29 novembro 2013

A confusão no escândalo Siemens-Alstom só serve para proteger os culpados

É inacreditável a paralisia das instituições policiais e do Ministério Público diante da brincadeira de esconde-esconde – definição perfeita de Janio de Freitas, hoje, na Folha – que virou a apuração do caso de corrupção no sistema de trens e Metrô de São Paulo e, também, do Distrito Federal.
Porque a falta de informações oficiais sobre tudo o que há meses vem sendo dito nos jornais dá espaço para cenas patéticas como a de Aécio Neves e a cúpula do PSDB acusarem o Cade e, agora, o Ministro da Justiça, de estarem manipulando testemunhos e provas, testemunhos e provas que apontam, indiscutivelmente, para favorecimento, ao longo de anos e anos e três governos “diferentes” (Covas, Alckmin e Serra), de  várias empresas – lideradas pela Siemens e pela Alston, nos contratos firmados com o Estado de São Paulo.
E, que eu não omita, com o Distrito Federal, do ex-queridinho dos tucanos José Roberto Arruda, conhecido, nos documentos, como “Mister Siemens”.
Desde a pantomima de Geraldo Alckmin anunciando que ia pegar de volta todo o dinheiro e que o Cade estava “atrapalhando” ao não entregar a documentação à tentativa da cúpula do PSDB de querer culpar o abúlico Ministro de Justiça, José Eduardo Cardoso, por uma  manipulação de documentos – na verdade são três documentos diferentes, com conteúdos parecidos – tudo está virando um bate-boca, quando já deveria ser, a esta altura, no mínimo, um inquérito policial.
Some-se a isso a incrível história dos papéis “esquecidos” numa gaveta errada, contada pelo Procurador Rodrigo de Grandis e temos aí uma história que envergonha o nosso país, quando este caso das duas empresas já teve investigação, julgamento e punição na Alemanha e nos Estados Unidos, além do processo na Suíça que o nosso ilustre membro do MP engavetou.
Sendo assim, não admira que o presidente da filial da Alstom no Brasil tenha dito que não pagou exceto os “serviços de consultoria” dos acusados de intermediar o esquemam ao depor na CPI da Câmara de São Paulo.
A essa altura, é ridículo alegar qualquer necessidade de sigilo nas investigações. Não há um dos envolvidos que não esteja acompanhando tudo pelos jornais. A publicidade das apurações é, agora, um requisito indispensável para que as coisas não transcorram num ambiente de tumulto que, como se sabe, só serve para inculpar inocentes e fazer escapar culpados.
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