Multinacionais de diferentes setores estão
encantadas com o mercado interno brasileiro; Apple, BMW, General Mills e
Forever 21, assim como o grupo investidor Pimco, elogiam à agência
Bloomberg a força da economia nacional; "Quando o brasileiro começa a
consumir, é improvável que pare", definiu o presidente no país da
montadora alemã; "Obrigado", agradeceu, em mensagem aos consumidores
brasileiros, o chefe da famosa empresa de computadores; a grife de
investimentos, por seu lado, está recomendando acreditar no Brasil; "Há
247 – O Brasil é um país diferenciado. Apesar de
toda a discussão interna a respeito da política econômica, no mundo a
visão de investidores e responsáveis por grandes multinacionais é a de
que vale – e muito – investir aqui. O motivo é simples: dá retorno.
Essa é a constatação de uma reportagem feita por quatro jornalistas
seniors da agência Bloomberg, a mais renomada do mundo em assuntos
econômicos. No trabalho, os profissionais da Bloomberg ouviram
responsáveis por multinacionais de setores diferentes e uma grande
empresa de investimentos para ter um retrato amplo sobre as impressões
extraídas de quem tem negócios de grande porte no Brasil. A opinião
positiva foi unânime, com elogios generalizados à pujança do mercado
interno nacional.
Após citar o ceticismo do fundador da gigante de computadores Apple,
Steve Jobs (1955-2011), sobre as condições para se operar uma companhia
no Brasil, em razão de impostos e tributos, a reportagem mostra que a
visão atual da companhia é outra:
- Obrigado a todos que visitaram a nossa nova loja, twitou em
fevereiro, o presidente Tim Cook, após 1.700 pessoas se aglomerarem em
um shopping do Rio para a abertura da primeira loja da Apple na América
Latina. "Somos brasileiros, com muito orgulho com muito amor", cantavam
seus funcionários vestidos com camisetas azuis, adaptando uma música
ouvida em estádios e bares durante jogos da seleção brasileira de
futebol, narra o texto da agência americana intitulado O Brasil pode se
recuperar? A resposta, para os executivos das multis, é 'sim'.
- Empresas, tão diversas como a Forever 21 Inc., conhecida por
roupas femininas baratas e da moda, e a montadora de carros de luxo
Bayerische Motoren Werke AG, estão criando raízes este ano, acrescenta o texto, que segue:
- "O Brasil mudou", diz Arturo Pinheiro, chefe da BMW Brasil
Group, que está investindo 200 milhões de euros (US$ 276 milhões) em uma
montadora com previsão de inauguração para este ano em Araquari, no sul
do país. "Há alguns problemas, porém, com o foco correto, eles podem
ser resolvidos."
A grife de investimentos Pimco também foi procurada, resultando no seguinte relato no texto da Bloomberg:
- As mudanças na gigante comercializadora do título Pacific
Investment Management Co. reflete esta estabilidade. Em janeiro, a Pimco
exasperou sobre o Brasil. O fundador, Bill Gross, disse que o país
deixou de ser um mercado emergente preferencial. Alguns meses mais
tarde, uma equipe de analistas de crédito da Pimco visitou o país e
voltou com um ponto de vista completamente diferente. O pessimismo iria
impulsionar mudanças, disse Mark Kiesel, diretor vice-presidente de
investimentos da Pimco, em um relatório de abril. E se este fosse o
caso, investidores estavam subestimando a capacidade do Brasil: uma
grande base de recursos, um governo democrata e demografia favorável,
incluindo uma média de idade de 30,7, quando comparado com 46,1 na
Alemanha e Japão, e 37,6 nos EUA. "Resumindo, há um momento de pegar a
estrada menos percorrida, quando muitas más notícias são consideradas",
escreveu Kiesel.
Há informações, no texto, sobre mudanças para um patamar mais alto da
renda média dos brasileiros, transmitidas diretamente por executivos de
uma multinacional de alimentos, a General Mills:
- Após as rendas mensais médias quase dobrarem de 2006 a 2012,
famílias brasileiras puderam adquirir mais do que apenas itens básicos.
As vendas de alimentos embalados cresceram 9% por ano no país nos
últimos 5 anos, e o setor pode acrescentar outros $75 bilhões em vendas
até 2018, estima Sean Walker, presidente da General Mills Inc., da
América Latina, a fabricante de Cheerios com base em Minneapolis.
O mais conhecido empresário brasileiro do setor de comércio alimentício foi ouvido na reportagem:
- "Não temos motivo algum para nos preocupar", diz Abílio Diniz,
que transformou uma rede de supermercados no maior varejista do país e é
agora o bilionário presidente da BRF SA, a maior produtora de alimentos
do Brasil. "Este país tem fundamentos sólidos."
A agência entrevistou economistas e chegou às seguintes projeções de investimentos:
- A última contenção é notavelmente otimista: Economistas
pesquisados pela Bloomberg estimam um crescimento de 1,8% em 2014, 2% em
2015 e 2,7% em 2016.
Pode não ser muito, mas parece o suficiente para que as
multinacionais continuem acreditando que, para quem quiser investir, o
Brasil promete e dá retorno.