26 novembro 2013

Trensalão: por que a imprensa não envia ninguém à Suíça?


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Ricardo Kotscho fala sobre o imbróglio do trensalão, e cobra da grande imprensa mais empenho para cobrir um dos maiores escândalos de corrupção da história de São Paulo.
Trecho: “Enquanto isso, os principais veículos que se dedicam ao jornalismo investigativo poderiam mandar seus jornalistas para a Suíça, que parece mais interessada nas investigações, sem receber apoio das autoridades brasileiras, e às sedes europeias da Siemens e da Alstom, as principais empresas envolvidas no caso, e que já admitiram a participação no esquema de carteis. Custa mais barato, por exemplo, do que mandar um enviado especial para a região de Gaza ou para acompanhar os jogos do time de Felipão no exterior.
Eu acrescentaria: é mais barato também do que mandar dezenas de jornalistas para a Itália, atrás de um foragido da justiça. Na Suíça e no Brasil, há informações concretas e suspeitos que ocupam altos cargos políticos.
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Novela do Trensalão fica cada vez mais enrolada


Por Ricardo Kotscho, em seu blog.
A semana chega ao fim sem se saber o que há de concreto nas denúncias publicadas esta semana por toda a imprensa, a partir de uma reportagem do Estadão, que pela primeira vez envolve nomes do alto tucanato no caso do Trensalão, o esquema de carteis e propinas que há anos ronda os governos do PSDB em São Paulo.
Ao contrário, a cada dia o caso fica mais enrolado, com acusações mútuas entre PT e PSDB, a partir das idas e vindas do principal denunciante, o ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer, que agora alega não ter assinado o documento entregue à Polícia Federal pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e não pelo Cade, como a princípio se noticiou.
No relatório que encaminhou ao PT no dia 17 de abril, Rheinheimer afirma ter em seu poder uma série de documentos originais, “que provam um forte esquema de corrupção no Estado de São Paulo durante os governos Covas, Alckmin e Serra, e que tinha como objetivo principal o abastecimento do Caixa 2 do PSDB e do DEM”.
Sete meses depois, não apareceu até agora nenhuma prova ou documento para sustentar as acusações do ex-diretor. Agora, quem quer esclarecer tudo é o PSDB. Neste sábado, no Rio, o presidenciável tucano Aécio Neves cobrou do ministro Cardozo esclarecimentos sobre seu envolvimento no caso que apura as denúncias do Trensalão.
“Meu partido defende que qualquer denúncia seja apurada com rigor, mas não pode haver precipitações, pré-julgamentos e muito menos a utilização da estrutura do Estado para um projeto político”. Para o presidente do PSDB, “trata-se de um “atentado à democracia. O que temos percebido no Brasil é a utilização das instituições de Estado para um projeto político. Isso é extremamente grave, jamais aconteceu antes”.
Em resposta, o ministro da Justiça afirmou que não há uso político do caso. “O Cade vive hoje uma situação semelhante à da PF. Quando você investiga aliados, se afirma que é um órgão que o ministro e a presidente não controlam. Quando você investiga adversários, fala-se que é instrumentalização (…) Qual é o papel do ministro da Justiça? É mandar apurar, com sigilo. Se não faço isso, prevarico”. Segundo Cardozo, a PF vai apurar o vazamento das investigações, que deveriam correr em caráter de sigilo.
Enquanto isso, os principais veículos que se dedicam ao jornalismo investigativo poderiam mandar seus jornalistas para a Suíça, que parece mais interessada nas investigações, sem receber apoio das autoridades brasileiras, e às sedes europeias da Siemens e da Alstom, as principais empresas envolvidas no caso, e que já admitiram a participação no esquema de carteis. Custa mais barato, por exemplo, do que mandar um enviado especial para a região de Gaza ou para acompanhar os jogos do time de Felipão no exterior.

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