Estado mínimo, com instituições públicas esfaceladas e
servidores desvalorizados.
Portanto, votar em Aécio significa retroceder a um modelo de Estado
com quase nenhum concurso público e negociações salariais bem escassas
com seus servidores.
Sendo muito franco com a senhora, se esse modelo estivesse vigendo
até hoje, mesmo com todo o esforço pessoal, a senhora provavelmente não
estaria onde está e não ganharia o que ganha, simplesmente porque a
oportunidade que lhe foi dada (a do concurso público e a do salário
condizente com seu cargo) muito certamente não existiria.
Nesse contexto, vale destacar ainda o grande salto que o presidente
Lula promoveu à carreira dos auditores fiscais do trabalho ao sancionar,
em 24 de dezembro de 2008, a Lei 11.890, concedendo, além de aumento
escalonado e retroativo a julho daquele mesmo ano, a transformação da
remuneração dos auditores em subsídios – modalidade até então cabível
apenas a alguns cargos e carreiras dentro do Estado brasileiro, como
presidente da República, ministros de Estado, membros da magistratura,
integrantes do Ministério Público etc.
Foi uma sinalização clara do presidente para valorizar a carreira dos
auditores do trabalho, extinguindo todos os “penduricalhos”
remuneratórios, como gratificações, abonos e adicionais, que criavam
diferenciações dentro da carreira, estabeleciam instabilidades entre
auditores e submetiam o valor recebido mensalmente a avaliações
individuais e institucionais.
Enfim, só para fazer mais uma comparação, peço que verifique o valor do topo da tabela remuneratória, em dezembro de 2002.
Quando FHC deixou o governo, um servidor que já havia percorrido
todas as classes e padrões da carreira ganhava R$ 7.376,91 (classe
especial, padrão IV), sendo R$ 4.885,37 como vencimento básico e o
restante a título de gratificação, que dependia de avaliação pessoal e
institucional.
Em 1º de janeiro de 2015, um auditor do trabalho ao ocupar o topo da
tabela receberá mensalmente R$ 22.516,88 (classe especial, padrão IV),
em parcela única por meio de subsídio. Ganho considerável, mesmo se a
senhora descontar a inflação do período!
Por tudo isso, senhora Ingrid Berger, peço que reveja alguns
conceitos e perceba a partir desses esclarecimentos que, assim como os
nordestinos, a senhora também é uma beneficiária das políticas
praticadas por esse governo da presidenta Dilma.
Minha esperança é que, com Dilma permanecendo na Presidência da
República, nordestinos continuem se beneficiando, mas também auditores
fiscais do trabalho continuem sendo valorizados com salários cada vez
mais condizentes com a reponsabilidade, a expertise e a competência que
são exigidas de quem ocupa um cargo tão importante para o Estado, como é
o caso da senhora.
Respeitosamente,
Tarciano Ricarto