16 fevereiro 2014

Ligação de políticos a protestos pode dar em CPI

Fotos: Agência Câmara/Agência Brasil:
Líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ) pretende coletar assinaturas para uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista, a fim de investigar o envolvimento de partidos nas manifestações; em depoimento, Caio Silva de Souza, preso pela morte do cinegrafista Santiago Andrade, disse que manifestantes recebem dinheiro para ir aos protestos e que acredita que as siglas que pagam são as mesmas que levam bandeiras nos atos, como Psol e PSTU; "A dúvida que a sociedade quer ver esclarecida é quais são os diretórios regionais e partidos políticos ou parlamentares que estão por trás disso tudo", disse deputado
247 – A suspeita de que partidos políticos estejam envolvidos na organização de manifestações marcadas por atos de violência e vandalismo dos mascarados Black Blocs pode levar o Congresso a criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). O líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), já se prontificou a coletar assinaturas para a criação de uma CPI mista – com o trabalho conjunto da Câmara e do Senado – a fim de investigar a ligação.
A menção de que legendas estejam ligadas aos protestos foi feita por Caio Silva de Souza, preso pela morte do cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, em depoimento à polícia. Segundo ele, jovens recebem quentinhas e até dinheiro – segundo seu advogado, ele próprio recebeu R$ 150 – para irem a manifestações de rua. Caio disse ainda aos policiais que há pessoas encarregadas de distribuir pedras e outros instrumentos para a promoção da violência e do vandalismo.
"A dúvida que a sociedade quer ver esclarecida é quais são os diretórios regionais e partidos políticos ou parlamentares que estão por trás disso tudo", afirmou Eduardo Cunha. "Precisamos urgentemente de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso Nacional para que possamos investigar esse tipo de situação", acrescentou o parlamentar.
O apoio à ideia vem de grupos variados, conforme coloca reportagem da Agência Estado. Deputados petistas têm interesse em avançar na discussão com a expectativa de que se esvazie a onda de manifestações, beneficiando a presidente Dilma Rousseff nas eleições. Há ainda os políticos prejudicados, como o governador do Rio, Sérgio Cabral, que é do partido de Cunha e um dos principais alvos dos manifestantes.
Até mesmo deputados ligados às polícias se mostraram favoráveis à proposta. O deputado Fernando Francischini (Solidariedade), que é delegado da Polícia Federal, foi outro que se prontificou a coletar assinaturas na Câmara para a "CPI do Black Bloc". Caso a Comissão criada seja mista, pode ser instalada automaticamente, assim que obtiver o número de assinaturas necessário.
Caio cita Psol e PSTU
Em depoimento prestado a policiais da 17ª DP (São Cristóvão), nessa semana, Caio disse acreditar "que os partidos que levam bandeira [nas manifestações] são os mesmos que pagam os manifestantes". O jovem de 22 anos informou ainda já ter visto "bandeiras do PSol, PSTU e Fip (Frente Independente Popular), sendo esta um dos grupos que organiza reuniões plenárias" (leia mais aqui).