Cristina Padiglione - O Estado de S.Paulo
É verdade que o número de domicílios com TV e o próprio número de TVs em cada
domicílio cresceu bastante nos últimos anos, mas a fatia que a Globo ocupa no
bolo dessa audiência ampliada diminui a olhos vistos. De 2004, quando teve sua
maior audiência noturna na última década, até 2013, a emissora perdeu 37% da
fatia que lhe cabe na faixa de 18 h à 0 h de segunda a sexta-feira: eram 38
pontos há 9 anos e agora são 25 (dados até quarta passada).
O share, termo que representa a participação da emissora no total de
aparelhos ligados, só endossa a queda. Em 2004, 59,9% dos domicílios com TV
ligada sinton
izaram a Globo nesse horário. Agora, até o último dia 4, essa
sintonia foi de 44,1%. No momento, só Amor à Vida sustenta alguma esperança para
as noites da Globo. Com novela das 6 e das 7 sem ibope que empolgue, o Jornal
Nacional também perdeu plateia. Na última quarta-feira, com capítulo de Amor à
Vida mais curto e já sem os efeitos da torcida corintiana para o Brasileirão, a
Globo amargou 19,1 pontos de 18h à 0h. Na quinta, essa média voltou a subir, mas
ainda abaixo da média do parcial de 2013, com 23,7 pontos.
TV paga. Os efeitos mais notáveis da outra ponta dessa
gangorra estão nos canais pagos. O crescimento da Record é compensado pela queda
do SBT. O fato novo está nos 10% de share que os canais por assinatura já
alcançam hoje na faixa nobre. Não só o número de assinantes dobrou no período,
como o hábito de zapear por canais pagos finalmente passou a fazer diferença
para o bolo da Globo.
