247 - O empresário Arthur Teixeira, proprietário
de duas empresas de consultoria, suspeitas de receber propina das
multinacionais Alstom e Siemens, para que fossem beneficiadas em
concorrências públicas, foi indiciado pela Polícia Federal brasileira a
pedido do Ministério Público da Suiça. Ele é citado nas investigações
sobre a formação de cartel em licitações do governo de São Paulo - para a
compra e a manutenção de trens - entre 1998 e 2008, durante as gestões
dos tucanos Mario Covas, Geraldo Alckmin e José Serra.
Em depoimento dado à Polícia Federal, o ex-executivo Ronaldo
Cavalieri, que trabalhou na empresa alemã Siemens durante 30 anos, disse
que autorizou pagamentos a duas empresas de consultoria - a Procint e a
Constech - ligadas a Arthur Teixeira e a Sergio Teixeira - este último
morreu há dois anos. As duas empresas são apontadas nas investigações
como sendo empresas que recebiam o dinheiro de propina do cartel.
Cavalieri contou que a justificativa para autorização dos pagamentos
era um contrato firmado entre o consórcio Sistrem e as consultorias de
Arthur Teixeira. De acordo com o relatório do Cade, que apura a formação
de cartel, o consórcio Sistrem foi formado pela empresa Siemens e
outras sete grandes do setor, para a construção da Linha-5 do Metrô de
São Paulo. A linha foi construída pela companhia paulista de trens
metropolitanos.
No relatório do Cade, a formação do contrato foi apontada como sendo
onerosa para o governo: "Deve-se lembrar que o preço foi resultado de
diversas rodadas de coordenação e negociações. O preço dificilmente
seria o mesmo em uma competição aberta". Arthur Teixeira também é
investigado em um outro inquérito: o de pagamento de propina pela
empresa francesa Alstom. Ele teve os bens, no valor de R$ 30 milhões,
bloqueados aqui no Brasil.
Atendendo a um pedido do Ministério Público da suíça, a Polícia
Federal ouviu e indiciou Arthur Teixeira por vários crimes, entre eles
lavagem de dinheiro e evasão de divisa. Também a pedido do MP suíço,
foram indiciados o ex-diretor da CPTM, João Roberto Zaniboni, e as duas
filhas dele. As informações foram divulgadas no Jornal Nacional, da
Globo.