Há
algo incongruente, paradoxal e fora do contexto conspurcando os votos destas
eleições.
Refiro-me as manifestações de junho de 2013. Começou com o movimento
MPL, em Sampa, contra o aumento de 20 centavos na passagem do ônibus. A partir
daí se espalhou por todo o Brasil. Surgiram várias novas reivindicações e
as principais, mais saúde e educação, foram atendidas pela presidente Dilma.
Mais saúde, com o programa Mais Médicos. Mais educação: a presidenta Dilma Rousseff
sancionou sem vetos a lei que destina 75% dos royalties do petróleo para
a educação e 25% para a saúde. Além disso, o texto prevê que 50% de todos os
recursos do Fundo Social do pré-sal sejam destinados para os dois setores,
Saúde e e Educação. Havia também manifestações contra a corrupção, e hoje
são as que mais chamam a atenção.
Em
Brasília, um partidário de Marina Silva chegou a tentar inc
endiar o
Itamaraty. Houve muita violência, depredação do patrimônio público e privado,
saques em lojas, feridos e mortes. Faixas e mais faixas contra a corrupção.
Mas
o que se viu nas eleições de 2014 foram corruptos e mais corruptos sendo
eleitos e reeleitos. Serra, por exemplo, envolvido com a corrupção do
Metrô, com o trensalão, com o desvio de de recursos das privatizações
(documentado no livro A Privataria Tucana), com depoimento na PF marcado para
7/10, foi eleito.
Maluf, mesmo cassado porque comprovadamente roubou os cofres
públicos de São Paulo, enviando o dinheiro para vários paraísos ficais, foi
reeleito mas não pode assumir.
O Arruda, no DF, que aparece em vídeos
recebendo propinas, estava na frente nas pesquisas eleitorais e só não foi
eleito porque, sabendo que perderia no STF, renunciou à candidatura.
Em
Rondônia o candidato Expedito JR., do PSDB, foi eleito Senador em
2006 mas teve seu mandato cassado três anos depois sob as acusações de
compra de votos e abuso de poder econômico. Tentou em 2010 a candidatura para o
governo de Rondônia, mas foi impedido pela Lei da Ficha Limpa: agora vai disputar
o 2º turno para governador de Rondônia.
Geraldo
Alckmin é um fenômeno à parte. Envolvido com a corrupção da Alstom,
cartel do metrô e da CPTM, com acusação comprovada de recebimento de propinas
por secretário de confiança e ao PSDB. Alckmin comprovadamente não investiu para criar reservatórios de água suficientes para abastecer os
paulistas e por isso já estamos sem água. Vai ser o” apagão
da água”. Alckmin tembém não investiu em segurança e a violência em SP
aumenta a cada dia. No entanto, foi reeleito. Alckmin aumentou os pedágios, que
já são os mais caros do Brasil, em 6,97%. Por causa do arredondamento de
tarifas previsto em contratos, o reajuste deste ano chega, na prática, a até
8,57%, dependendo da praça de pedágio. Ninguém se manifestou, todo mundo paga
calado. E faz manifestação por 20 centavos nos ônibus? Então
por que fazer manifestações de combate a corrupção, se elegeram e reelegeram os
mais corruptos do Brasil?
Jussara Seixas