15 agosto 2007


CUT reúne 20 mil trabalhadores em Brasília no Dia Nacional de Luta

Mais de 20 mil trabalhadores participaram nesta quarta-feira (15) em Brasília do Dia Nacional de Luta convocado e organizado pela CUT. A manifestação teve por objetivo a defesa e a ampliação dos direitos trabalhistas.

“Revigoramos nossas energias, demonstramos poder de convocação e reafirmamos nossa independência e autonomia para pressionar os patrões e o governo com o objetivo de afirmar a nossa pauta sobre a agenda dos perdedores das últimas eleições”, afirmou Artur Henrique, presidente da Central.

De acordo com o dirigente, a pressão dos trabalhadores deve ser exercida em várias frentes. “Mais do que um dia de mobilização, o que temos é uma jornada de lutas, que potencializa as várias iniciativas de distintas categorias por melhorias nas condições de vida e trabalho, seja pela redução da jornada, pelo combate à informalidade ou contra a limitação do direito de greve”.

Desde as primeiras horas da manhã, trabalhadores e trabalhadoras de várias categorias e Estados começaram a chegar em caravanas à Esplanada.

De capacete, os trabalhadores da construção civil ergueram faixas contra a Emenda 3 – que assalta direitos como o 13º, as férias e a aposentadoria - e em repúdio à terceirização, que vitima mais de 70% da categoria, conforme admitido pelos próprios empresários.

Há 78 dias em greve, funcionários das universidades brasileiras defendiam a necessidade da aceleração de uma política de recomposição salarial. Com bom humor, trabalhadores da alimentação desfilaram vestidos como frangos gigantes, empurrando uma cadeira de rodas com o trabalhador lesionado empunhando um cartaz com a frase: “Não agüentei o ritmo”.

Da mesma forma, foram lembrados os canavieiros que têm morrido por estafa no Estado mais rico do país, São Paulo. Vestida de verde, a delegação de trabalhadores da educação pública levantava bandeiras em defesa do Piso Nacional.

Agricultores familiares da Contag e da Fetraf destacavam a luta pela mudança no Índice de Produtividade da Terra e medidas de apoio à reforma agrária.

“Aperto” no Congresso
No ato político em frente ao Congresso, os manifestantes realizaram o prometido “abraço” ao Congresso Nacional, logo rebatizado pelos presentes como “aperto”. Após a revoada de bexigas vermelhas, teve início a sucessão de falas políticas de dirigentes de todos os ramos.

Artur Henrique fechou o ato, iniciando pelo informe dos resultados de uma audiência com o ministro Paulo Bernardo, ocorrida às 11h.

Ele relatou que o Ministério havia se comprometido com o atendimento de três reivindicações da Central. O envio da Convenção 151 ao Senado, para ratificação, será feito pelo governo até o dia 7 de setembro, no máximo.

Nesse período, o governo e uma representação de servidores federais vão elaborar o texto de emenda constitucional para adequar a legislação vigente à 151, de modo que ambos os textos estejam prontos no mesmo período. O PLP será revisto.

“Isso é decisão tomada, vamos fazer”, disse Paulo Bernardo durante a audiência. Informado de que o deputado Fernando Pimentel, relator do projeto na Câmara, dissera que esperava uma sinalização do governo, Bernardo telefonou-lhe.

Ficou marcado para a próxima semana o início das mudanças necessárias ao projeto.

Durante a audiência, ficou acertado também que a proposta de criação de fundações estatais será revista, a partir de debates setoriais, conforme acertado no dia anterior com o ministro José Gomes Temporão, da Saúde.

Bernardo garantiu que o governo vai estabelecer o processo de eleição direta de trabalhadores para o conselho de administração das empresas estatais.

“Aqui estão os incansáveis, os trabalhadores e suas entidades de luta. Temos imensos desafios pela frente. Os passos que demos nos últimos dias, em nosso processo de mobilização e negociação, representam avanços inegáveis. Mas há muito por fazer, por isso devemos nos manter mobilizados e não temos tempo para sentir cansaço”, finalizou Artur.
Portal do Mundo do Trabalho (www.cut.org.br)