16 maio 2014

#naovaitercopa mostra minoria violenta e falha

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No eixo Rio-São Paulo, adeptos do #naovaitercopa aparecem em duas manifestações com menos de mil pessoas cada uma; black blocks presentes; houve brigas na avenida Paulista, com confronto entre PMs e manifestantes; mas carona em greves e atos sindicais não deu certo do ponto de vista político; rodoviários do Rio, por exemplo, recuaram para não serem confundidos com lúmpens mascarados; movimento não juntou 100 pessoas em Brasília; #copadascopas ganhou sem jogar; violência de black blocs não tem respaldo nas ruas
247 – A partir das 17h desta quinta-feira 15, as duas maiores cidades do Brasil voltaram a ficar reféns de minorias. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, avenidas vitais como a 23 de Maio e a Presidente Vargas foram fechadas, respectivamente, por uma  passeata de, no máximo, cinco mil professores e pouco mais de mil manifestantes do #naovaitercopa. Outra minoria, a dos PMs e bombeiros, praticamente criou as condições para que, em Pernambuco, durante todo o dia, a capital Recife viesse a ser saqueada e incendiada em razão da completa falta de segurança. Até mesmo após a chegada das tropas da Força Nacional, a cidade continuava mergulhada na mais absoluta intranquilidade, com suspensão de aulas em todas as escolas e universidades. Um retrato pronto e acabado do caos.
As três cidades somam mais de 20 milhões de habitantes, mas grupos minúsculos conseguiram, mais uma vez, instalar um clima de tensão. Em São Paulo, às 18h50, policiais militares prenderam 29 homens que tinha máscaras de black blocs. Uma passeata com cerca de 2 mil professores já se aproximava da Prefeitura da cidade, onde uma manifestação estava programada. No Rio, os rodoviários em greve fizeram questão de não se misturar com os manifestantes do #naovaitercopa, que rumavam, às 19h, para a Prefeitura da cidade. Eram pouco mais de 600.
Na quinta-feira de protestos, tido como um dia de teste tanto para o chamado movimento #naovaitercopa como para os adeptos do #copadascopas, o que ficou claro, de início, é que o primeiro grupo é, efetivamente, minúsculo. Houve farta convocação, mas a verdade é que por esta bandeira específica pouca gente se mobilizou. Pegar carona em greves e passeatas sindicais, para aproveitar o evento fazer quebra-quebras, nada tem a ver com mobilização. É apenas o mais rasteiro oportunismo. Igualmente não engrossa o #naovaitercopa o que houve em Recife, que mostrou o lado explosivo da falta de segurança, com os saques e toda a violência.
Em Brasília, integrantes do Comitê Popular da Copa saíram da Rodoviária do Plano Piloto, no centro, em direção ao Estádio Nacional Mané Garrincha. O ato conta com reforço de partidos políticos e sindicatos. A manifestação segue pacífica, sem incidentes. Segundo Thiago Ávila, integrante do Comitê Popular da Copa, este é apenas o primeiro de uma série de protestos na capital federal. “Planejamentos atos em todos os dias de jogos em Brasília, sempre com um foco de protesto diferente”, declarou.
Em Belo Horizonte, o protesto contra a Copa do Mundo reúne cerca de mil pessoas. Com faixas com críticas ao torneio e demandas relacionadas ao transporte público, entre outros temas, os manifestantes se reuniram na praça Raul Soares e seguiram pela avenida Amazonas até a praça Sete, epicentro da capital mineira. No início do protesto, segundo a Polícia Militar, havia cerca de 600 pessoas, que se juntaram a servidores municipais em greve que já esperavam na praça Sete. Sindicalistas, servidores públicos e jovens ligados a movimentos de demandas no transporte público estavam entre os manifestantes na capital mineira.
Em Salvador, devido a fortes chuvas, a manifestação contra os gastos com a Copa do Mundo atraiu poucos participantes. Segundo Argemiro Ferreira de Almeida, um dos organizadores do ato e integrante da Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa, o ato ocorre na Praça da Piedade com a participação de um pequeno grupo. Outros manifestantes devem seguir em passeata até a Arena Fonte Nova, que vai sediar jogos do Mundial. Para Almeida, apesar dos poucos participantes, o protesto é importante.
Em Recife, a violência esteve ligada diretamente à greve deflagrada nesta terça-feira (13) por policiais e bombeiros militares. Saques, arrastões, depredações e assaltos foram registrados em praticamente todos os bairros da Região Metropolitana do Recife (RMR). O comércio fechou as portas mais cedo e os funcionários foram dispensados no final da manhã. A população evitou sair às ruas com medo da violência.
Apesar de tropas da Força de Segurança Nacional e do Exército iniciarem a ocupação de pontos estratégicos e iniciarem o patrulhamento em diversos pontos da RMR, o clima de insegurança permaneceu. Na Avenida Conde da Boa Vista, um dos principais pontos de comércio do Recife e uma das principais artérias viárias da capital, no centro da cidade, as lojas foram fechadas e a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) cobrou medidas urgentes do governo para poder retomar as atividades.
No bairro da Imbiribeira, na Zona Sul do Recife, o comércio também fechou as portas mais cedo. Em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, boa parte do comércio amanheceu fechada, bem como em outros municípios, como Arcoverde, no Sertão de Pernambuco.
Os casos de maior repercussão, porém foram registrados na RMR. Na tarde desta quarta-feira (14), um grupo promoveu saques e arrastões na BR-101, no município de Abreu e Lima. Motoristas foram assaltados e obrigados a pagar pedágio, lojas foram saqueadas e coletivos foram depredados e pelo menos um ônibus acabou incendiado pelos criminosos. Cerca de 300 pessoas participaram da ação.
Nesta quinta-feira a situação persistiu e se estendeu para o vizinho município de Paulista. Em Jaboatão dos Guararapes guardas municipais bloquearam o acesso ao bairro de Prazeres em função dos arrastões que foram registrados no local. Até a tarde desta quinta-feira, cerca de 170 pessoas foram presas em diversos pontos da RMR por atos criminosos em apenas dois dias de paralisação da Polícia Militar. A greve acabou no início da noite.
Abaixo matéria da Agência Brasil sobre confronto em SP:
Manifestantes e PM entram em confronto em protesto contra gastos da Copa em SP
Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil*
Policiais e manifestantes entraram em confronto por volta das 19h de hoje (15) durante protesto contra os gastos da Copa do Mundo, em São Paulo. A Polícia Militar disparou bombas de gás lacrimogêneo contra a multidão, que caminhava pela Rua da Consolação, no centro da capital.
Houve bastante tumulto e corre-corre. Um grupo de manifestantes pichou alguns portões e tentou invadir uma loja. Em resposta à ação da polícia, militantes fizeram uma barricada na Rua da Consolação, ateando fogo a sacos de lixo. Neste momento, os líderes do ato tentam continuar com o protesto, que é parte do Dia Internacional de Lutas contra a Copa e foi organizado pelo Comitê Popular da Copa em São Paulo.
O ato foi marcado para as 17h, na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista. Os manifestantes ficaram concentrados por cerca de duas horas no local, até que saíram em caminhada pela Rua da Consolação, onde o confronto teve início. O grupo pretende seguir em direção ao estádio do Pacaembu, único estádio público da capital. Segundo a Polícia Militar, cerca de 1,2 mil pessoas participam da manifestação.
Antes que a caminhada começasse, a Polícia Militar informou ter detido 20 pessoas, suspeitas de aderir à tática black bloc, que estariam portando coquetéis-molotovs e martelos. Os manifestantes foram detidos na Rua Augusta e acredita-se que eles iriam participar do ato contra a Copa.
* Colaborou Elaine Patricia Cruz