Por Paulo Moreira Leite
Aos 60 anos de idade, Aloizio Mercadante encontra-se no ponto mais alto de quatro décadas de uma atividade politica iniciada como liderança estudantil na luta contra regime militar, no início dos anos 1970. Como ministro-chefe da Casa Civil, ele representa os olhos e os ouvidos da presidente Dilma Rousseff, cuja confiança conquistou depois de um retorno tímido a Brasília, como ministro de Ciência e Tecnologia, quase um cargo de consolação após a derrota na disputa pelo governo de São Paulo, em 2010. Promovido a ministro da Educação em 2012, Mercadante assumiu a Casa Civil no início deste ano, quando Gleisi Hoffman se afastou para disputar o governo do Paraná. Escalado, inicialmente, para administrar o governo enquanto a própria Dilma enfrentava a dupla jornada de presidente e candidata, Mercadante tornou-se, nas últimas semanas, uma peça importante na campanha pela reeleição, também.
Com uma formação acadêmica que vem da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo, reforçada por cursos de pós-Graduação na Universidade de Campinas, Mercadante dedicou um de seus livros mais recentes, ("Brasil - A construção retomada") a Celso Furtado, o grande mestre do pensamento desenvolvimentista, autor de "Brasil- A construção interrompida", obra que foi uma das fontes de inspiração da vida acadêmica do ministro. Ninguém poderia imaginar que, em 2014, no calor da disputa presidencial, um assessor de Marina Silva colocaria em dúvida as ideias do mestre para dar combate a política econômica do governo Dilma. Foram críticas "preconceituosas e rebaixadas," rebate Mercadante, nesta entrevista exclusiva ao 247.
Conhecido, nas assembleias estudantis, como uma das oratórias mais calibradas de sua geração, Aloizio Mercadante abriu um espaço em sua agenda desumana, na semana passada, para dissecar, ponto a ponto, o programa de governo de Marina Silva. A entrevista:
247 – O senhor já definiu o programa de Marina como uma colcha retalhos, que tenta unir o Neo-Liberalismo de Collor – FHC com políticas sociais e ampliação do mercado interno do governo Lula. Como entender isso?
Aloizio Mercadante – Estamos discutindo o futuro do Brasil e, portanto, o debate democrático deve ser feito de forma rigorosa e profunda. Convivi com Marina Silva por décadas, no Partido dos Trabalhadores (PT) e como parlamentar da mesma bancada no Congresso Nacional. Minha análise, extremamente crítica à candidatura de Marina, leva em conta a composição de forças heterogêneas, predominantemente conservadoras, que estão reunidas em torno de sua candidatura e as inconsistências e contradições presentes em seu programa de governo no discurso de campanha, que merecem reflexão criteriosa. O programa de governo de Marina Silva é uma colcha de retalhos, mal costurada. Além do improviso e da precariedade de suas propostas, são gritantes a quantidade de plágios já comprovados e os sucessivos recuos diante de diversos temas.
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http://www.brasil247.com/pt/247/poder/154061/Ao-247-Mercadante-disseca-o-programa-de-Marina.htm