Como se temia entre os tucanos paulistas e se
previa entre os técnicos, São Paulo vive o momento mais próximo de um
racionamento de água; sistema Cantareira, que também abastece Campinas,
desce ao menor nível histórico; chuvas esperadas para o Carnaval não
chegaram; governador Geraldo Alckmin investe nos descontos nas contas de
poupadores e em campanhas contra o desperdício; mas a questão para ele
é: será o suficiente para evitar o fechamento das torneiras e o
consequente desgaste político?; adversários Paulo Skaf (PMDB), Gilberto
Kassab (PSD) e Alexandre Padilha (PT) não têm motivos políticos para
rezar a São Pedro por chuvas
247 – Assim como a oposição à presidente Dilma
Rousseff aposta na hipótese de racionamento de energia para tirar pontos
dela nas pesquisas de intenção de votos, os adversários do governador
Geraldo Alckmin em São Paulo não têm motivos políticos para desejar que a
atual estiagem passe e afaste o risco de racionamento de água no maior
Estado da Federação.
Há um consenso em torno da ideia de que a interrupção do
abastecimento normal de água em São Paulo atingirá o prestígio de
Alckmin, até aqui o favorito para vencer as eleições de outubro ao
Palácio dos Bandeirantes. Candidato à reeleição, ele seria acusado de
falta de planejamento.
Sem terem criado grandes fatos políticos até aqui, os pré-candidatos
Paulo Skaf, do PMDB, Gilberto Kassab, do PSD, e Alexandre Padilha, do
PT, também ainda não encaixaram um discurso oposicionista que faça
efeito na queda de intenções de voto do governador. A seca nas torneiras
viria a calhar.
O próprio Alckmin parece reconhecer esse risco, tanto que vai
sustentando uma posição tecnicamente cada vez mais difícil. Contrário ao
racionamento como forma de compensar o rebaixamento a níveis históricos
nos reservatórios do sistema Cantareira, Alckmin acredita que as
medidas de incentivo à economia de água entre a população vêm dando
resultado.
- O incentivo nas contas de água tem dados os resultados esperados,
disse o governador em entrevista na sexta-feira 7. Ele vai continuar
apostando no bônus econômicos e nas campanhas educativas contra o
desperdício para evitar tomar a medida considerada mais dura.
A previsão de técnicos de que São Paulo chegaria ao final do Carnaval
no limite de sua capacidade de abastecimeto de água se confirmou. Sem a
chegada de chuvas previstas para o período, o sistema Cantareira desceu
na quinta-feira 6 ao seu nível histórico mais baixo, de 16%.
- Racionar água é uma decisão que vai ter que ser tomada agora em
março, não dá para adiar mais, diz o presidente executivo do Instituto
Trata Brasil, Edson Carlos. "Já há pequenos cortes de abastecimento em
cidades como Itú e Sorocaba, e a tendência é que isso se amplie".
Ninguém parece ter melhores motivos políticos do que Alckmin para pedir a São Pedro.