12 fevereiro 2014

Abril Educação à venda: o que restará da Abril?

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Bancos Itaú, de Roberto Setubal, e BTG Pactual, de André Esteves, saem a campo para vender Abril Educação; trata-se do setor da holding Grupo Abril S.A. que dá lucro; revistas naufragam nas vendas em bancas, assinaturas e publicidade; mercado entende que pacote inteiro está sendo oferecido pela  melhor proposta; como diz um amigo de Gianca Civita, presidente da holding familiar, "o negócio dele é mais andar de barco do que trabalhar"; redações em depressão; torre de papel dona da revista Veja pode ruir

247 – No que tem de melhor e mais rentável, o Grupo Abril está à venda. Notícia não desconfirmada pelos responsáveis da organização ao longo de toda esta terça-feira 11 apontou que a Abril Educação, braço da empresa que gastou cerca de R$ 1 bilhão nos últimos três anos para adquirir colégios em todo o País, pode ser comprada por quem se apresentar. O negócio de venda está a cargo dos bancos Itaú e BTG Pactual.
Diretor-presidente do Grupo Abril, cargo herdado de seu pai Roberto, Giancarlo Civita afirmou, dois meses atrás, em entrevista, que o braço educacional tornou-se o principal membro do esqueleto do grupo. Não desconfirmada, repita-se, a notícia de que a Abril Educação está à venda rebateu no mercado como a venda do próprio Grupo Abril, com suas mais de 50 publicações, entre elas a revista Veja.
Essa interpretação não é para menos. Ao jornal Valor Econômico, Gianca, como o herdeiro é conhecido, e o presidente no dia-a-dia Fábio Barbosa, ex-Santander, sublinharam que o foco do grupo estava mudando. O filho de Roberto chegou a dizer que o que seu avô, o sr. Victor, e seu pai, Roberto, tinham uma estratégia que ficou no passado, com suas manias por livros didáticos e revistas influentes. Para o herdeiro, o mundo dos negócios da Abril tem, hoje, novas cores.
Braço direito dele (ou cérebro?), o ex-banqueiro Barbosa admitiu, na mesma entrevista, que "a curva" de declínio nas vendas e publicidade das revistas era acentuada, o que demandava mais atenção para a áreas que resultavam em lucro. Esta área é a Abril Educação.
Num movimento frenético, o Grupo Abril passou, nos últimos três anos, a comprar cursinhos vestibulares, como o Anglo, e colégios, como o Pueri Domus, como quem busca bons tomates numa feira livre. A escola de ensino de idiomas Wise Up foi adquirida por cerca de R$ 100 milhões, nessa busca. Já são mais de 100 mil estudantes, neste momento, sob as asas da Abril. Todos pagam? Há inadimplência? Há lucro?
A estas interrogações, só quem se dispuser a negociar com os bancos credenciados poderá saber – e, ainda assim, usando de muito rigor.
O negócio do Grupo Abril, afinal, sempre foi o verniz. Criou-se uma áura não contestada, até o surgimento da internet com suas verdades, de que ali estavam os melhores, mais inteligentes e preparados profissionais do País. Bastou um sopro de vida real, no entanto, para que esse angu revelasse outros ingredientes.
Com a morte de Roberto Civita e a chegada à direção de seu filho Gianca, o destino do Grupo Abril ganhou ares de dramalhão mexicano.
Abril Educação, quem vai querer?