08 março 2014

Pesquisa do Ibope é devastadora para revistas

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Fator relevante da pesquisa sobre hábitos de consumo de mídia com 18 mil brasileiros, divulgada nesta semana pela Secretaria de Comunicação do governo federal, é o péssimo resultado das revistas; em último lugar na preferência do público, atrás de "outros", elas também são menos confiáveis do que os jornais; com baixa estima, circulação em queda e declínio comercial, como as revistas irão sobreviver?
247 – A velha pergunta sobre se a mídia impressa irá acabar diante do crescimento da internet tem agora uma resposta atualizada: as revistas estão morrendo aos olhos da multidão.
Das semanais de informação às ilustradas repletas de fotos, as revistas formam o segmento derrotado pelos números da pesquisa Ibope, divulgada pela Secretaria de Comunicação Social, sobre hábitos de consumo de mídia do público brasileiro.
Entre as preferências sobre meio de comunicação, as revistas ficam num humilhante último lugar, com apenas 0,3% de indicações e, fator vexatório, atrás até mesmo da difusa opção por outras (0,8%). O primeiro lugar no ranking das preferências é a televisão, com 76,4%, mas a grande vitoriosa na pesquisa é a internet. Caçula das mídias sociais, ela já ultrapassou o rádio (7,9%), de acordo com o levantamento, para instalar-se no segundo lugar com 13,1%. Os jornais, de muito, ficaram para trás, hoje com somente 1,5% de indicações como midia preferida do público. Repita-se: um e meio por cento.
Não houve críticas à pesquisa. Os barões da mídia tradicional e familiar preferiram capturar pedaços dela para interpretação em lugar de questionar os resultados. Melhor assim. Afinal, trata-se do mais profundo levantamento realizado sobre o tema. Entre outubro e novembro de 2013, 200 pesquisadores aplicaram 75 perguntas a 18.312 brasileiros em 848 municípios.
Os jornais de 1,5% de preferências destacaram que detêm a liderança em credibilidade. Além disso, 53% dos leitores de jornais afirmaram confiar nas notícias publicadas neles – e aparece aqui mais um ponto negativo para a revistas. É o rádio o veículo que fica em segundo posto em credibilidade, com 50% de indicações de confiança entre seus usuários, contra 49% para o televisão pelos que a assistem. Só então o índice de confiança de leitores do veículo analisado chega às revistas, com 40%.
Entre os meios pesquisados, a revista é o que tem a menor presença no dia-a-dia dos brasileiros. De acordo com os resultados sobre frequência de uso, apenas 1% dos entrevistados leem este meio todos os dias, enquanto 85% afirmam que não costumam ler ou nunca leem revistas impressas. Se considerado o fato de que, em geral, as revistas impressas têm edições semanais, ainda assim a frequência se mantém baixa, pois apenas 7% dos entrevistados afirmam ler revista uma vez por semana ou mais.
A internet e o rádio são meios de comunicação muito presentes na vida das pessoas, ainda que em menor grau: 61% têm o costume de ouvir rádio e 47% têm o hábito de acessar a internet.
Nada menos que 97% dos entrevistados afirmaram ver TV, um hábito que une praticamente todos os brasileiros, com independência de gênero, idade, renda, nível educacional ou localização geográfica.
Já a leitura de jornais e revistas impressos é menos frequente e alcança, respectivamente, 25% e 15% dos entrevistados. Não há mesmo boas notícias para as revistas nesta pesquisa do Ibope – o que ajuda a entender a crise vivida por empresas como a Editora Abril.