Por Davis Sena Filho — Blog Palavra
Livre
— Onde está o Luiz Estevão? Tá solto, dotô.
— Onde está o Pimenta Neves? Tá solto, dotô.
— Cadê o Brilhante Ustra? Tá solto, leve e
livre.
— Por onde anda o Roger Abdelmassih? Soltinho
da silva.
— E o que falar do Reginaldo Pereira Galvão,
o Taradão?
— Está livre como um passarinho...
— Fala-me do Salvatore Cacciola.
— Ah, este foi preso, solto, fugiu pra Itália
e anos depois foi preso na Suíça. Novamente preso no Brasil, já está solto. O
banqueiro realmente deixou sua Marka no STF. Não esqueçamos do Naji Nahas, tá?
Aquele que quebrou a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro.
— Cadê o Nahas?
— Dotô, adivinha... Não faça cara de espanto.
Isto mesmo, solto, lépido e fagueiro.
— Qual é a situação dos irmãos Antério e
Norberto Mânica?
— Estão soltos, dotô.
— Você lembra do Daniel Dantas? Lembra? Onde
ele está?
— Solto dotô, mas esse assunto é antigo...
— Onde estão os políticos e empresários do
mensalão do PSDB e do mensalão da compra dos votos para reeleger Fernando
Henrique Cardoso — o Neoliberal I?
— Estão soltos e jamais serão punidos pelo
STF e denunciados pela PGR.
— O que aconteceu com José Serra, Geraldo
Alckmin e Gilberto Kassab quanto aos Trensalão e Metrosalão?
— Nada! Nadica de nada!
— E quanto à Privataria Tucana, ao Príncipe
da Privataria, ou seja, a privatização vergonhosa do patrimônio público
efetivada pelos tucanos quando estiveram no poder? Este, sim, o maior escândalo
da história da República...
— Dotô, aí o senhor está querendo saber
demais. Está me pressionando. Eu não tenho resposta pra tanta safadeza... Tanta
roubalheira...
— Alston e Siemens, o que você acha?
— A imprensa tucana se cala, dotô? Até agora
o que se vê são os barões de mídias atacarem o prefeito Haddad ao invés de
mostrar a corrupção tucana.
— E o rouboanel, os pedágios caríssimos, os
escândalos Banestado, Bicheiro Cachoeira-Demóstenes-Época-Veja?
— Ih, esquece, dotô! Não se toca no assunto e
nem se publica. Além disso, os crimes da imprensa não chegam aos plenários das
instâncias mais altas do Judiciário para votação e julgamento. O senhô não viu
como acabou a CPI do Cachoeira? Esvaziada como um balão sem ar.
— E por onde andam todas as pessoas
envolvidas com tantos escândalos comprovados e documentados? Até livros
publicados têm...
— Soltas e livres, dotô! Estão curtindo a
vida, dão gargalhadas de chorar e doer seus estômagos. Acho até que eles pensam
que todo brasileiro não passa de um otário ou idiota. Sem comentários...
— Então a maioria dos juízes do Supremo
Tribunal Federal e dos procuradores da Procuradoria Geral da República são
cegos, mudos e surdos?
— ...E ingênuos! Quanta ingenuidade, dotô!
Estou espantado e de queixo caído com tanta inocência. Até parece que eles
nasceram ontem. Os juízes e os promotores, dotô, assim como a imprensa
alienígena, têm lado, ideologia, partido político, classe social e muitos deles
têm time de futebol e escola de samba.
— É mesmo, é?
— Peraí, dotô, inocência tem limite! Não vai
me dizer que o senhô não sabia que esses homens e mulheres que se vestem com a
cor do luto ou dos corvos e usam a capa do Zorro são politicamente
conservadores, representam os interesses do establishment e lutam para manter
intacto o status quo das classes sociais dominantes?
— Ouvi falar de alguma coisa, mas não sabia
que a banda toca dessa maneira aqui em nosso...
— Se o senhô não sabe, quero te informar
também que eu estou a pronunciar as palavras “senhô” e “dotô” por motivo de
deboche, pilhéria, gozação, ironia e zombaria. Eu estou mangando do senhor,
doutor, como diz o povo do nosso Nordeste, pois sei muito bem o que está em
jogo neste País: a luta pelo poder, pela Presidência da República e pelo fim ou
diminuição dos programas de distribuição de renda e de riqueza. A burguesia, a
direita não tolera a emancipação do povo brasileiro e que ele freqüente
aeroportos, restaurantes, edifícios, universidades, shoppings e visite Miami,
Nova Iorque, Londres e Paris. As cortes da “elite” brasileira de caráter
colonizado, subserviente, subalterno e portador de um incomensurável e
inenarrável complexo de vira-lata.
— Meu Deus, eu estou chocado!
— Que é isso, dotô? Pára com isso! Os
coxinhas ricos, pobres e remediados são assim, e, o pior, sentem orgulho de
suas ignorâncias e alienações. Para perpetuar a hegemonia, ou seja, os
privilégios, a direita, a burguesia escravagista e seu principal porta-voz, o
sistema midiático de negócios privados, precisam desconstruir o PT,
desqualificar os projetos e programas dos governos trabalhistas e destruir a
imagem de militantes históricos do Partido dos Trabalhadores, e, por sua vez,
apostar em julgamentos que não respeitam o estado democrático de direito, a
Constituição Federal e o Direito processual. É um verdadeiro domínio do fato
deles e para o benefício político deles.
— E o PT vai fazer alguma coisa? Afinal, o
partido venceu as eleições, a obedecer às regras democráticas e
constitucionais...
Não sei dotô. O Governo Dilma tem um ministro
da Justiça que tem verve e características tucanas. Sempre em cima do muro e a
se recusar assumir o cargo que deveria ser o segundo mais importante da
República, ao invés de ser o de ministro da Economia ou da Casa Civil. Porém, o
ministro José Eduardo Cardozo não defende o Governo, não age e nem atua como
amortecedor político da presidenta Dilma Rousseff quando se trata de negociar
com o Congresso, com a PGR e com o STF.
— Ele é assim, é. Comporta-se desse jeito
mesmo?
Sim. É o óbvio ululante, como dizia Nelson
Rodrigues. O ministro Cardozo parece um burocrata, típico carreirista, que não
fede e nem cheira e que, para se dar bem no futuro, prefere imitar aqueles
macaquinhos que não enxergam, não falam e não ouvem. Nunca vi, meu prezado
dotô, um político e ministro da Justiça tão sem opinião, tão pusilânime e tão
fraco. Definitivamente, ele não lembra nem de perto o combativo, o valoroso e
destemido Partido dos Trabalhadores.
— Nossa: você não está a ser radical?
Radicais e de oposição de direita são os
juízes Joaquim Barbosa, Marco Aurélio de Mello, Rosa Weber, Gilmar Mendes, Luiz
Fux, além de outros que recentemente se aposentaram, bem como o
ex-procurador-geral de triste memória, o arrogante e partidário à direita,
Roberto Gurgel.
— Conversar com você foi muito instrutivo e
agora, apesar de ser doutor, poderei analisar e avaliar melhor todo o processo
do mensalão?
— Dotô, o “mensalão” do PT não foi provado e
comprovado, porque se trata da maior fraude e farsa da história do STF e da
PGR, que colheram e acolheram, segundo o condestável e imperativo Roberto
Gurgel, “provas tênues". O “mensalão” é um ardiloso e ilegal processo
político. Entendeu, dotô?
— Entendi, mas não compreendi...
As prisões de José Dirceu, José Genoíno,
Delúbio Soares e a fuga de Henrique Pizzolato para Itália refletem a
irresponsabilidade e a vocação ditatorial de um tribunal superior que, em
hipótese alguma, preocupou-se em observar as leis do País e os direitos civis —
a cidadania — garantidos pela Constituição de 1988.
O mensalão é uma farsa dantesca e inaceitável
para um País que vive em uma democracia estável sob o jugo das leis. Esse caso
é a maior trapaça da história deste País. O tempo e o bom senso vão mostrar,
sem titubear ou vacilar, o papel de cada personagem envolvido nessa trampolinice
histórica.
O “mensalão”, o do PT, visa somente favorecer
o campo político conservador, e, por seu turno, manter os privilégios de uma
casta muito rica, subalterna aos interesses dos países imperialistas, que se dá
por satisfeita em ser colonizada, para receber sobras, em termos mundiais,
daqueles que dominam o sistema de capitais em âmbito global.
Meu prezado dotô, não se apoquente, porque
tem muita água para passar debaixo dessa ponte. Tais águas falarão, por
exemplo, no horário eleitoral gratuito, quando a presidenta Dilma Rousseff vai
mostrar o que foi feito em prol do Brasil e do povo brasileiro. Essa realidade
os meios de comunicação comerciais e privados não poderão impedir.
Contanto, darei uma prévia no que diz
respeito aos escândalos de corrupção, cujos autores são empresários e
políticos, a maioria do PSDB, e que não são publicados e veiculados na imprensa
controlada pelos magnatas bilionários de caracteres golpistas:
1) Privataria Tucana – R$ 100,155
bilhões;
2) Banestado – R$ 42,155 bilhões;
3) Vampiros – R$ 2,450 bilhões;
4) TRT – R$ 1,850 bilhão;
5) Anões do Orçamento – R$ 855
milhões;
6) Sonegação da Globo – R$ 615
milhões;
7) Operação Navalha – R$ 610
milhões;
8) Máfia Fiscal Serra/Kassab – R$
500 milhões;
9) Propinoduto Tucano – R$ 425
milhões;
10) Sudam – R$ 214 milhões;
11) Sanguessugas – R$ 140 milhões; e
12) Mensalão – R$ 55 milhões.
Depois o sistema representado pela imprensa
imperialista tem a cara de pau de afirmar que o "mensalão" do PT é o
maior caso de corrupção de todos os tempos. Só um caso de sonegação da Globo é
da ordem de R$ 615 milhões.
Além da Sonegação da Globo relativa à Copa de
2002, os escândalos dos Anões do Orçamento e da Operação Navalha tiveram a
participação de vários partidos. O “mensalão” do PT, supostamente de R$ 55
milhões, mesmo com a prisão de algumas de suas lideranças não foi juridicamente
comprovado. Contudo, denunciado, julgado e veiculado, sistematicamente, pela
imprensa empresarial desde 2005.
José Dirceu e José Genoíno, além de Delúbio
Soares, sofreram a mais cruel e perversa campanha de calúnia, injúria e
difamação que eu vi em todos os tempos, pois na época de Getúlio Vargas eu
ainda não tinha nascido. Os ataques sucessivos e intermitentes contra esses
homens se transformaram em um verdadeiro linchamento público, sem trégua e
água.
Os outros seis escândalos que somam quase R$
150 bilhões até hoje não saíram dos escaninhos do STF, do STJ, da PGR e dos ministérios
públicos nos estados. E por que isto acontece? Porque no Brasil o Judiciário e
o MP são instituições “pertencentes” à burguesia e aos partidos conservadores
que a representam. O republicanismo está longe do modo de pensar de grande
parte dos juízes e promotores. Só quem não sabia disso era o dotô; mas agora
ele sabe.
A direita deita e rola e vai tentar levar o
caso do “Mensalão” do PT até as eleições presidenciais de 2014. É assim que a
banda toca nessas terras brasileiras. Todavia, esse panorama lúgubre e cinzento
vai um dia mudar, porque o Judiciário vai ter de ser republicano, pois é seu
dever e obrigação como Poder da República. Ponto.
Não sei o que vai acontecer em 2014; mas sei
que essa gente togada vai ter de dar satisfação ao povo brasileiro no que
concerne a julgar e se necessário punir todos os autores dos escândalos
perpetrados pelos tucanos e pela imprensa comercial e privada, além de os
empresários. Alguns deles são assassinos ou mandantes de assassinatos e até os
dias de hoje estão soltos e a aproveitar a vida da melhor maneira
possível.
No Brasil, não se prende apenas pobre, preto e puta. A Casa Grande e seus serviçais públicos e privados acrescentaram mais um "P" à sua perversa doutrina. Os petistas também foram incluídos. Deu para entender agora a teoria do domínio do fato, com embargos infringentes ou não, dotô? É isso aí.