04 outubro 2014

Serra depõe sobre cartel dois dias após a eleição

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Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo rechaçou o engavetamento da investigação sobre suposto esquema na CPTM, determinado pelo procurador-geral Márcio Elias Rosa em fevereiro deste ano; procurador Sérgio Neves Coelho afirma que é prematuro o arquivamento do inquérito civil, pois falta a prova testemunhal; Serra alega que durante sua gestão não tomou conhecimento de qualquer cartel montado por empresas de transportes sobre trilhos

247 - Dois dias após as eleições, o atual candidato ao Senado por São Paulo José Serra (PSDB) tem encontro marcado com a Justiça. O ex-governador paulista está intimado a prestar depoimento sobre sua suposta participação no cartel de trens que desviou bilhões de reais dos cofres públicos do Estado entre 1988 e 2008.
O inquérito civil que apura o esquema foi arquivado há um mês, mas na última semana o procurador do Ministério Público Sérgio Neves Coelho ordenou que o processo fosse desengavetado. “Uma vez não esgotadas as diligências para apuração dos fatos, visto que pende colheita de prova testemunhal por parte da Polícia Federal, torna-se prematura a homologação de arquivamento”, disse Neves Coelho à revista Istoé, já disponível na versão online.
Para o procurador, Serra e outras 44 pessoas precisam ser ouvidas, já que ainda pairam duvidas se ele atuou a favor de empresas multinacionais que participaram do esquema. As suspeitas são baseadas em troca de e-mails e no testemunho do ex-diretor da Siemens Nelson Branco Marchetti, segundo documentos em poder da Justiça e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Marchetti é um dos seis lenientes que assinaram o acordo com o Cade. Ele afirmou ter se reunido com Serra em 2008 durante uma feira na Holanda e que o ex-governador teria lhe dito à época que, caso a Siemens conseguisse na Justiça desclassificar a empresa espanhola CAF em uma licitação de compra de trens, ele cancelaria a concorrência, pois o preço da multinacional alemã era 15% maior.
A reabertura do processo segue determinação do Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo, que rechaçou o arquivamento determinado pelo procurador-geral de São Paulo, Márcio Elias Rosa, em fevereiro deste ano.
Serra alega que durante sua gestão não tomou conhecimento de qualquer cartel montado por empresas de transportes sobre trilhos. Muito menos que teria incentivado o conluio, pois sempre atuava, segundo ele, a favor do menor preço.