14 janeiro 2015

Marta é Helena, que é Cristóvam, que é Marina. Ela também trai


Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre


ILUSTRAÇÃO: BESSINHA (VIA CONVERSA AFIADA)

É mais ou menos assim: Marta Suplicy sente rancor igual ao Cristóvam Buarque, que nunca perdoou o Lula por sair do Ministério da Educação por ser contrário ao programa do PT para a Pasta, além de ser considerado nada pragmático; Mas Marta, como o Cristóvam, ocupou cargos públicos de relevância, e foi senadora, ministra e prefeita de São Paulo, com o apoio do Partido dos Trabalhadores. 

Cristóvam foi governador e senador eleito pelo PT, em 2002. Atualmente está no PDT, mas tem a alma tucana. Marta é igual à Heloísa Helena, porque fala o que vem na telha sem raciocinar, porque inimiga do discernimento e divorciada da ponderação. A madame está danada, restando-lhe, porém, a verborragia e o ego do tamanho de sua ambição política, que não pôde ocupar o lugar de Fernando Haddad — o prefeito de São Paulo, cargo que a sexóloga já exerceu, a ter o PT como seu partido.

Marta é igual à Marina, pois política dissimulada sobre o que quer e o que não quer. A quase ex-petista manipula os fatos e as realidades para atacar seus correligionários e prejudicá-los politicamente, a dar combustível à imprensa da Casa Grande, que se tornou o maior e o mais poderoso partido de oposição de direita, um dos responsáveis diretos pelo golpe militar de 1964.

A madame Marta Suplicy está furiosa e não diz claramente o porquê de sua ira, apesar de todo mundo saber de seus reais motivos. Já se ela não fala abertamente, eu falo: Marta está inconformada e demonstra toda sua vocação de traidora porque não foi candidata à prefeita de São Paulo, não se entende programaticamente com a presidenta Dilma Rousseff e pretende novamente abrir as portas da imprensa de mercado e antropofágica, porque talvez possa ser candidata à Presidência da República em 2018.

A madame quase ex-petista deve pensar com seus botões: "Se a Marina Silva com aquele seu blá, blá, blá estratosférico, entediante e confuso conseguiu ser candidata a presidente por duas vezes, porque eu também, que não falo nada com coisa nenhuma não posso ser candidata?" — indaga-se, com o punho dobrado debaixo do queixo.

E completa: "Vou botar pra quebrar. Primeiro vou sair atirando, e, dessa forma, atrair o interesse da imprensa oportunista e golpista, a dizer a seus áulicos ou capatazes, que mesmo sendo uma quase ex-petista posso muito bem voltar ao meu ninho, que são as Organizações(?) Globo e todo o monopólio midiático monopolizado e cartelizado, que, se Deus quiser, não vai me faltar em um momento tão traidor da minha vida" — acredita a madame.

Dito e feito. Marta dá uma entrevista à Eliane Catanhêde, a moça da "massa cheirosa", tucana replicadora dos interesses dos magnatas bilionários de todas as mídias cruzadas, que recentemente foi demitida pela Folha de S. Paulo e automaticamente contratada pelo Estadão, dois jornais cúmplices e cooperadores dos 21 anos de ditadura civil e militar, que há 20 anos formam a base de sustentação do PSDB de São Paulo e de quem mais se juntar a seus interesses políticos, ideológicos e econômicos.

E, ferro na boneca. Marta abriu o bocão, rasgou a bandeira e subiu nos tamancos. Em parceria com a Catanhêde, a madame abre as cortinas de estreia da "massa cheirosa" no jornal da família Mesquita. Grupo familiar e financeiro tão reacionário que até hoje comemora a derrota de 1932, uma tentativa de golpe contra a Revolução de 1930 liderada pelo grande estadista e trabalhista Getúlio Vargas. Este, sim, um autêntico revolucionário até hoje odiado pela burguesia brasileira, aquela que foi a última no planeta a libertar os escravos.

O ódio aos trabalhistas é tão grande por parte da Casa Grande, que São Paulo, uma das cinco maiores cidades do mundo, com cerca de 12 milhões de habitantes não tem uma única rua com o nome do estadista, que a história e o povo brasileiro se recusam a esquecê-lo mesmo depois de 60 anos após sua morte. São Paulo é separatista. Ponto! Sua burguesia é uma das mais perversas e reacionárias do mundo. Em terras bandeirantes foi onde o DOI-CODI realmente vicejou e levou suas garras assassinas para o restante do Brasil.

Marta não se fez de rogada. E esbravejou, por intermédio de ataques à presidenta Dilma Rousseff, ao Ruy Falcão, presidente do PT, ao ministro da Cultura, Juca Ferreira, e ao ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Ela está realmente com fome de vingança e completamente entregue aos sentimentos de rancor e ódio.

Marta lembra Helena, que lembra Cristóvam, que lembra Marina, que lembra traição (definitiva) ao abraçar a candidatura tucana de Aécio Neves. São (ex)esquerdistas sem fundamentação ideológica e conhecimento programático. Faltam-lhes discernimento sobre a história do nosso povo e consciência política sobre os fatos e os acontecimentos que ora vicejam no Brasil.

Políticos que, a debalde, entregaram-se a devaneios pessoais, a ilusões alimentadas pela vaidade, e, consequentemente, tornaram-se "rebeldes" sem causa, porque se aliaram, voluntária ou involuntariamente, aos interesses da direita brasileira, que se resume a concentrar renda, a negar a emancipação social e econômica da população e assim manter, de forma indefinida, os interesses do establishment.

São pessoas egocêntricas e por isso consideram suas existências políticas acima dos interesses da Nação, bem como da luta dos socialistas, dos trabalhistas, dos comunistas e de seus aliados de todos os tempos, no que tange a enfrentar o status quo conquistado através dos séculos por uma burguesia que pensa que a Casa Grande é o bálsamo e o baluarte deste País, quando a verdade é a de que o povo trabalhador construiu esta Nação, a ferro e fogo, além de protegê-la e defendê-la como berço de sua vida.

Marta Suplicy é uma traidora, além de ser uma pessoa dada à politicagem e a futricas. Ousada, porque não pondera, tentou colocar em xeque a candidatura Dilma em prol de Lula, sendo que o líder trabalhista sempre deixou claro que apoiava a candidatura à reeleição da presidenta. Inacreditável a desfaçatez e a falta de sensibilidade de uma política que foi senadora e prefeita de São Paulo.

Atacou duramente seu sucessor no Ministério da Cultura, porque sabe, de antemão, que a administração de Juca Ferreira não vai ser tão leniente quanto à dela, no que concerne a atender aos interesses corporativos da classe artística dominante e ideologicamente colonizada, aos lobbies das grandes empresas midiáticas e familiares, bem como vai distribuir melhor o dinheiro destinado ao cinema, ao teatro, às artes em geral, além de democratizar o acesso da população à cultura.

Enfim, Marta Suplicy voltou à sua mais tenra origem. Para concretizar sua vontade de trair, inventa desculpas esfarrapadas e critica até a política econômica do Governo Trabalhista. Simplesmente a política que distribuiu renda, criou empregos e inseriu os filhos dos pobres nas universidades públicas. Um pão com manteiga para as mídias dos magnatas bilionários de imprensa. Marta é Helena, que é Cristóvam, que é Marina. Marta também trai. É isso aí.